São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Do softbol sai a musa que salva marqueteiros americanos

DO ENVIADO A ATENAS

Jennie é californiana, loira, olhos azuis, 1,85 m, 79 kg. Freqüenta a igreja, conhece linguagem gestual, tem dois poodles e um yorkshire e vai casar em outubro. No ano passado, foi eleita a atleta mais sexy do mundo pelo site da ESPN. Para completar, é favoritíssima ao ouro olímpico.
O pacote parece perfeito e nem o fato de ela jogar um esporte pouco popular, o softbol, atrapalha os planos dos marqueteiros americanos. Jennie Finch, 23, não foi escolhida só como a musa dos Jogos. Já é, também, a "salvadora da pátria" da mídia dos EUA.
Nos últimos meses, os americanos correram desesperadamente atrás de um ídolo. Nunca, afinal, um evento recebeu tanta atenção da mídia daquele país como Atenas -a NBC exibirá 1.210 horas de Jogos, o equivalente a 50 dias.
O problema é que, de outubro para cá, um escândalo de doping manchou o principal esporte olímpico americano, o atletismo.
O caso Balco (laboratório que fabricava o esteróide THG) atingiu principalmente o "casal maravilha" Tim Montgomery e Marion Jones. Ele, recordista mundial dos 100 m, não conseguiu vaga para os Jogos. Ela, três ouros e dois bronzes em Sydney-2000, só competirá no salto em distância.
Para piorar, 14 astros da NBA recusaram a convocação para o "Dream Team", muitos deles com medo de ataques terroristas.
Mais: às vésperas de Atenas, Michael Phelps, que tentará um recorde de oito ouros nas piscinas, calou-se. Deu uma folga nas entrevistas. Fugiu da imprensa.
Daí, todo o desespero dos marqueteiros. Até aparecer Jennie.
"Ela não é apenas linda. É, também, a melhor no seu esporte", disse Marcus DiNitto, editor do site "Sports Business Daily" em entrevista ao "USA Today".
Na última terça, o maior jornal americano publicou reportagem sobre a musa. Com foto dela na primeira página, vestida de deusa.
A arremessadora, que já recusou propostas da "Playboy" por se considerar "um exemplo para as crianças", diz não se importar com o rótulo de símbolo sexual.
"Às vezes é frustrante você ser reconhecida por sua beleza e não pelo seu trabalho. Mas toda a atenção que eu conseguir atrair para o meu esporte é bem-vinda", declarou à Folha em Atenas. Algo antes inimaginável num esporte como o softbol -variação do beisebol e disputado só por mulheres em Olimpíadas desde 1996.
Jennie consegue lançar a bola a 114 km/h, o que fez dela titular absoluta. Há 18 anos, as americanas são as melhores do mundo, com ouro nas duas Olimpíadas em que o esporte foi disputado. Ontem, começaram a buscar mais um título. Na estréia, venceram a Itália.
O ouro é só o que falta para Jennie explodir de vez. Neste ano, ela já lucrará US$ 400 mil em contratos com empresas como Mizuno (material esportivo), Sprint (telefonia) e Bolle (óculos escuros). Um alívio. Questionada sobre seu hobby, ela é direta: "Fazer compras. Estou torrando o cartão de crédito nas lojinhas daqui". (FSX)


Texto Anterior: Pingue-pongue: Não duvide de uma mulher, diz Martina, que estréia aos 47
Próximo Texto: Vôlei: Bernardinho e família se dizem prontos até para a briga na estréia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.