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FUTEBOL
Dívidas de clubes e falta de ídolos e parceiros ditam a modalidade no país
Pré-Olímpico ofusca a crise dos grandes times chilenos
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A CONCEPCIÓN
O Chile mostra no Pré-Olímpico que tem uma talentosa geração, mas o futebol do país escancara em meio ao torneio uma de
suas maiores crises extracampo.
Os maiores clubes do país estão
quebrados. A maioria dos times
se sustenta em um único investidor, uma cerveja. E os poucos ídolos do país, como Zamorano e Salas, estão se aposentando ou vivendo decadência na carreira.
O mais famoso e popular clube
chileno, o Colo Colo, está sem casa. Credores exigiram que o estádio Monumental fosse colocado à
venda no final de 2003. O clube,
quebrado, já está pronto para se
desfazer de seu campo e luta para
que algum parceiro apareça para
construir uma nova arena, pequena, na região de Santiago.
Devido ao não-pagamento de
impostos e por uma suposta evasão de dinheiro intencional, o
presidente do Colo Colo, Peter
Dragicevic, foi preso. Alegando
não ser responsável pela quebra
do clube, acabou inocentado.
O mesmo ocorre com a Universidad de Chile, outro dos grandes
do país. O governo pediu a falência da entidade, cujas dívidas superam em muito o patrimônio
real da instituição. "Nunca evadimos nada. Declarávamos todos os
impostos. O problema é que não
temos dinheiro para pagá-los",
diz René Orozco, presidente da
"U", como é chamado o time.
A Universidad de Chile, time
que conta com o apoio de uma
multinacional [LG], coisa rara no
país, deve mais de US$ 9 milhões
para o governo e mais de US$ 1
milhão para seus atletas. Os jogadores não recebem há dois meses,
e funcionários, há quatro.
Oito clubes que jogaram o último campeonato da primeira divisão mostram a Cristal como patrocinador (metade dos que participaram). A crise fez com que o
Cobreloa, time da região do cobre, tivesse dois títulos em 2003.
A empresa que fabrica a Cristal,
porém, anunciou recentemente
substancial redução em seus investimentos no esporte -em
2000, 13 times da elite do futebol
chileno lucravam com a firma.
O Cobreloa, o grande vencedor
do futebol chileno em 2003, também está em dificuldades, apesar
de ser um dos mais ricos do país.
Sua dívida com o governo é de
cerca de US$ 3,5 milhões. O acanhado estádio do time seria ampliado para a Libertadores, mas
não há dinheiro para as obras.
Gerardo Mella, presidente do
Cobreloa, rival do São Paulo na
Libertadores, pediu formalmente
ajuda ao governo chileno para
que não aconteça a "quebra de todo o futebol nacional".
A tradicional apresentação do
elenco do Colo Colo para 2004 resume o momento. Normalmente,
a festa é grandiosa. Mas o clube
gastou pouco mais de US$ 5.000
em contratações e não houve nenhuma pompa. "São tempos difíceis", afirma Tomás Cox, que cuidou do evento.
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