Time espanhol, que já brilhou e fracassou com astros em campo, tenta voltar ao topo na Europa com a mesma política

Líder de várias estatísticas da Copa dos Campeões, clube de Florentino Pérez aposta em uma renovada era galáctica para triunfar

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior vencedor da história da Copa dos Campeões é também o time que mais investiu em reforços nesta temporada.
O clube que tem em seu elenco como opções os dois maiores artilheiros da Champions League é o mesmo que contratou Cristiano Ronaldo e Kaká.
O time que mais fez semifinais do nobre torneio em todos os tempos é também o que verá seu estádio ser palco da decisão, no dia 22 de maio de 2010.
Nada garante que os novos galácticos ganharão a Europa, mas é certo que eles estarão no centro das atenções no continente a partir de hoje, quando fazem sua estreia na mais badalada liga de clubes do planeta ante o Zurich, campeão suíço.
O Real Madrid assusta adversários pelo currículo, o que não faz muita diferença desde a temporada 2001/2002, e pelo momento. A eleição de Florentino Pérez, presidente de clube que realizou as maiores contratações da história do futebol, rendeu um investimento de aproximadamente 250 milhões (quase R$ 663 milhões).
Com Cristiano Ronaldo, Kaká, Benzema, Xabi Alonso e Arbeloa, entre outros, num grupo que já não era barato, o plano foi desequilibrar a disputa continental, vencida na última temporada pelo Barcelona, arquirrival, e na retrasada pelo Manchester United, adversário poderoso em marketing global.
O peso dos nove títulos da Copa dos Campeões e a aquisição dos melhores jogadores do mundo dos dois últimos anos. A tradição de gols em Champions League de Raúl (64) e Van Nistelrooy (60) e o Santiago Bernabéu já em fase de aquecimento para proclamar o novo rei do velho continente.
As contratações de Pérez ajudaram a enfraquecer a concorrência. Manchester United, Milan e Liverpool são gigantes que perderam craques para o ambicioso rival, eleito pela Fifa o "clube do século 20", mas que estava meio parado no tempo.
Mais que não ganhar a Europa desde 2002, ano em que também foi campeão mundial pela última vez, o Real Madrid vive a sina de cair sempre nas oitavas da Copa dos Campeões desde a temporada 2004/2005.
Para comandar esse novo esquadrão galáctico, foi contratado o experiente técnico chileno Manuel Pellegrini, que tem por trás Valdano como diretor e até Zidane como conselheiro.
Para contratar o treinador, foram gastos mais 4 milhões, valor da rescisão contratual dele com o Villarreal. Nos amistosos de pré-temporada e no início do Espanhol, o Real Madrid passeou, mais ou menos como faz Usain Bolt, um dos garotos-propaganda já usados pelo clube, em provas de velocidade.
Pérez disse que os resultados de uma forma geral não serão tão importantes quanto colocar de novo o Real Madrid como objeto de veneração. Isso, a partir de hoje, já está garantido.
A milionária liga, que terá de novo dezenas de atletas brasileiros (são mais de 80, contando jogadores que têm outras nacionalidades e os que ainda não aparecem na lista da Uefa), começa e passa nesta temporada pelo Real. Só resta saber se ela acabará com ele também.