São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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TV diz que Inglaterra escondeu 43 casos de doping para proteger reabilitação dos jogadores

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

A FA (Federação Inglesa de Futebol) escondeu do público o doping de 43 jogadores por uso de drogas sociais sob a alegação de que a exposição dos casos poderia prejudicá-los e agravar os quadros de dependência química.
O escândalo foi revelado no documentário "The Truth About Drugs In Footbal" (A verdade sobre drogas no futebol, em tradução livre), exibido na segunda-feira pela rede inglesa de TV Channel 4.
Segundo o programa, a entidade evitou que testes positivos para cocaína, maconha e ecstasy chegassem ao conhecimento da imprensa.
Os jogadores que testaram positivo, ou boa parte deles, foram suspensos pela FA e passaram por programas de reabilitação química durante os períodos de suspensão.
Foi o que aconteceu com o atacante escocês Garry O'Connor, 28, um dos personagens do documentário.
No ano passado, um exame apontou que ele havia utilizado cocaína. O jogador foi suspenso por dois meses. Mas o Birmingham divulgou que ele ficaria esse tempo sem jogar devido a uma contusão.
O programa revelou pelo menos outros quatro casos semelhantes. E disse que um atacante inglês conhecido em todo o mundo também recebeu esse tratamento -não citou o nome alegando possíveis problemas judiciais.
"Para o bem-estar psicológico da pessoa, é favorável manter o sigilo em casos como esse", disse a professora de pós-graduação do departamento de psiquiatria da Unifesp Neliana Buzi Figlie.
"Não se pode acobertar, fingir que nada aconteceu. Mas encarar um tratamento não é algo fácil. Se é exposto, fica ainda mais complicado", adicionou a doutora em saúde mental Edilaine Morais.
Apesar de elogiada pelas especialistas ouvidas pela reportagem, a forma de agir da FA em relação ao doping causou polêmica na Inglaterra.
A Wada (Agência Mundial Antidoping) determina que todos os casos de exames positivos devem ser divulgados.
O órgão que controla o futebol inglês diz que seguiu as determinações da agência e que as punições foram listadas no site do programa antidoping britânico, com confidencialidade do nomes.
Sobre o rigor das punições, respondeu que penas para atletas não reincidentes que testaram positivo para drogas sociais fora de torneios podem variar de advertência a seis meses de suspensão.
O documentário ainda informou que, entre 2007 e 2010, 240 jogadores da Inglaterra fugiram de exames com conivência dos clubes -Liverpool e Manchester City até teriam mudado horários de treinos para evitar os testes.
"[A cocaína] é muito utilizada pelos nossos jogadores de futebol. Eles têm muito dinheiro e sabem que isso atrai as mulheres, então o fazem", afirmou o atacante Leon Knight, ex-Chelsea, um dos entrevistados pelo programa da emissora britânica.


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