São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conquista é vista por reservas como desabafo

DA REPORTAGEM LOCAL

Ricardinho e Anderson, os reservas que se tornaram destaques nos dois últimos jogos do Brasil e que cultivam uma sinergia antes mesmo de começarem a jogar, consideram a conquista do Campeonato Mundial um desabafo.
Os dois costumam entrar juntos no jogo. O oposto substitui Maurício para aumentar o bloqueio. O levantador vai para o saque no lugar de André Nascimento.
"Enfrentei uma contusão nas costas durante o Mundial. Mal conseguia andar, fazia 24 horas de fisioterapia por dia. Antes, havia passado por muitos problemas na carreira, por muitas dificuldades para fazer contratos e encontrar times", diz Ricardinho, 26.
"Após conquistar o Mundial, tive contatos de vários clubes do exterior lá mesmo, na quadra. Isso não é só bom pelo lado financeiro, mas também pela realização pessoal. Eu precisava disso."
Segundo o levantador, a relação com o oposto Anderson é muito importante para seu rendimento. "Desde 1997, com o Maurício no time, eu tenho de matar um leão por dia. A gente entra no 24º ponto, não pode errar. Preciso que o Anderson entre bem também."
O oposto confirma que as afirmações do levantador não ficam só na retórica, mas são comprovadas por atitudes. "O Ricardinho me incentivou, falava para mim, "vamos tocar para a frente, entrar para incendiar". Eram situações difíceis, mas você tem de estar pronto para aproveitar as oportunidades, o trem passa apenas uma vez. Contra a Rússia, entramos quando eles lideravam o placar."
Para o oposto, sua atuação nas duas últimas partidas do Mundial e, mais importante, sua adaptação ao grupo, serviram de "mensagem" para os críticos. "Já fui taxado de "laranja podre" e "prometeu e não cumpriu". Não guardo mágoas, mas acho que estou provando meu valor", diz o jogador.
Anderson, 28, admite que em "momentos de estresse", enquanto esperava por sua chance, considerou a possibilidade de desistir.
"Há algum tempo, conversei com o Chico [dos Santos, assistente técnico de Bernardinho], ele me puxou de canto e perguntou: "Pô, você vai desistir agora?" É bom sentir que confiam em você. E li um livro sobre o Michael Jordan cuja mensagem é sempre tentar, pois desistir é para os fracos", diz o atleta, que agradeceu pessoalmente a Bernardinho pela chance no vestiário. "Na Liga Mundial, agradeci no quarto."
Contrastando com o discurso dos dois reservas que alcançaram sucesso nos dois últimos jogos do Mundial, Giovane, consagrado, afirma ter aprendido a entender e apreciar a condição de reserva.
"Quando era titular, não dava tanta importância aos reservas, à turma do "chiqueirinho". Agora, tenho mais noção da importância de ser um bom reserva, mesmo para motivar os titulares a defenderem sua posição. Não me sinto inferior, não", explica o ponta.
"A pressão sobre os reservas é maior, você não pode errar, pois sempre entra em situações complicadas", conclui. (EO E ML)



Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Pingue-Pongue: Técnico já pensa em trabalho para corrigir erros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.