São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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Vencer alemães dava prisão

de Londres

 "Nós estamos gritando e estamos surpresos com esses resultados improváveis que passarão a ser imutáveis para sempre."
Fritz Walter, considerado o melhor jogador alemão das décadas de 40 e 50, em seu diário, citado em "Hitler's Strikers"

Em agosto de 1942, a vitória de 5 a 3 do Dinamo de Kiev sobre um time da Força Aérea alemã teve um gosto amargo. A goleada em Kiev fez com que 8 dos 11 jogadores ucranianos fossem parar em campos de concentração.
Isso aconteceu porque o Dinamo havia recebido ordens para facilitar o jogo. A Ucrânia se encontrava sob a ocupação alemã, que durou três anos (1941-1944), durante os quais morreram seis milhões de ucranianos.
Os jogadores do Dinamo desobedeceram às ordens e jogaram com vontade, obtendo a vitória por goleada. O estádio, em Kiev, estava lotado, e a repercussão da derrota do time alemão na cúpula nazista não foi nada boa.
"As ordens foram quase imediatas, os jogadores foram presos à saída do estádio e levados para os campos de concentração. É muito difícil saber o que aconteceu com cada um, mas acredito que morreram lá. Sabe-se que foram mandados para campos diferentes", diz Ulrich Lindner.
Em "Hitler's Strikers" ("Atacantes de Hitler"), outros casos de times formados por militares aparecem. Alguns deles chegaram a disputar o Campeonato Alemão e torneios europeus. "Os militares requisitavam jogadores dos clubes para seus times. A maioria atendia, porque dessa forma se livrava do serviço militar."
Os autores Ulrich Lindner e Gerhard Fischer citam o caso do meia Fritz Walter, do Kaiserslautern, considerado o melhor alemão dos anos 40 e 50. Walter, que viria a ser o capitão da seleção da Alemanha Ocidental campeã do mundo em 1954, jogou por um time do Exército na guerra.


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