São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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favor não distribuir BOXE
Brasileiro iguala marca de mexicano que obteve título com todas as vitórias por nocaute no currículo
Cinturão dá recorde mundial a Popó

EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

Ao conquistar o cinturão da Organização Mundial de Boxe na última semana, o brasileiro Acelino Popó Freitas, 23, igualou o recorde do mexicano Alfonso Zamora, até então único a registrar a maior sequência de nocautes até chegar a um título mundial: 21.
O recorde havia sido registrado em meados década de 70.
No último dia 7, o superpena Popó também registrou sua 21ª vitória consecutiva por nocaute, sobre o russo campeão Anatoly Alexandrov, em um assalto, para ganhar o título da OMB, quarta entidade em ordem de importância a controlar o boxe.
Apesar de ter igualado o recorde do mexicano Zamora e de ser o único lutador nas últimas duas décadas a ter alcançado tal feito, o pugilista brasileiro afirma não ter obsessão pelo nocaute.
""O nocaute é só uma consequência. Não busco esse tipo de vitória a todo custo", explica Popó, apesar de reconhecer que a fama de ""demolidor" tem suas vantagens. ""Subir no ringue com todas vitórias por nocaute impõe respeito. Meus rivais, no mínimo, devem ficar intimidados."
O técnico do brasileiro, Luís Carlos Dória, cita outro fator ao explicar as seguidas vitórias de Popó. ""Ele é o lutador mais frio que já tive. Nenhum problema externo o abala quando está no ringue", afirmou.
Zamora ganhou o cinturão dos galos da Associação Mundial de Boxe em sua 21ª luta, ao bater o coreano Soo-Hwan Hong, no quarto assalto, em 1975.
Anos depois, o mexicano participaria de uma ""superluta" entre pegadores com o compatriota Carlos Zarate, em 1977, na qual ambos os pugilistas contavam com um cartel combinado de 74 vitórias, 73 por nocaute.
Zarate venceu o confronto por nocaute no quarto assalto.
Além do brasileiro e de Zamora, só mais um pugilista havia ganhado um dos principais cinturões com a distinção de ter tido todas as vitórias por nocaute.
Foi o tailandês, ex-lutador de kickboxing (mistura de boxe e caratê), Saensak Muangsurin, que conquistou o título dos meio-médios-ligeiros do Conselho Mundial de Boxe em sua segunda apresentação profissional.
Ele conseguiu o feito com um nocaute em três assaltos sobre Perico Fernandez, em 75. Perdeu o cinturão em sua sexta apresentação, mas recuperou o título em seu próximo combate, o que o tornou o mais inexperiente pugilista a recuperar um título.
Ele defendeu o cinturão sete vezes, perdendo-o para Sang-Hyun Kim, em 1978. Muangsurium, nocauteado por Thomas Hearns em 81, aposentou-se com um cartel de 14 vitórias e seis derrotas.
A outra marca que Popó ainda tem chances de alcançar será a de maior número de nocautes seguidos em início de carreira.
O recorde pertence ao norte-americano Billy Fox, que desenvolveu campanha na década de 40, com 43 nocautes. Fox, que venceu o legendário Jake ""Touro Indomável" la Motta por nocaute, nunca ganhou título.
A tarefa de igualar ou quebrar esse recorde será bastante difícil, pois a partir de agora, como campeão, Popó não deverá mais enfrentar rivais de nível duvidoso, como foi o caso do britânico Peter Buckley (25 vitórias e 93 derrotas), no ano passado.
De todo modo, o brasileiro já ultrapassou o número de nocautes do ex-campeão mundial dos pesos-pesados Mike Tyson, que levou ao solo seus primeiros 19 rivais no profissionalismo.
A série foi interrompida quando o norte-americano enfrentou o compatriota James Tillis, em 86, batendo-o em dez assaltos.
Atualmente, a marca de nocautes do pugilista baiano é uma das 13 melhores de todos os tempos.


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