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Gama recorre ao Código do
Consumidor e obtém liminar
da Reportagem Local
Rebaixado para a segunda divisão na última rodada da primeira
fase, o Gama obteve anteontem,
na Justiça comum de Brasília,
uma tutela antecipada (medida
judicial com efeito semelhante ao
de uma liminar) que pode causar
uma reviravolta no Brasileiro.
Por intermédio do Sindicato
dos Treinadores do Distrito Federal e da seção brasiliense do PFL
(se o próprio clube fosse à Justiça
comum poderia sofrer sanções da
Fifa), o Gama entrou na sexta-feira com uma ação no Tribunal de
Justiça de Brasília.
A ação solicitava a volta do clube à primeira divisão do Brasileiro e a consequente disputa da seletiva para a Taça Libertadores
(que reúne os clubes que não se
classificaram ao mata-mata, mas
exclui os rebaixados).
Anteontem, o juiz de plantão do
tribunal brasiliense, Jansen Fialho
de Almeida, concedeu a tutela antecipada.
O advogado que apresentou a
ação, Paulo Goiás, secretário-geral do PFL de Brasília, recorreu ao
Código de Defesa do Consumidor
para fundamentar o pedido.
A alegação é de que o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva),
quando julgou ação do Botafogo
contra o São Paulo -que acabaria por prejudicar o Gama-,
considerou uma RDI (Resolução
de Diretoria) da CBF que, segundo o advogado, não poderia ter sido editada, pois fere o Código
Brasileiro Disciplinar do Futebol.
Por isso, o torcedor-consumidor teria sido prejudicado.
"No futebol há uma relação jurídica de consumo. A CBF é a prestadora de serviço, os clubes são os
executores e os torcedores são os
consumidores desse serviço. Com
essas irregularidades, essa relação
foi desrespeitada", declarou
Goiás, que afirmou ter criado
uma jurisprudência na área.
"Criamos uma nova relação no
futebol brasileiro. Mesmo que a
tutela seja suspensa, já foi criada
uma jurisprudência no assunto."
As primeiras rodadas do mata-mata e da seletiva para a Libertadores só não foram paralisadas
porque a CBF, que não funciona
no final de semana, não recebeu
comunicação oficial da ação.
O recurso jurídico deve ser
apresentado para a CBF hoje ou,
no máximo, amanhã.
Mas tanto Goiás quanto os dirigentes do Gama admitem que já
amanhã a CBF poderá cassar a tutela antecipada. "Ou eles cumprem ou cassam", disse o presidente do Gama, Agrício Braga.
Na última sexta, o São Paulo,
por intermédio do Sindicato dos
Clubes Profissionais do Estado
(Sindbol), teve ação semelhante
rejeitada na Justiça comum. O
clube paulista, porém, recorreu à
Justiça Federal. Depois de extinta
a ação, o Sindbol recorreu.
"Na verdade, o São Paulo nunca
quis ganhar essa ação. Foi só uma
fita, para dar satisfações à torcida
e à imprensa. Estava na cara que
seria negado. Com tantos advogados de renome, eles sabiam que
tinham que ter entrado no âmbito
estadual, e não federal", afirmou o
presidente do Gama.
"Eles não souberam usar a filigrana que eu utilizei", disse Goiás,
gabando-se por ter recorrido ao
código do consumidor.
Ontem, o vice-presidente doBotafogo-RJ Carlos Augusto Montenegro, disse não temer a ação, que
prejudicaria seu clube.
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