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TÊNIS
Às vésperas de pegar Canadá, país vê Guga em fase ruim, torneio desprestigiado e principal dirigente na mira da Justiça
Pré-Davis, Brasil escancara inferno astral
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE
O torneio que marcaria a redenção do maior astro do tênis nacional simbolizou a fase de incertezas da modalidade no país, na semana anterior ao confronto que
irá selar o destino na Copa Davis.
O Brasil enfrenta o Canadá de
sexta a domingo pela repescagem
do Grupo Mundial do torneio entre países, em Calgary, em condições adversas: os jogos serão em
carpete e quadra coberta.
Na semana que passou, o Torneio da Costa do Sauípe, o único
no país pelo circuito da ATP, assistiu à nova queda do melhor tenista brasileiro: defensor do título, Gustavo Kuerten perdeu nas
semifinais. Pela primeira vez desde a estréia do evento, em 2001, só
estrangeiros disputaram a final.
Desde 1996, quando venceu a
Áustria em São Paulo e entrou para o grupo de elite da Davis, jamais o Brasil jogou a repescagem
em situação tão desfavorável.
Em 1998, Guga, 27, só tinha um
título no ano, mas atuou em Florianópolis ante os romenos. Em
2002, pouco antes do duelo com
os canadenses, no Rio, havia sido
campeão na competição baiana.
Neste ano, a Costa do Sauípe sofreu um revés ao perder a chave
feminina, disputada nas duas primeiras edições com nomes como
o da americana Monica Seles e o
da iugoslava Jelena Dokic. A
WTA optou por outra competição em seu calendário.
Para o próximo ano, o torneio
sofrerá reformulações. Sai a quadra dura, entra o saibro. A disputa
será em fevereiro, na semana do
Carnaval, e não mais em setembro, logo após o Aberto dos EUA.
O que falta definir é o local. A
Costa do Sauípe distribuiu ontem
panfletos nos quais convidava os
torcedores para retornarem em
2004. Mas a Octagon Koch Tavares, organizadora do evento, não
confirma a Bahia como sede. Rio
e São Paulo são alternativas. Com
as mudanças, os finalistas Sjeng
Schalken (Holanda) e Rainer
Schuettler (Alemanha) já dizem
que não voltam no ano que vem.
A problemática, contudo, não
se limita ao principal evento do
país. O presidente da CBT, Nelson
Nastás, eleito na semana passada
para a diretoria da Federação Internacional de Tênis, sofre acusações de irregularidades em sua
gestão. O caso parou na Justiça.
Guga, por seu lado, vê sua temporada caminhar para o final de
forma claudicante após um início
promissor. Locomotiva da modalidade no país, ele conquistou seu
torneio de estréia na temporada,
em Auckland -a primeira vez
que ele foi campeão em janeiro.
Apesar de não ter derrubado o
tabu de nunca passar da segunda
rodada do Aberto da Austrália,
Grand Slam em que tem seu pior
desempenho, Guga, que se submeteu a cirurgia no quadril no
início de 2002, deu em março
mostras de força: foi vice do Masters Series de Indian Wells -perdeu para o então líder do ranking,
o australiano Lleyton Hewitt.
A campanha no primeiro Masters Series da temporada impulsionou o brasileiro, que encerrou
o ano passado na 37ª colocação
do ranking, para o 15º lugar.
A temporada européia de saibro, na qual Guga teria poucos
pontos a defender, ainda estava
por vir, e a expectativa era de que
ele voltaria a conquistar títulos
em sua superfície favorita.
Os resultados, porém, ficaram
longe disso. Ele disputou cinco
torneios (Montecarlo, Barcelona,
Roma, Hamburgo e Roland Garros), dos quais já havia sido campeão em quatro. Na Espanha foi
onde Guga mais avançou: foi eliminado nas quartas-de-final.
Ele abriu mão de jogar no saibro
de Stuttgart, onde marcara presença cinco vezes nas últimas seis
temporadas e conquistara dois títulos, para se preparar para a temporada de quadras duras. Só que
na América do Norte o desempenho foi pífio, e Kuerten acumulou
mais derrotas do que vitórias.
Por fim, sem conseguir defender o título na Bahia, a meta de
voltar aos "top ten", prevista ainda para o primeiro semestre, dificilmente será cumprida em 2003.
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