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São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2003

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TÊNIS

Às vésperas de pegar Canadá, país vê Guga em fase ruim, torneio desprestigiado e principal dirigente na mira da Justiça

Pré-Davis, Brasil escancara inferno astral

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE

O torneio que marcaria a redenção do maior astro do tênis nacional simbolizou a fase de incertezas da modalidade no país, na semana anterior ao confronto que irá selar o destino na Copa Davis.
O Brasil enfrenta o Canadá de sexta a domingo pela repescagem do Grupo Mundial do torneio entre países, em Calgary, em condições adversas: os jogos serão em carpete e quadra coberta.
Na semana que passou, o Torneio da Costa do Sauípe, o único no país pelo circuito da ATP, assistiu à nova queda do melhor tenista brasileiro: defensor do título, Gustavo Kuerten perdeu nas semifinais. Pela primeira vez desde a estréia do evento, em 2001, só estrangeiros disputaram a final.
Desde 1996, quando venceu a Áustria em São Paulo e entrou para o grupo de elite da Davis, jamais o Brasil jogou a repescagem em situação tão desfavorável.
Em 1998, Guga, 27, só tinha um título no ano, mas atuou em Florianópolis ante os romenos. Em 2002, pouco antes do duelo com os canadenses, no Rio, havia sido campeão na competição baiana.
Neste ano, a Costa do Sauípe sofreu um revés ao perder a chave feminina, disputada nas duas primeiras edições com nomes como o da americana Monica Seles e o da iugoslava Jelena Dokic. A WTA optou por outra competição em seu calendário.
Para o próximo ano, o torneio sofrerá reformulações. Sai a quadra dura, entra o saibro. A disputa será em fevereiro, na semana do Carnaval, e não mais em setembro, logo após o Aberto dos EUA.
O que falta definir é o local. A Costa do Sauípe distribuiu ontem panfletos nos quais convidava os torcedores para retornarem em 2004. Mas a Octagon Koch Tavares, organizadora do evento, não confirma a Bahia como sede. Rio e São Paulo são alternativas. Com as mudanças, os finalistas Sjeng Schalken (Holanda) e Rainer Schuettler (Alemanha) já dizem que não voltam no ano que vem.
A problemática, contudo, não se limita ao principal evento do país. O presidente da CBT, Nelson Nastás, eleito na semana passada para a diretoria da Federação Internacional de Tênis, sofre acusações de irregularidades em sua gestão. O caso parou na Justiça.
Guga, por seu lado, vê sua temporada caminhar para o final de forma claudicante após um início promissor. Locomotiva da modalidade no país, ele conquistou seu torneio de estréia na temporada, em Auckland -a primeira vez que ele foi campeão em janeiro.
Apesar de não ter derrubado o tabu de nunca passar da segunda rodada do Aberto da Austrália, Grand Slam em que tem seu pior desempenho, Guga, que se submeteu a cirurgia no quadril no início de 2002, deu em março mostras de força: foi vice do Masters Series de Indian Wells -perdeu para o então líder do ranking, o australiano Lleyton Hewitt.
A campanha no primeiro Masters Series da temporada impulsionou o brasileiro, que encerrou o ano passado na 37ª colocação do ranking, para o 15º lugar.
A temporada européia de saibro, na qual Guga teria poucos pontos a defender, ainda estava por vir, e a expectativa era de que ele voltaria a conquistar títulos em sua superfície favorita.
Os resultados, porém, ficaram longe disso. Ele disputou cinco torneios (Montecarlo, Barcelona, Roma, Hamburgo e Roland Garros), dos quais já havia sido campeão em quatro. Na Espanha foi onde Guga mais avançou: foi eliminado nas quartas-de-final.
Ele abriu mão de jogar no saibro de Stuttgart, onde marcara presença cinco vezes nas últimas seis temporadas e conquistara dois títulos, para se preparar para a temporada de quadras duras. Só que na América do Norte o desempenho foi pífio, e Kuerten acumulou mais derrotas do que vitórias.
Por fim, sem conseguir defender o título na Bahia, a meta de voltar aos "top ten", prevista ainda para o primeiro semestre, dificilmente será cumprida em 2003.



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