MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A chinesa Li Du conquistou o primeiro ouro dos Jogos de 2004, na carabina de ar 10 m (tiro). Na arquibancada do Centro Olímpico de Markopoulo, compatriotas vestiam camisetas vermelhas e, com entusiasmo, gritavam: "A China vai vencer, a China vai vencer". A maioria, com casa, comida e roupa lavada pagas pelo governo do país.
Cerca de 3.000 chineses viajaram a Atenas para apoiar os atletas. O maior grupo partiu de Pequim -a distância entre as duas cidades é de 7.614 km.
Os turistas-torcedores foram levados à Grécia pelas companhias estatais chinesas. Eles terão acesso às principais provas com competidores do país.
O mais novo gigante econômico global possui 159 mil estatais. Elas empregam 85 milhões de pessoas e formam um patrimônio de US$ 1,4 trilhão, o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) nacional.
Na lista das 500 maiores empresas do mundo, editada anualmente pela revista "Fortune", a China aparece com 15 delas, sendo 14 estatais.
Existem três grandes motivações para que essas companhias enviem representantes para Atenas.
A primeira é tentar fazer publicidade indireta. Algo como a campanha de marketing desenvolvida há alguns anos pelo Banco do Brasil nos ginásios, colorindo de amarelo as arquibancadas em jogos das seleções de vôlei -nesta Olimpíada, aliás, a instituição está distribuindo camisetas com a inscrição "Brilha Brasil" (BB, a marca do banco) para os torcedores na Grécia.
A segunda é formar profissionais com experiência em Jogos Olímpicos, uma vez que a capital chinesa irá abrigar o evento em 2008, o que abre um manancial de oportunidades no mundo dos negócios.
Por fim, mas não menos importante, os viajantes devem dar suporte à China, para que consiga avançar no quadro de medalhas.
Wu Shouhang, vice-presidente do comitê olímpico chinês, disse que o apoio da torcida será essencial: "Nosso alvo é conseguir pelo menos 20 medalhas de ouro. Nossos atletas melhoraram muito neste ano e, o que é mais importante, haverá muita gente de nossa terra para animá-los".
Não há estimativa de custos para o deslocamento dos chineses até a capital grega.
O investimento para mostrar a Olimpíada aos chineses que ficaram em casa também supera o feito em Sydney-2000. A Televisão Central Chinesa (CCTV) despachou uma equipe de 160 pessoas a Atenas para cobrir as competições.
Seis linhas de satélite foram alugadas para transmitir 1.400 horas de programação e mais de 2.200 eventos -o dobro de quatro anos atrás.



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