São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2000


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Nas 'bodas de ouro' da era Luxemburgo, seleção pega Chile em Santiago
O 50º jogo, pelo equilíbrio

Juca Varella - 25.jun.00/Folha Imagem
O técnico Wanderley Luxemburgo, que hoje completa sua 50º partida no comando da seleção brasileira, se enrosca ao tentar empinar pipa em Teresópolis, em junho



Com quatro modificações no time titular, Brasil busca nas eliminatórias estabilidade perseguida desde setembro de 98


FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

A seleção brasileira de Wanderley Luxemburgo faz hoje, às 22h de Brasília, contra o Chile, em Santiago, pelas eliminatórias da Copa-2002, o seu 50º jogo.
Desde a estréia do treinador, no dia 23 de setembro de 1998, num amistoso contra a Iugoslávia que terminou empatado em 1 a 1, em São Luís (MA), já foram, incluindo as equipes principal e sub-23, jogos oficiais e amistosos, 49 partidas -com 33 vitórias, 12 empates e 4 derrotas, um aproveitamento de 75,5% dos pontos disputados.
O número redondo de jogos que a "era Luxemburgo" atingirá hoje pode sugerir maturidade, estabilidade ou equilíbrio.
Mas, ao menos na seleção principal, a que entra em campo hoje, tudo isso continua sendo meta.
A partida contra o Chile poderá ser um divisor de águas na busca pela tranquilidade nas eliminatórias. O torneio sul-americano é a competição em que Luxemburgo mais teve problemas até agora desde que assumiu o time nacional, em substituição a Mario Jorge Lobo Zagallo.
Seja por deficiência técnica, contusões ou suspensões, o técnico não conseguiu repetir a mesma escalação em nenhuma das seis partidas que o Brasil realizou.
Hoje à noite, no Estádio Nacional de Santiago, não será diferente. A equipe titular escolhida por Luxemburgo terá quatro mudanças em relação àquela que derrotou a Argentina por 3 a 1, em 26 de julho, no estádio do Morumbi.
As novidades serão o zagueiro Edmílson, do São Paulo, o meia Ricardinho, do Corinthians, o volante Marcos Assunção, da Roma, e o atacante Amoroso, do Parma.
Eles substituirão, respectivamente, Roque Júnior (Milan), Zé Roberto (Bayern Leverkusen), ambos contundidos, Vampeta (Corinthians) e Ronaldinho (Grêmio), estes últimos suspensos pelo segundo cartão amarelo.
A seleção realizou apenas um treino para a partida, anteontem, em Teresópolis. A delegação brasileira chegou no início da tarde de ontem a Santiago. Cansados -acordaram às 6h para viajar-, os jogadores dormiram durante a tarde (a entrevista coletiva programada foi cancelada) e, à noite, fizeram o reconhecimento do gramado do Estádio Nacional.
Pelos desfalques e pelo pouco tempo de treino, Luxemburgo afirmou que não tem como garantir uma repetição da atuação contra a Argentina.
O técnico afirmou que o desempenho de sua seleção na partida de hoje é uma incógnita.
As mudanças na equipe titular ocorrerão nos três setores do campo, mas é no ataque que está o grande problema do Brasil nas eliminatórias.
Nenhum jogador escalado para o setor conseguiu fazer gols. O artilheiro do time na competição é o meia-atacante Rivaldo, com quatro gols, todos marcados quando ele atuou no meio-campo.
Como já ocorrera na partida contra a Argentina, hoje Rivaldo atuará no ataque, ao lado de Amoroso.
Mesmo que os atacantes não consigam pôr fim ao jejum, uma boa apresentação do Brasil hoje significará a consolidação da reação nas eliminatórias.
Depois de perder por 2 a 1 para o Paraguai, no mês passado, em Assunção, iniciando uma crise interna no grupo de jogadores e piorando a popularidade de Luxemburgo, a seleção começou a se redimir com a boa vitória sobre a Argentina no Morumbi.
Na ocasião, a torcida de São Paulo, que na primeira partida vaiara a equipe, incentivou o time nacional durante todo o jogo.
Um bom resultado em Santiago deixará, ainda, a seleção mais próxima dos argentinos na tabela de classificação.
O Brasil está em segundo lugar, com 11 pontos. A Argentina, que amanhã recebe o Paraguai, em Buenos Aires, lidera sozinha, com 15 pontos. Havia vencido os seus cinco jogos nas eliminatórias até ser batida no Morumbi.
O Chile está fora da zona de classificação. Com sete pontos, ocupa o sexto lugar, ao lado do Equador.
Quatro seleções se classificam para a Copa do Mundo de 2002, na Coréia do Sul e no Japão.
O quinto colocado nas eliminatórias sul-americanas -que são as mais longas da história, prosseguindo até novembro do próximo ano- disputará uma vaga na repescagem com um representante da Oceania.
A conquista do Mundial de 2002 foi a principal designação dada pela Confederação Brasileira de Futebol a Luxemburgo em 12 de agosto de 1998, quando ele foi anunciado como o substituto de Zagallo. A segunda missão do técnico é a conquista da inédita medalha olímpica nos Jogos de Sydney, no mês que vem.
No último sábado, quando a seleção olímpica derrotou o Chile por 3 a 0, em Florianópolis, Luxemburgo completou exatos dois anos no cargo.
Embora muitos o considerem demasiadamente arrogante, Luxemburgo afirmou que tem considerado a experiência à frente da seleção a mais enriquecedora de sua carreira.
Sob o seu comando a seleção já conquistou a Copa América-99, com o time principal, e o Pré-Olímpico de Londrina, no início deste ano, com a equipe olímpica.
Segundo Luxemburgo, as melhores apresentações da seleção na sua gestão foram em duas vitórias contra a Argentina (4 a 2 num amistoso em Porto Alegre, em setembro de 1999, e os 3 a 1 do mês passado no Morumbi) e outra contra o Uruguai (3 a 0, na decisão da Copa América).


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