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ATLETISMO
Telefonema põe "japonês" na equipe brasileira
Professor no Japão, atleta corre
400 m com barreiras pelo Brasil
Sem nível para integrar
equipe nipônica, Suguimati,
nascido em Goiás, disputa
Jogos por time nacional
após pedido de sua mãe
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
Há quatro anos, Mahau Suguimati estudava em Niiza, no
Japão, e tinha como maior ambição esportiva conseguir emprego de professor numa escola
da Província de Saitama.
O objetivo foi alcançado. E
ele seguiu além. Até Pequim.
Inscrito com o número 1.234,
Suguimati larga hoje na raia 6
do Ninho de Pássaro para a primeira bateria eliminatória dos
400 m com barreiras. Defenderá as cores do Brasil, graças a
uma iniciativa de sua mãe.
"A família dele é de Paranavaí, no Paraná. A mãe dele ligou
pro técnico do clube de lá, dizendo que tinha um filho no Japão que queria correr pelo Brasil. Foi assim que começou", explicou Martinho Nobre, chefe
de missão do atletismo.
Nascido em São Miguel do
Araguaia, em Goiás, Suguimati
foi morar no Japão aos 8 anos.
Meio por hobby, meio porque queria se tornar professor
numa escola técnica de esporte,
começou a competir nos 400 m
com barreiras. Dificilmente, no
entanto, conseguiria vaga na
equipe japonesa -1s26 o separa do pior atleta japonês nessa
prova. Daí, a decisão de telefonar para o treinador.
Nos últimos dois anos, o atleta participou de algumas competições em seu país natal, como o Pan e o Troféu Brasil. E foi
neste, em junho, que conseguiu
um lugar nos Jogos, com 49s15
-o índice era 49s20.
"Sei que as pessoas não me
conhecem muito no Brasil.
Mas, se eu for para a final, acho
que vão começar a saber quem
eu sou", afirma Suguimati, em
um português claudicante.
Ele também sabe que não será fácil. Apenas os três melhores de cada série avançam automaticamente às semifinais. E
ele tem o pior tempo na bateria.
A preparação de Suguimati
foi diferente da equipe brasileira. Não participou dos treinos
em Macau, pois já estava adaptado ao fuso horário. Sua incorporação à delegação só aconteceu em Pequim. "Às vezes me
enrolo para falar alguma coisa,
mas todos ajudam", diz.
Sua história olímpica começa
às 10h55 (horário de Brasília) e
pode acabar logo em seguida.
"Quando eu voltar, os alunos
estarão me esperando."
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