São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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FUTEBOL
Zagallo, ex-técnico de Carpegiani, adota a tática do adversário
Mestre e discípulo fazem clássico com 3 zagueiros

MAÉRCIO SANTAMARINA
RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

Os técnicos Paulo César Carpegiani, do São Paulo, e Zagallo, da Lusa, travam um duelo à parte hoje, às 16h, no clássico do Canindé, pelo Campeonato Brasileiro.
Zagallo, que foi treinador de Carpegiani na Copa de 1974, na Alemanha, seguiu os passos de seu discípulo e quer surpreendê-lo, escalando três zagueiros.
O treinador são-paulino vem empregando desde o início do ano o esquema 3-5-2 (com três jogadores na zaga), um sistema tático pouco aplicado no Brasil.
Já Zagallo, normalmente tachado de conservador, optou no último coletivo por tirar o lateral-esquerdo Jadílson para colocar o zagueiro Marcelo Miguel, ao lado de Fabrício e Max Sandro.
Zagallo tentou fazer mistério, dizendo que só decidiria o time pouco antes do jogo, mas Marcelo Miguel confirmou a tática.
""Essa alteração visa dar maior poder de marcação ao time. É que o São Paulo joga muito pela direita, com Sandro Hiroshi. Vamos tentar segurar, principalmente no início. Depois, aos poucos, vou poder me soltar. O Zagallo me deu liberdade para ir ao ataque."
Carpegiani, mesmo sem saber dos planos de seu ex-técnico, já esperava um duelo tático.
""Será um jogo difícil. Existe estratégia em jogo. Temos a obrigação de ganhar, tomar a iniciativa. Como time grande, a gente quer ir para cima, buscar o resultado."
Zagallo mostrou conhecer a fundo o trabalho do São Paulo para o jogo de hoje. Durante o treino de anteontem, tirou do bolso um papel com o esquema tático são-paulino. Depois, dobrou para mostrar que sabia de cor.
""Sei que o São Paulo vai jogar no 3-5-2. Mas, se mudar para o 4-3-2 durante a partida, vai ser melhor para nós. É a forma com que a gente está mais acostumado a jogar", disse o treinador.
Ele elogiou Carpegiani. ""É um técnico extremamente competente. Ele já mostrou seu trabalho no Campeonato Paulista. Se a regra desse o título por pontos, o São Paulo teria sido o campeão. Só não foi pelas circunstâncias."

Ataque e defesa
Se depender do discurso dos técnicos, o São Paulo partirá ao ataque mesmo jogando na casa do adversário. A Lusa, reconhecendo ser uma equipe mais limitada, tentará os contragolpes.
O plano de Zagallo é neutralizar o ataque são-paulino, o mais positivo do torneio -já fez 13 gols. O treinador chegou a fazer ironias com o problema que o rival enfrentou em partida no Chile, quando quatro atletas comeram papoula e quase não jogaram com medo do exame antidoping.
""A papoula no Chile é outra coisa. Temos que parar o Souza, o Sandro Hiroshi... A papoula vai jogar? Então, não interessa."
Os quatro jogadores são-paulinos que comeram papoula, Marcelinho, França, Edmílson e Edu, fizeram exame antidoping em São Paulo, mas os exames não deram resultado positivo.
Sobre os dois jogadores citados por Zagallo, Souza está vivendo uma de suas melhores fases. Mas Sandro Hiroshi acabou sendo repreendido pelo treinador.
O meia Souza já fez três gols no segundo semestre -dois pelo Brasileiro e um pela Mercosul.
Segundo o Datafolha, o meia é o que mais lança na equipe (3,7 lançamentos por jogo), o que mais dribla (5,7 dribles por jogo) e o que mais dá assistências (1,3 passe que resulta em gol por jogo).
""É uma das melhores fases da minha carreira. Mas não sou só eu. O São Paulo está num crescente", disse Souza, que tem impressionado em outros fundamentos, como aproveitamento de passes (tem acerto de 86,7%).
O técnico Carpegiani orientou Sandro Hiroshi no treino de anteontem a se defender dos zagueiros. ""Tem que proteger a bola."


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