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Conquista é vista por reservas como desabafo
DA REPORTAGEM LOCAL
Ricardinho e Anderson, os reservas que se tornaram destaques
nos dois últimos jogos do Brasil e
que cultivam uma sinergia antes
mesmo de começarem a jogar,
consideram a conquista do Campeonato Mundial um desabafo.
Os dois costumam entrar juntos
no jogo. O oposto substitui Maurício para aumentar o bloqueio. O
levantador vai para o saque no lugar de André Nascimento.
"Enfrentei uma contusão nas
costas durante o Mundial. Mal
conseguia andar, fazia 24 horas de
fisioterapia por dia. Antes, havia
passado por muitos problemas na
carreira, por muitas dificuldades
para fazer contratos e encontrar
times", diz Ricardinho, 26.
"Após conquistar o Mundial, tive contatos de vários clubes do
exterior lá mesmo, na quadra. Isso não é só bom pelo lado financeiro, mas também pela realização pessoal. Eu precisava disso."
Segundo o levantador, a relação
com o oposto Anderson é muito
importante para seu rendimento.
"Desde 1997, com o Maurício no
time, eu tenho de matar um leão
por dia. A gente entra no 24º ponto, não pode errar. Preciso que o
Anderson entre bem também."
O oposto confirma que as afirmações do levantador não ficam
só na retórica, mas são comprovadas por atitudes. "O Ricardinho
me incentivou, falava para mim,
"vamos tocar para a frente, entrar
para incendiar". Eram situações
difíceis, mas você tem de estar
pronto para aproveitar as oportunidades, o trem passa apenas uma
vez. Contra a Rússia, entramos
quando eles lideravam o placar."
Para o oposto, sua atuação nas
duas últimas partidas do Mundial
e, mais importante, sua adaptação
ao grupo, serviram de "mensagem" para os críticos. "Já fui taxado de "laranja podre" e "prometeu
e não cumpriu". Não guardo mágoas, mas acho que estou provando meu valor", diz o jogador.
Anderson, 28, admite que em
"momentos de estresse", enquanto esperava por sua chance, considerou a possibilidade de desistir.
"Há algum tempo, conversei
com o Chico [dos Santos, assistente técnico de Bernardinho], ele
me puxou de canto e perguntou:
"Pô, você vai desistir agora?" É
bom sentir que confiam em você.
E li um livro sobre o Michael Jordan cuja mensagem é sempre tentar, pois desistir é para os fracos",
diz o atleta, que agradeceu pessoalmente a Bernardinho pela
chance no vestiário. "Na Liga
Mundial, agradeci no quarto."
Contrastando com o discurso
dos dois reservas que alcançaram
sucesso nos dois últimos jogos do
Mundial, Giovane, consagrado,
afirma ter aprendido a entender e
apreciar a condição de reserva.
"Quando era titular, não dava
tanta importância aos reservas, à
turma do "chiqueirinho". Agora,
tenho mais noção da importância
de ser um bom reserva, mesmo
para motivar os titulares a defenderem sua posição. Não me sinto
inferior, não", explica o ponta.
"A pressão sobre os reservas é
maior, você não pode errar, pois
sempre entra em situações complicadas", conclui.
(EO E ML)
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