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Jovens ainda resistem à disputa de pontos corridos
Datafolha mostra que paulistano segue dividido sobre a melhor fórmula para o Brasileiro
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Dois anos após a implantação
do sistema de pontos corridos no
Brasileiro, os jovens ainda se mostram refratários à fórmula que
premia o time com melhor campanha ao fim de dois turnos.
É o que revela pesquisa Datafolha realizada na cidade de São
Paulo. Foram entrevistadas 1.727
pessoas nos dias 7 e 8 deste mês. A
margem de erro é de dois pontos
percentuais, para mais ou menos.
Os jovens vêem o campeonato
em turno em returno com reservas. Utilizada em 2 das 34 edições
do Nacional disputadas a partir
de 1971, a fórmula em vigor é reprovada por 45% dos paulistanos
entre 16 e 25 anos.
A preferência pelo mata-mata
encontra sua pior avaliação entre
os mais velhos (entrevistados acima de 40 anos). Só 25% dos que
viram torneios com Pelé e cia.,
apontados como responsáveis pela adoção das finais, querem a volta do sistema antigo -o argumento, à época, era de que os
pontos corridos ajudaram a consolidar a hegemonia do Santos
Promessa da campanha eleitoral de Ricardo Teixeira em 1989, a
fórmula de pontos corridos no
Brasileiro só foi implantada após
a instauração de duas CPIs no
Congresso para investigar o futebol e à mudança de estratégia do
presidente da CBF. "Quero mudar até para ver se não dá certo",
afirmou o cartola em 2002.
Com poder revigorado após
quase dois anos de enfraquecimento político, Teixeira impôs a
fórmula aos clubes. A aprovação
pelo Conselho Técnico, formado
pelas equipes que disputam a Série A, foi mera formalidade. O
próprio cartola espalhava que vetaria a proposta do mata-mata e
que forçaria a disputa por pontos
corridos por meio de uma RDI,
espécie de decreto esportivo.
Ontem, o presidente da CBF
não respondeu aos recados da Folha. Mas tem dito que não tem intenção de mexer na fórmula para
os próximos anos, apesar da queda do número de torcedores nos
estádios -o torneio deste ano está muito próximo de ser o de menor público da história.
Esse é justamente o argumento
dos cartolas que defendem a ressurreição do mata-mata, que têm
como porta-voz o presidente do
Vasco, Eurico Miranda.
Anteontem, sem que a Folha tivesse feito pergunta a respeito, o
cartola indagou: "Como anda o
campeonato de pontos corridos
de vocês? Porque, por aqui, ninguém agüenta mais. Esse sistema
é feito sob medida para times pequenos, como o Atlético-PR."
O presidente do líder do campeonato, Mario Celso Petraglia, é
um dos defensores do atual regulamento. "Voltar atrás nunca
mais. Fui campeão no mata-mata.
Nenhuma fórmula é mais justa.
Dá para se programar. Voltar seria de fato um retrocesso", disse.
O vascaíno, que declarou que
lutará no fim do ano para alterar a
fórmula para o Nacional-2005,
conta com a ajuda da Globo Esportes, maior investidora do futebol nacional. Marcelo de Campos
Pinto prefere os mata-matas, mas
diz que não se meterá na decisão.
"A Globo não discute sistema."
Mas a tendência, mais uma vez,
deve ser a prevalência da vontade
da CBF -Teixeira tem hoje muita influência sobre a maioria dos
grandes clubes, por questões financeiras (a entidade empresta
dinheiro aos times) e políticas.
Os paulistanos, que vêem todos
os grandes clubes do Estado entre
os dez primeiros do Nacional, se
dividem em relação à fórmula.
Defendem a volta do mata-mata
32%, queda de cinco pontos percentuais em relação à pesquisa
anterior, feita há um ano.
Os adeptos dos pontos corridos
somam 35% -deles, 7% querem
um torneio mais enxuto, com menos clubes e datas. A oscilação em
relação ao levantamento de 2003
foi de um ponto percentual, dentro da margem de erro. A preferência pelas duas fórmulas segue
em empate técnico.
Os torcedores que gostam de futebol somam a fatia que mais defende o atual sistema. Entre os
que dizem ter "muito interesse"
pela modalidade, 53% querem os
pontos corridos, contra 40% a favor do mata-mata. Entre os que
"não têm nenhum interesse" pelo
futebol, 22% querem a volta do
mata-mata, contra 16% a favor
dos pontos corridos.
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