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FUTEBOL
Rudi Voeller, novo técnico da seleção alemã, aposenta figura histórica do futebol do país; função pode ser extinta
Crise da Alemanha detona crise do líbero
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O líbero está entrando em processo de extinção no futebol.
A partir de amanhã, a Alemanha, seleção que consolidou a figura do líbero moderno, aposenta
a função tática que, nos anos 70,
foi imortalizada por Franz Beckenbauer e, nos anos 90, foi herdada por Lothar Matthäus.
A decisão de Rudi Voeller, ex-atacante que assumiu a comissão
técnica da seleção alemã após a
Eurocopa-2000, é explicada pela
ausência de bons nomes para a
posição na Alemanha. Mas a crise
de grandes líberos atinge outros
países também, como a Itália.
A estréia de Voeller no comando da Alemanha será amanhã, em
amistoso contra a Espanha.
""Eu deixo claro que muitas coisas vão mudar", disse Voeller.
Desde a Copa de 1966, quando
Beckenbauer assumiu posto de
destaque na seleção alemã, o futebol do país priorizou um jogador
em seu esquema, um líbero com
capacidade de ajudar a defesa e
organizar a saída para o ataque.
A final do Mundial de 66 opôs,
curiosamente, Beckenbauer e
Bobby Moore, jogadores que desempenhavam tal papel.
O líbero foi criado pelos italianos, que tradicionalmente adotam a marcação homem-a-homem e destacam um jogador para
atuar na ""sobra" (atrás dos zagueiros). Os líberos italianos, diferentemente dos dos outros países,
pouco arriscam no ataque -o
maior exemplo foi Baresi, astro
do Milan nas décadas de 80 e 90.
Na Eurocopa-96, a Alemanha
conseguiu seu último título com
Sammer atuando como líbero. O
talentoso jogador, porém, sofreu
uma séria contusão no joelho e teve que abandonar o futebol.
Matthäus, que no título mundial de 90 jogava como armador,
foi recuado então para a posição
de líbero, seguindo o exemplo de
Beckenbauer (o ""Kaiser" chegou
até a jogar como centroavante).
Com pouca condição física,
Matthäus conseguiu se fixar na
função mesmo com 39 anos devido à sua grande técnica.
O jogador, porém, deixou a seleção alemã após a eliminação da
Eurocopa (fez o seu 150º e último
jogo pela Alemanha na derrota de
3 a 0 para a seleção de Portugal).
Voeller chamou para o amistoso com a Espanha 13 dos 18 jogadores alemães que atuaram na
Eurocopa-2000, mas pretende
mudar o esquema tático do time.
O jogador não definiu se pretende atuar com três ou com quatro
jogadores na defesa. Apenas optou pela aposentadoria do líbero.
A princípio, a Alemanha atuará
amanhã com três atletas na defesa: Rehmer, Nowotny e Heinrich.
Na Euro-2000, a Alemanha foi a
única seleção que baseou seu esquema no líbero. A Itália, que costuma cultuar a função, adotou
ferrenha marcação homem-a-homem, lembrando o futebol que
praticava na metade do século.
Após a aposentadoria de Baresi,
a seleção italiana experimentou
alguns jogadores na função de líbero, especialmente o lateral-esquerdo Maldini, mas nenhum
convenceu na posição.
A França, campeã mundial e européia, triunfou com dois zagueiros que já atuaram como líberos,
Blanc e Desailly, mas que jogam
hoje apenas como zagueiros.
A Holanda, que já teve Koeman
e até Gullit na função de líbero,
vem optando também por uma
dupla de zaga convencional:
Frank de Boer e Stam.
A Inglaterra continua presa ao
seu tradicionalismo e mantém
quatro jogadores fixos na defesa,
repelindo líberos, seja do estilo
alemão, seja do estilo italiano.
A Argentina, seleção sul-americana que mais aproveita esquemas europeus, também não usa
líberos hoje. O time do técnico
Marcelo Bielsa joga com três zagueiros: Ayala, Sensini e Samuel.
Com agências internacionais
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