RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o regulamento do Brasileiro for seguido à risca, uma vitória do São Paulo sobre o Flamengo hoje, às 16h, no Morumbi, vai aproximar o time do técnico Zagallo do rebaixamento para a segunda divisão. Mas a maioria dos são-paulinos acredita em uma nova virada de mesa, caso o clube carioca fique entre os quatro últimos.
Esse será o primeiro dos quatro jogos que os flamenguistas têm para tentar sair da zona de rebaixamento. Com 23 pontos, a equipe ocupa a 25ª colocação entre os 28 participantes do Nacional.
A situação do rival causa desconfiança e medo nos são-paulinos, que têm 37 pontos, estão em sétimo lugar e precisam da vitória para ficar mais perto das quartas-de-final da competição.
A mesma sensação deve ser experimentada por Internacional, São Caetano e Palmeiras, últimos adversários do Flamengo.
Os jogadores do São Paulo falam abertamente que temem ser prejudicados por erros de arbitragem na partida, que será apitada por Carlos Eugênio Simon. "Precisamos da vitória incontestável, com a maior vantagem possível, para evitar sermos prejudicados", disse o zagueiro Emerson.
"A minha manobra é em campo. Fora isso, não entendo", respondeu Zagallo. O técnico do São Paulo, Nelsinho Baptista, elogiou a escolha de Simon para o jogo.
Os comandados de Nelsinho, escaldados pelo que já aconteceu com o São Paulo no passado, temem que novamente a equipe possa acabar envolvida em um imbróglio criado pelos dirigentes.
Em 1999, o clube do Morumbi se viu nessa situação após derrotar o Botafogo-RJ por 6 a 1, no começo do Brasileiro. Ao alegar que o registro de Sandro Hiroshi estaria irregular, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBF tirou os pontos do São Paulo e os deu ao time carioca.
A manobra salvou o rival e levou o Gama ao rebaixamento. Mas o time brasiliense obteve na Justiça o direito de ficar no grupo de elite, apesar de ter sido criada a Copa João Havelange, na tentativa de driblar a determinação.
O atacante Luis Fabiano disse torcer para que o Flamengo assegure em campo a sua permanência na elite. "Quero vencer esse jogo, mas quero também que eles ganhem as outras partidas, para fugirem do rebaixamento. Assim, não teremos mais uma virada de mesa", justificou o jogador.
O fato de o presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, e os principais dirigentes do país dizerem que o clube terá de disputar a segunda divisão caso seja rebaixado, mesmo com a criação da liga nacional, não é suficiente para convencer os são-paulinos.
"O Flamengo vai disputar a primeira divisão no ano que vem, mesmo se ficar entre os quatro últimos", disse o goleiro Rogério, um dos líderes são-paulinos.
Apesar da situação difícil na tabela, o time carioca comemorará hoje seu aniversário de 106 anos com uma camisa especial.