São Paulo, quinta-feira, 15 de outubro de 2009

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JUCA KFOURI

Argentina salva. Uruguai quase


Não haveria por que festejar o futebol argentino fora da Copa do Mundo. Rivalidade é boa quando é exercida


NÃO CHOREI pela Argentina.
A quero na Copa, assim como quero Messi, Tevez e Verón. Até para poder vencê-la na África do Sul no ano que vem.
A quero como a quis com Passa- rella, com Valdano, com Maradona.
Ah, não a queria, agora, com Diego fora de sua praia, no banco, onde Pelé nunca se arriscou, no que fez muito bem. Mas com ele nas tribunas, já que no gramado não dá mais.
Choraria por ti, Argentina, ao imaginar a tristeza nos cafés de Buenos Aires, ao imaginar a noite escura nas vielas da Boca, se acontecesse o infortúnio. Sim, vibro pelo Uruguai, tão bicampeão mundial como a Argentina, porque vislumbro a alegria nos cafés de Montevidéu, assim como a vibração no quase octogenário e lendário Centenário. Vibro por essa gente altiva que gerou um Obdúlio Varela, um Pedro Rocha, um Diego Lugano. A triste repescagem deve ser o passaporte para 2010.
Verdade que não seria a primeira Copa sem os argentinos, seria a quinta, e a segunda por não ter conseguido a classificação em eliminatórias, como já acontecera para a Copa de 70, no México.
E é verdade também que tirante o bicampeonato (1978/1986) e o bivice-campeonato (1930/1990), as participações da Argentina nas demais Copas nunca deixaram saudades.
Aliás, nem a conquista de 1978, ao contrário da de 1986.
Mas a escola argentina faria muita falta na África, é fora de dúvida. E eu que não amo odiar os argentinos nem muito menos odeio amá-los, lamentaria aqui como se ao som de Astor Piazzolla, num adeus aos hermanos, em vez de ao noninho. E por mais que fosse por muito mais que uma cabeça.
Muitas cabeças duras, a começar pela de Julio Grondona, que quis salvar sua pele com a de Diego Maradona, uma cabeça que deveria estar voltada para sua recuperação, não para a seleção.
Ironia do destino, El Loco Bielsa, argentino de Rosario, como Gerardo Martino, idem ibidem, levaram sem dramas o Chile e o Paraguai à Copa, enquanto o maior nome da história do futebol da Argentina sofreu para evitar o desastre que teria consequências pessoais imprevisíveis, como se a maluca Igreja Maradoniana encontrasse no pastor Jim Jones o seu profeta.
O jogo foi como se supunha, dramático, infelizmente precedido por foguetório de madrugada diante do hotel em que os argentinos se hospedaram, selvageria que não orna com a educação uruguaia.
Jogo tenso e guerreado, além de, tecnicamente, deplorável.
No primeiro tempo, três chances celestes nos dez minutos iniciais, quatro cartões amarelos e muitos, incontáveis erros de passes.
O segundo não foi muito diferente, apenas com menos sensações de gol e mais três cartões amarelos, além do gol argentino, no fim.

Nem Dunga
Ninguém é capaz de mudar a natureza humana. Se não tem desafio, até o time de Dunga amolece.

Conta outra
Andres Sanchez acha que convence alguém de que um torcedor sozinho o desacatou diante de quatro brucutus de sua segurança no setor, imagine, VIP do Pacaembu.

blogdojuca@uol.com.br


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