São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Evolução do futebol feminino

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Como fiquei um longo tempo sem assistir a uma partida de futebol feminino, já que não existe campeonato no Brasil, me impressionou nesse início da Olimpíada a evolução das atletas.
Apesar de ser muito mais lento do que o futebol masculino, pois as mulheres têm menos força muscular e velocidade, o campo não é mais tão grande como era e nem as atletas parecem tão mal preparadas fisicamente.
As mulheres estão hoje muito mais habilidosas. Porém continuam deficientes nos fundamentos técnicos.
Isso pode ser corrigido com bastante treino. Elas estão também excessivamente preocupadas em não saírem de suas posições e em cumprirem as ordens dos técnicos. Mais ainda do que os homens.
Em vez de copiarem o futebol masculino, as mulheres precisam criar o seu estilo, como fizeram com inteligência e competência em outros esportes e na vida nas últimas décadas.

Pode e deve melhorar
Leão disse nesta semana no programa ""Arena Sportv" que Robinho é a maior revelação do futebol brasileiro nos últimos 20 anos. O técnico exagerou. Robinho evoluiu bastante, é um excelente jogador, mas ainda não é e, provavelmente, não será um fenômeno mundial, como os dois Ronaldinhos.
Tenho a impressão de que, se o Robinho jogasse no São Paulo, teria hoje mais força muscular e uma arrancada inicial mais explosiva, sem perder a habilidade e a velocidade. Ele seria muito melhor. Foi o que aconteceu com Kaká. Posso estar enganado nessa comparação, pois não conheço de perto a estrutura profissional dos dois clubes.
Leão disse ainda que Robinho já deveria ser titular da seleção. Pelo menos, merecia ter sido convocado e testado. Parreira perdeu a chance na Copa América. Tenho convicção de que daria certo.
Robinho entraria no lugar do Zé Roberto, não para fazer a mesma função nem para atuar como faz no Santos.
Ele não seria um armador nem um atacante. Seria um armador-atacante, marcando e avançando mais pela esquerda, mas com liberdade para se movimentar pelo ataque. Ele tem talento e leveza para jogar bem de uma intermediaria à outra. Isso é raro.
Por convicção, excessivo rigor tático e para provar que está certo, Parreira não vai convocar o Robinho tão cedo. Ele vai alegar, com certa razão, que o jogador ainda é inexperiente, não tem posição definida, que o time brasileiro é líder das eliminatórias e ganhou a Copa América, que está no caminho certo e, por isso, não deveria mudar.
Mas, pela qualidade dos jogadores, a seleção poderia jogar muito melhor.

Diferença dos técnicos
No mundo atual, globalizado e tecnológico, os técnicos ficam colados no computador, conhecem todas as características dos jogadores e esquemas táticos de todas as equipes, organizam e treinam seus times do mesmo jeito, fazem as mesmas substituições, falam as mesmas coisas, não se preocupam com a qualidade do espetáculo e só pensam em vencer. Todos são parecidos.
Existem poucas exceções. Ainda bem. No segundo tempo da partida entre Santos e Vasco, o time carioca ganhava por 2 a 1 e Geninho colocou mais um volante para reforçar a marcação. O Santos empatou. Nesse momento a maioria dos técnicos, como Geninho, poria mais um volante ou um zagueiro, com a justificativa de que empate fora de casa é bom. Luxemburgo colocou mais um atacante e ainda trocou um volante por um armador ofensivo. O time venceu por 3 a 2.
A diferença entre os treinadores não está na informação nem no conhecimento tático, e sim na ousadia e na observação dos detalhes.

Zorba, o grego
Tenho esperanças de que alguma televisão, para aproveitar o momento olímpico, mostre o filme "Zorba, o grego". Iria assisti-lo pela quinta vez.
Zorba, um homem simples, rude, extrovertido e feliz, convive com o patrão inglês, um homem culto, reprimido e triste, que vai a uma ilha da Grécia conhecer a mina herdada da família.
Em uma cena, Zorba pergunta ao patrão sobre o que acontece após a morte. Ele responde que os livros não sabem.
Zorba retruca: ""Então seus livros não sabem nada".
E-mail: tostao.folha@uol.com.br



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