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FUTEBOL
Começou errado...
RODRIGO BUENO
A história irá registrar, sim, o
feito épico do Corinthians, mas todos os não-corintianos tratarão
de duvidar sempre da legitimidade do primeiro Mundial de Clubes
da Fifa.
O projeto do torneio é antigo,
ganhou força a partir de 1993 e
bem longe do Brasil, um dos somente nove países que manifestaram o desejo de abrigar a nova
idéia da máxima entidade do futebol.
A posterior escolha da Fifa pelo
país deveu-se a vários motivos.
Desde a fraca concorrência, que
incluía até o Tahiti, passando pela
tradição brasileira no futebol e
chegando ao consolo de não receber a Copa em 2006.
Os participantes, idealmente, seriam apenas seis, um de cada confederação. Mas a Fifa quis reproduzir o que fez com a Copa das
Confederações, torneio de seleções
que começou pequeno em 1992 e
tem hoje oito integrantes.
Como preencher as duas vagas
restantes? Dar espaço para um representante do país-sede é uma
saída fácil e comum, usada pela
Fifa desde 1930, quando o Uruguai organizou e ganhou a Copa.
A indicação de um time brasileiro para disputar o Mundial de
Clubes de 2000, portanto, é mais
do que justa. Mas como definir a
oitava vaga?
A decisão de colocar o campeão
do Mundial interclubes foi sim algo incomum e de difícil entendimento, pois o time que venceu em
Tóquio já havia vencido seu torneio continental e já deveria estar
garantido no torneio da Fifa.
Apelou-se, então, para um campeão do ano anterior. Aí, começou o erro. O Real Madrid, com
laços estreitos com a Fifa, abriu o
precedente.
O Real foi o primeiro clube confirmado na disputa e também o
primeiro clube que não deveria
estar na disputa.
Na sequência, a Ásia apostou no
Al Nassr. O time saudita, campeão da Supercopa da Ásia de 98,
foi o segundo time confirmado no
torneio que não deveria jogá-lo.
Esses erros iniciais permitiram à
CSF (Confederação Sul-Americana de Futebol) e à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) indicarem de forma equivocada seus
representantes.
De forma camuflada, as duas
entidades trataram apenas de escolher um time paulista e um carioca para viabilizar o evento.
O Palmeiras é quem ostenta hoje o escudo da Sul-Americana na
camisa e teria total direito em representá-la no Mundial. Já o Corinthians ostenta hoje o escudo da
CBF por ter vencido o brasileiro
de 99, mas jogou o Mundial por
ter usado o escudo em 98.
A CBF errou. A Sul-Americana
errou. A Confederação Asiática
errou. Mas quem errou primeiro
foi a Fifa, que terá que administrar seu erro nas futuras edições
do Mundial, colocando sempre
campeões fora de época.
2001 ou 2002? Oito ou 16 times?
Manchester, Ásia ou Austrália?
Não importa. O próximo Mundial
de Clubes terá novamente times
com indicação duvidosa e um invejado campeão da Fifa.
NOTAS
Público
Mal, especialmente em São
Paulo. Sobraram ingressos em
alguns jogos, e filas astronômicas na final. E o público brasileiro, mais uma vez, mostrou
desinteresse em ver jogos entre
times estrangeiros.
Horários
Mal. Beneficiaram os times
brasileiros. O Corinthians jogou sabendo do resultado do
Real. E o Vasco jogou com
temperatura mais amena do
que o Manchester United.
Nível técnico
Mal. Os quatro grandes renderam pouco. Os quatro figurantes se superaram.
Estádios
Razoável. Morumbi e Maracanã melhoraram com as reformas, mas pouco.
Organização
Razoável. Com 32 equipes na
edição de 2010, será muito
mais complicado.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
Rodrigo Bueno escreve aos domingos
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