São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2000

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FUTEBOL
Comissão investigará denúncias de sonegação, irregularidades em vendas de atletas e o contrato entre Nike e CBF
Senado aprova criação da CPI do futebol

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado criou ontem uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar irregularidades no futebol brasileiro, que deverá ser instalada após as eleições de outubro, com a indicação dos 11 titulares e seis suplentes pelos líderes partidários.
A CPI deverá investigar denúncias de sonegação de contribuições e impostos por clubes e jogadores, irregularidades nas vendas de atletas brasileiros para o exterior e supostas ilegalidades no contrato de patrocínio firmado entre a CBF e a empresa de artigos esportivos Nike.
O teor desse compromisso, que dá a empresa o direito de definir datas de amistosos da seleção brasileira, foi revelado pela Folha.
O requerimento propondo a criação da CPI do futebol, de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), conseguiu o apoio de mais de 38 senadores -o número mínimo de assinaturas necessárias é 27.
A Câmara dos Deputados já havia aprovado a criação de uma CPI para apurar as supostas ilegalidades no contrato com a Nike, por requerimento do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Conhecida como CPI da Nike, ela ainda não foi instalada porque na Câmara há uma fila de outras CPIs para serem criadas antes dela. No Senado, não há fila.
""A cada dia surgem denúncias de ilegalidades cometidas por diretores de clubes, jogadores, empresários e técnicos de nosso futebol. A importância do futebol em nosso país impõe-nos a obrigação de cuidar para mantê-lo no elevado patamar que alcançou", afirmou o senador Dias, justificando o seu requerimento.
O parlamentar do PSDB lembrou que a Receita Federal já está investigando denúncias de sonegação de imposto de renda por clubes, empresas patrocinadoras e jogadores.
Ele citou ainda que nos últimos dois anos a Receita Federal aplicou multas no valor total de US$ 23,6 milhões a pessoas ligadas ao futebol brasileiro.
Dias mencionou também a recente prisão do presidente da FPF (Federação Paranaense de Futebol), o ex-deputado federal Onaireves Moura, por crime de apropriação indébita.
De acordo com Dias, o Banco Central está investigando a venda de passes de jogadores pelos clubes brasileiros para o exterior.
O trabalho é motivado pela diferença constatada -de cerca de US$ 40 milhões- entre os valores que os dirigentes das equipes declaram ter recebido e a efetiva entrada de dólares no país.


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