São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2000 |
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Nas 'bodas de ouro' da era Luxemburgo, seleção pega Chile em Santiago O 50º jogo, pelo equilíbrio
FÁBIO VICTOR DA REPORTAGEM LOCAL SÉRGIO RANGEL ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO A seleção brasileira de Wanderley Luxemburgo faz hoje, às 22h de Brasília, contra o Chile, em Santiago, pelas eliminatórias da Copa-2002, o seu 50º jogo. Desde a estréia do treinador, no dia 23 de setembro de 1998, num amistoso contra a Iugoslávia que terminou empatado em 1 a 1, em São Luís (MA), já foram, incluindo as equipes principal e sub-23, jogos oficiais e amistosos, 49 partidas -com 33 vitórias, 12 empates e 4 derrotas, um aproveitamento de 75,5% dos pontos disputados. O número redondo de jogos que a "era Luxemburgo" atingirá hoje pode sugerir maturidade, estabilidade ou equilíbrio. Mas, ao menos na seleção principal, a que entra em campo hoje, tudo isso continua sendo meta. A partida contra o Chile poderá ser um divisor de águas na busca pela tranquilidade nas eliminatórias. O torneio sul-americano é a competição em que Luxemburgo mais teve problemas até agora desde que assumiu o time nacional, em substituição a Mario Jorge Lobo Zagallo. Seja por deficiência técnica, contusões ou suspensões, o técnico não conseguiu repetir a mesma escalação em nenhuma das seis partidas que o Brasil realizou. Hoje à noite, no Estádio Nacional de Santiago, não será diferente. A equipe titular escolhida por Luxemburgo terá quatro mudanças em relação àquela que derrotou a Argentina por 3 a 1, em 26 de julho, no estádio do Morumbi. As novidades serão o zagueiro Edmílson, do São Paulo, o meia Ricardinho, do Corinthians, o volante Marcos Assunção, da Roma, e o atacante Amoroso, do Parma. Eles substituirão, respectivamente, Roque Júnior (Milan), Zé Roberto (Bayern Leverkusen), ambos contundidos, Vampeta (Corinthians) e Ronaldinho (Grêmio), estes últimos suspensos pelo segundo cartão amarelo. A seleção realizou apenas um treino para a partida, anteontem, em Teresópolis. A delegação brasileira chegou no início da tarde de ontem a Santiago. Cansados -acordaram às 6h para viajar-, os jogadores dormiram durante a tarde (a entrevista coletiva programada foi cancelada) e, à noite, fizeram o reconhecimento do gramado do Estádio Nacional. Pelos desfalques e pelo pouco tempo de treino, Luxemburgo afirmou que não tem como garantir uma repetição da atuação contra a Argentina. O técnico afirmou que o desempenho de sua seleção na partida de hoje é uma incógnita. As mudanças na equipe titular ocorrerão nos três setores do campo, mas é no ataque que está o grande problema do Brasil nas eliminatórias. Nenhum jogador escalado para o setor conseguiu fazer gols. O artilheiro do time na competição é o meia-atacante Rivaldo, com quatro gols, todos marcados quando ele atuou no meio-campo. Como já ocorrera na partida contra a Argentina, hoje Rivaldo atuará no ataque, ao lado de Amoroso. Mesmo que os atacantes não consigam pôr fim ao jejum, uma boa apresentação do Brasil hoje significará a consolidação da reação nas eliminatórias. Depois de perder por 2 a 1 para o Paraguai, no mês passado, em Assunção, iniciando uma crise interna no grupo de jogadores e piorando a popularidade de Luxemburgo, a seleção começou a se redimir com a boa vitória sobre a Argentina no Morumbi. Na ocasião, a torcida de São Paulo, que na primeira partida vaiara a equipe, incentivou o time nacional durante todo o jogo. Um bom resultado em Santiago deixará, ainda, a seleção mais próxima dos argentinos na tabela de classificação. O Brasil está em segundo lugar, com 11 pontos. A Argentina, que amanhã recebe o Paraguai, em Buenos Aires, lidera sozinha, com 15 pontos. Havia vencido os seus cinco jogos nas eliminatórias até ser batida no Morumbi. O Chile está fora da zona de classificação. Com sete pontos, ocupa o sexto lugar, ao lado do Equador. Quatro seleções se classificam para a Copa do Mundo de 2002, na Coréia do Sul e no Japão. O quinto colocado nas eliminatórias sul-americanas -que são as mais longas da história, prosseguindo até novembro do próximo ano- disputará uma vaga na repescagem com um representante da Oceania. A conquista do Mundial de 2002 foi a principal designação dada pela Confederação Brasileira de Futebol a Luxemburgo em 12 de agosto de 1998, quando ele foi anunciado como o substituto de Zagallo. A segunda missão do técnico é a conquista da inédita medalha olímpica nos Jogos de Sydney, no mês que vem. No último sábado, quando a seleção olímpica derrotou o Chile por 3 a 0, em Florianópolis, Luxemburgo completou exatos dois anos no cargo. Embora muitos o considerem demasiadamente arrogante, Luxemburgo afirmou que tem considerado a experiência à frente da seleção a mais enriquecedora de sua carreira. Sob o seu comando a seleção já conquistou a Copa América-99, com o time principal, e o Pré-Olímpico de Londrina, no início deste ano, com a equipe olímpica. Segundo Luxemburgo, as melhores apresentações da seleção na sua gestão foram em duas vitórias contra a Argentina (4 a 2 num amistoso em Porto Alegre, em setembro de 1999, e os 3 a 1 do mês passado no Morumbi) e outra contra o Uruguai (3 a 0, na decisão da Copa América). Próximo Texto: Treinador "clona" Ronaldo para acabar com jejum Índice |
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