São Paulo, Quarta-feira, 15 de Setembro de 1999
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VÔLEI
Leila, Virna, Tatiana e Isabel vão comandar a equipe feminina do Flamengo na próxima Superliga
Estrelas tiram cariocas do ostracismo

da Reportagem Local

O desmanche de Supergasbras e Lufkin, na virada dos anos 80, jogou o vôlei feminino do Rio numa década de ostracismo. Outro desmonte, em escala, desta vez em São Paulo, permitiu agora que os cariocas formassem sua primeira equipe competitiva nos anos 90.
O Flamengo apresentou ontem, em sua sede, o elenco que vai disputar a Superliga 99/2000.
Suas três estrelas, as atacantes Leila e Virna, e a meio-de-rede Tatiana, todas da seleção, ficaram sem emprego ao final da última temporada, com o encerramento das atividades de suas equipes. Leila e Tatiana defendiam o Leites Nestlé, três vezes campeão nacional, enquanto Virna estava na Uniban, atual campeão. Uma quarta titular, a levantadora Katia, foi incorporada da UnG, legenda que não mais existe.
O Flamengo decidiu reativar sua equipe -a única representante do Estado- , ""convencido" pela ex-jogadora Isabel, que fará sua estréia como treinadora (leia texto ao lado). O clube interrompera as atividades em 81, com três títulos brasileiros (76, 78 e 80).
""Levei a proposta de fazer um time ao Edmundo (Silva, presidente do Flamengo), e ele comprou", diz Isabel. ""Espero que seja incentivo para o Vasco e o Fluminense fazerem o mesmo, como aconteceu no basquete", completa.
A derradeira aparição de um dos grandes do Rio, foi a do Botafogo, em 96 -não chegou às finais da Superliga.
Torcedora do Vasco, Leila, 28, recusou três propostas da Itália (Calábria, Modena, Mattera). ""Pela primeira vez na carreira, vou atuar num clube de torcida, não por uma empresa. Esse é o grande barato e também o maior desafio", disse a jogadora.
A última conquista nacional dos cariocas ocorreu em 87, com a Lufkin. Então com 17 anos, a atacante Virna era reserva -ao todo, foram três anos na Lufkin, extinta em 89, e um no Bradesco.
""Acertar com o Flamengo foi ideal, porque eu não queria jogar fora do Brasil por falta de times", disse Virna, que mantivera negociações também com o Calábria. ""Fico imaginando a possibilidade de jogar no Maracanãzinho (capacidade para 19 mil espectadores) cheio", completou.
O recém-formado Flamengo desponta como quarta força para a próxima Superliga, que começa em dezembro. Na avaliação das próprias jogadoras e de Isabel, os três maiores concorrentes são MRV/Minas, de Fofão e Raquel, o Rexona, dirigido pelo técnico Bernardinho, da seleção brasileira, e o BCN, de Ana Moser e Janina.
""Vamos ter que correr atrás de entrosamento. Os outros já têm uma base formada", afirma Leila.
""Pretendemos fazer um trabalho que nos permita ficar entre as quatro finalistas", diz Isabel.
Com orçamento declarado de R$ 1 milhão (bancado sozinho), o Flamengo pretende contratar uma estrangeira, para a posição de meio-de-rede.

Exposição
Em negociações para assinatura de um contrato de US$ 80 milhões, pelo qual cederá por 15 anos à multinacional ISL os direitos de exploração de seu departamento de futebol, o Flamengo quer aproveitar a reestruturação do time feminino de vôlei para expandir a exposição de sua marca.
""Não foi orientação deles (ISL) montar o time. Mas a gente aposta que vamos estar atraindo valor para a marca e novos parceiros. Tenho certeza de que a própria ISL vai se interessar", diz Fernando Sihman, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo.
Antes da incursão no vôlei, o Flamengo já mantinha um time de elite no basquete, que agora conta com o cestinha Oscar.


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