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FUTEBOL
Zagallo, ex-técnico de Carpegiani, adota a tática do adversário
Mestre e discípulo fazem
clássico com 3 zagueiros
MAÉRCIO SANTAMARINA
RODRIGO BUENO
da Reportagem Local
Os técnicos Paulo César Carpegiani, do São Paulo, e Zagallo, da
Lusa, travam um duelo à parte
hoje, às 16h, no clássico do Canindé, pelo Campeonato Brasileiro.
Zagallo, que foi treinador de
Carpegiani na Copa de 1974, na
Alemanha, seguiu os passos de
seu discípulo e quer surpreendê-lo, escalando três zagueiros.
O treinador são-paulino vem
empregando desde o início do
ano o esquema 3-5-2 (com três jogadores na zaga), um sistema tático pouco aplicado no Brasil.
Já Zagallo, normalmente tachado de conservador, optou no último coletivo por tirar o lateral-esquerdo Jadílson para colocar o zagueiro Marcelo Miguel, ao lado de
Fabrício e Max Sandro.
Zagallo tentou fazer mistério,
dizendo que só decidiria o time
pouco antes do jogo, mas Marcelo
Miguel confirmou a tática.
""Essa alteração visa dar maior
poder de marcação ao time. É que
o São Paulo joga muito pela direita, com Sandro Hiroshi. Vamos
tentar segurar, principalmente no
início. Depois, aos poucos, vou
poder me soltar. O Zagallo me
deu liberdade para ir ao ataque."
Carpegiani, mesmo sem saber
dos planos de seu ex-técnico, já
esperava um duelo tático.
""Será um jogo difícil. Existe estratégia em jogo. Temos a obrigação de ganhar, tomar a iniciativa.
Como time grande, a gente quer ir
para cima, buscar o resultado."
Zagallo mostrou conhecer a
fundo o trabalho do São Paulo para o jogo de hoje. Durante o treino
de anteontem, tirou do bolso um
papel com o esquema tático são-paulino. Depois, dobrou para
mostrar que sabia de cor.
""Sei que o São Paulo vai jogar
no 3-5-2. Mas, se mudar para o 4-3-2 durante a partida, vai ser melhor para nós. É a forma com que
a gente está mais acostumado a
jogar", disse o treinador.
Ele elogiou Carpegiani. ""É um
técnico extremamente competente. Ele já mostrou seu trabalho no
Campeonato Paulista. Se a regra
desse o título por pontos, o São
Paulo teria sido o campeão. Só
não foi pelas circunstâncias."
Ataque e defesa
Se depender do discurso dos
técnicos, o São Paulo partirá ao
ataque mesmo jogando na casa
do adversário. A Lusa, reconhecendo ser uma equipe mais limitada, tentará os contragolpes.
O plano de Zagallo é neutralizar
o ataque são-paulino, o mais positivo do torneio -já fez 13 gols.
O treinador chegou a fazer ironias
com o problema que o rival enfrentou em partida no Chile,
quando quatro atletas comeram
papoula e quase não jogaram com
medo do exame antidoping.
""A papoula no Chile é outra coisa. Temos que parar o Souza, o
Sandro Hiroshi... A papoula vai
jogar? Então, não interessa."
Os quatro jogadores são-paulinos que comeram papoula, Marcelinho, França, Edmílson e Edu,
fizeram exame antidoping em
São Paulo, mas os exames não deram resultado positivo.
Sobre os dois jogadores citados
por Zagallo, Souza está vivendo
uma de suas melhores fases. Mas
Sandro Hiroshi acabou sendo repreendido pelo treinador.
O meia Souza já fez três gols no
segundo semestre -dois pelo
Brasileiro e um pela Mercosul.
Segundo o Datafolha, o meia é o
que mais lança na equipe (3,7 lançamentos por jogo), o que mais
dribla (5,7 dribles por jogo) e o
que mais dá assistências (1,3 passe
que resulta em gol por jogo).
""É uma das melhores fases da
minha carreira. Mas não sou só
eu. O São Paulo está num crescente", disse Souza, que tem impressionado em outros fundamentos,
como aproveitamento de passes
(tem acerto de 86,7%).
O técnico Carpegiani orientou
Sandro Hiroshi no treino de anteontem a se defender dos zagueiros. ""Tem que proteger a bola."
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