|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUCA KFOURI
Altitude 1, Colômbia 0, Brasil 0
Só há um jeito de enfrentar a altura: não jogar. Colombianos e brasileiros seguiram a receita à risca
MACONDO MUDOU-SE para
Bogotá.
Chovia na capital colombiana como na fictícia cidade do romance de Gabriel García Márquez,
"Cem anos de solidão".
E Colômbia e Brasil começaram
suas campanhas para a Copa de
2010 no horário em que era para o
primeiro tempo estar terminando,
com 45 minutos de atraso.
Até o bigodinho do supervisor da
CBF, Américo Faria, estava encharcado, atencioso como sempre com a
Globo, mal-humorado com a ESPN
Brasil, preço que se paga, sem queixas, pela independência.
Quando a bola começou a rolar,
até rolava bem no gramado do estádio El Campin, pertinho do céu,
2.640m de incômoda altitude.
No único jogo das eliminatórias
sul-americanas do domingo, a segunda vitória da seleção visitante
era o resultado mais esperado, ao
contrário da primeira, que aconteceu em Quito, onde a Venezuela bateu o Equador, que estará no Maracanã nesta quarta-feira.
De resto, o 0 a 0 entre Peru e Paraguai, em Lima; o 5 a 0 do Uruguai sobre a Bolívia, que só preocupa na estupidez da altitude de La Paz, em
Montevidéu, e os 2 a 0 da Argentina,
com dois golaços em faltas batidas
por Riquelme, sobre o Chile, em
Buenos Aires, eram previsíveis.
No time brasileiro faltavam Rogério Ceni, Kléber e Alexandre Pato,
mas, paciência, "pão ou pães é questão de opiniães", já dizia outro gênio
da literatura, o mineiro João Guimarães Rosa.
E o primeiro tempo foi de pura
poupança, porque o ar é raro em Bogotá, ao contrário da chuva. Emoções mesmo, só duas, em cabeçada
de Renteria muito bem defendida
por Júlio César e num lance de Robinho com Ronaldinho.
Já o segundo tempo foi um porre.
Porque queiram ou não os demagogos, não dá para jogar na altitude.
E só ela se deu bem, pois o 0 a 0
serviu também como nota do jogo.
Mais empates convenientes
Difícil dizer qual empate ficou melhor para os paulistas na 31ª rodada
do Brasileiro. Porque o do São Paulo, pelas circunstâncias todas, seus
desfalques, estréia de um jovem (e
promissor) goleiro, arbitragem
contra e mau futebol no primeiro
tempo, o 1 a 1 com o Flu no colorido
Maracanã ficou muito bem. Interrompeu uma série chata de derrotas e manteve a confortável folga do
segundo colocado.
Também ficou bom para Santos e
Palmeiras o 1 a 1 na Vila.
Refletiu a superioridade do segundo no primeiro tempo e do primeiro no segundo. Além de ter
mantido ambos bem perto de uma
vaga na Libertadores.
O time do Palmeiras se firma,
embora sua direção dê sinais de tibieza e pouca transparência.
Não só por apoiar o atual quadro
no Clube dos 13 como, também, ao
reagir contra a contratação de um
controlador para suas contas.
Já o Santos marcha seguro, embora dele se pudesse esperar mais.
E o terceiro 1 a 1, este no Pacaembu, se não desafogou o Corinthians
ao menos não o afundou ainda
mais, pois o Inter esteve a pique de
liquidar o jogo no segundo tempo e
permitiu que o alvinegro, que perdera dois gols incríveis no primeiro, se salvasse no finzinho.
blogdojuca@uol.com.br
Texto Anterior: Cida Santos: Enquanto Jaqueline não vem Próximo Texto: Nuzman vai ao Hall, que CBV patrocina Índice
|