São Paulo, Domingo, 16 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Vistoria no Brasil para a Copa começaria ontem à tarde sem levar em conta a competição de clubes
Para Fifa, Mundial não influi em 2006

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial ao Rio

Ter organizado o primeiro Mundial de Clubes da história da Fifa não significa nada. Pelo menos não para as pretensões do Brasil de abrigar a Copa de 2006, na disputa que trava com Inglaterra e Alemanha, os representantes europeus, e África do Sul e Marrocos, os candidatos do continente africano.
De acordo com Michel Zen-Ruffinen, secretário-geral da entidade máxima do futebol, a organização do Mundial de Clubes não será levada em conta na avaliação da candidatura brasileira.
Em entrevista à TV alemã, ele diz que o torneio, apesar de "muito bem organizado", "não era laboratório para a Copa de 2006".
E é também o que afirma Alan Rothenberg, responsável pela organização do Mundial dos EUA, em 1994, e atual vice-presidente da Fifa, o chefe da equipe que iniciaria ontem à tarde, em Porto Alegre, a inspeção dos principais estádios brasileiros.
Encabeçando uma comitiva de seis pessoas -os outros são Yousef Al Serkal, Walter Sieber, Urs Kneubuhler e Richard Read, todos da Fifa-, o norte-americano irá preparar um relatório que servirá como base de avaliação das possibilidades de o Brasil receber a Copa.
Ele não nega, no entanto, que a decisão, a ser tomada pelo Comitê Executivo da entidade em julho, na Suíça, tem uma "boa dose de política".
O próprio presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, diz que defende a Copa na África do Sul não por ser o país mais bem preparado para recebê-la, mas porque o continente africano jamais abrigou um Mundial de futebol.
Ele reconhece, no entanto, que os sul-africanos passam por sérios problemas na administração do esporte, com agressões seguidas a jogadores, técnicos e dirigentes e campanha dos principais clubes do país contra a candidatura a 2006.
Os ingleses e os alemães, pelo menos de acordo com avaliação preliminar da Fifa, estariam mais indicados para abrigar o torneio. A Europa, porém, já abrigou muitas competições recentes da entidade, como a Copa de 1982, na Espanha, a de 1990, na Itália, e a de 1998, na França.
No caso dos brasileiros, ajuda o fato de o país ter recebido apenas o Mundial de 1950, há 50 anos, portanto, e de o continente sul-americano não ter abrigado mais o torneio desde 1978, quando foi realizado na Argentina.
Ajuda também o fato de Rothenberg ser forte aliado do brasileiro João Havelange, ex-sogro de Ricardo Teixeira, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, e presidente da Fifa entre 1974 e 1998.
A vistoria dos estádios brasileiros começaria ontem, na capital gaúcha, quando a comissão visitaria o Beira-Rio, do Inter.
Para hoje, está programada visita ao estádio Joaquim Américo, em Curitiba, e almoço com Rafael Greca, ministro do Esporte e Turismo, e Jaime Lerner, governador do Paraná.
Amanhã haverá encontro com Mário Covas, governador de São Paulo, almoço com Zico, presidente do Comitê 2006, e, finalmente, vistoria do Morumbi.
Na terça, o grupo tem hora marcada com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Congresso Nacional, e na quarta volta ao Rio, onde verá as instalações do estádio do Maracanã, encontrará o governador Anthony Garotinho e terá almoço com o prefeito Luiz Paulo Conde.
Apesar de o Brasil ter indicado outros estádios também para receber jogos da Copa de 2006, eles só serão visitados mais tarde, caso o país ganhe a disputa pelo segundo Mundial do próximo milênio. Os estádios que serão analisados agora pela comitiva foram escolhidos pela CBF.


Texto Anterior: Torcedores são abandonados
Próximo Texto: Invasão de corintianos é perdoada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.