São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010 |
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TOSTÃO A volta da Geni
HÁ MAIS DE dez anos que escrevo, defendo e sonho com os times e a seleção brasileira jogando do jeito que vi contra os Estados Unidos. O Inter brilhou no México com o mesmo estilo. É um jeito mais leve, mais bonito, com mais troca de passes, mais posse de bola, mais dribles, com os volantes jogando no meio-campo e uma marcação mais à frente, além da organização tática. Há mais de dez anos que critico a violência, a supervalorização, o excessivo pragmatismo e o descompromisso dos técnicos com a beleza e a qualidade do jogo, a obsessão por ter dez jogadores atrás da linha da bola e a pressa de jogar a bola na área. Muitos justificam que a maioria dos gols sai de cruzamentos pelo alto. Óbvio, já que quase só fazem isso. Estou eufórico com a atuação da seleção contra os norte-americanos, mas não perdi a referência da realidade. A vida dá muitas voltas. A nova seleção vai também jogar mal e/ou perder várias vezes e pode até não conseguir o aproveitamento da seleção de Dunga antes do Mundial. Mesmo assim, deveria insistir nessa nova maneira de jogar. O Brasil tem a obrigação de sonhar com um jogo mais eficiente e encantador. Tudo isso é uma coisa. Outra é apedrejar Dunga, como se ele fosse o único culpado por todas as coisas ruins do futebol brasileiro. Dunga virou a nova Geni. Quase todos os treinadores brasileiros e de todo o mundo fariam igual a Dunga, com menos grosseria. É o que fazem em seus clubes. Quase todos elogiavam os resultados e a maneira de jogar da seleção até ser eliminada. A sorte do Brasil é ter sempre um Ganso, um Neymar e um Robinho. Não é por coincidência que os três começaram no Santos. Parabéns a Dorival Jr. e a Mano Menezes por adotarem condutas e esquemas táticos de acordo com o talento e as características dos três. Neymar, por sua velocidade, mobilidade, habilidade e criatividade, parece Robinho mais jovem, com uma qualidade a mais, importantíssima, que poderá lhe proporcionar mais sucesso, que é finalizar melhor e fazer mais gols. Ganso joga como se estivesse lá em cima, com um megacomputador instalado em seu corpo, vendo os mínimos detalhes e espaços e calculando todos os movimentos e a velocidade dos companheiros, dos adversários e da bola. Ele imagina, calcula e faz, pois tem ótima técnica. Como sabe tudo isso? Sabendo. O craque não tem explicação. Ele é. Texto Anterior: Partida dá início a sequência difícil Próximo Texto: Corinthians busca mandar fora de casa Índice |
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