São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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ATLETISMO

Telefonema põe "japonês" na equipe brasileira

Professor no Japão, atleta corre 400 m com barreiras pelo Brasil

Sem nível para integrar equipe nipônica, Suguimati, nascido em Goiás, disputa Jogos por time nacional após pedido de sua mãe


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Há quatro anos, Mahau Suguimati estudava em Niiza, no Japão, e tinha como maior ambição esportiva conseguir emprego de professor numa escola da Província de Saitama.
O objetivo foi alcançado. E ele seguiu além. Até Pequim.
Inscrito com o número 1.234, Suguimati larga hoje na raia 6 do Ninho de Pássaro para a primeira bateria eliminatória dos 400 m com barreiras. Defenderá as cores do Brasil, graças a uma iniciativa de sua mãe.
"A família dele é de Paranavaí, no Paraná. A mãe dele ligou pro técnico do clube de lá, dizendo que tinha um filho no Japão que queria correr pelo Brasil. Foi assim que começou", explicou Martinho Nobre, chefe de missão do atletismo.
Nascido em São Miguel do Araguaia, em Goiás, Suguimati foi morar no Japão aos 8 anos.
Meio por hobby, meio porque queria se tornar professor numa escola técnica de esporte, começou a competir nos 400 m com barreiras. Dificilmente, no entanto, conseguiria vaga na equipe japonesa -1s26 o separa do pior atleta japonês nessa prova. Daí, a decisão de telefonar para o treinador.
Nos últimos dois anos, o atleta participou de algumas competições em seu país natal, como o Pan e o Troféu Brasil. E foi neste, em junho, que conseguiu um lugar nos Jogos, com 49s15 -o índice era 49s20.
"Sei que as pessoas não me conhecem muito no Brasil. Mas, se eu for para a final, acho que vão começar a saber quem eu sou", afirma Suguimati, em um português claudicante.
Ele também sabe que não será fácil. Apenas os três melhores de cada série avançam automaticamente às semifinais. E ele tem o pior tempo na bateria.
A preparação de Suguimati foi diferente da equipe brasileira. Não participou dos treinos em Macau, pois já estava adaptado ao fuso horário. Sua incorporação à delegação só aconteceu em Pequim. "Às vezes me enrolo para falar alguma coisa, mas todos ajudam", diz.
Sua história olímpica começa às 10h55 (horário de Brasília) e pode acabar logo em seguida. "Quando eu voltar, os alunos estarão me esperando."


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