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Del Nero cria norma para se perpetuar
Sete federações negam tese da FPF de que CBF impôs extensão de mandatos
Cartolas de federações dizem que aprovaram lei só para Ricardo Teixeira ficar até 2014, com brecha para repetirem seu exemplo
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em nota, a FPF (Federação
Paulista de Futebol) disse que
aumentou a permanência de
seu presidente Marco Polo Del
Nero em mais quatro anos, de
2010 a 2014, "conforme normatização da CBF" -assim, ele ficará 11 anos na entidade. Baseia-se nos artigos 102 e 103 do
estatuto da confederação para
dizer que mandatos "na federação deverão ser prorrogados"
até a Copa realizada no Brasil.
Todos os sete dirigentes de
outras federações ouvidos pela
Folha negaram a existência
dessa obrigação no estatuto da
CBF. Afirmaram que havia brecha, mas sem imposição.
Foram as federações que
aprovaram o novo estatuto, em
2006. Pelo artigo 102, o mandato seguinte do presidente da
CBF, que realizaria eleição em
2007, valeria até 2014 caso o
Brasil fosse escolhido como sede da Copa do Mundo. Em julho passado, Ricardo Teixeira
foi reeleito, por sete anos.
Pelo artigo 103, as federações
deveriam se adequar ao novo
estatuto em 180 dias, a partir de
agosto de 2006, mas sem menção ao item anterior.
Assim, mesmo se a FPF interpretou essa adaptação como
esticar o mandato de seus dirigentes, não poderia ter tomado
a decisão anteontem. O prazo
para a adequação terminou em
janeiro de 2007.
De oito federações ouvidas
pela reportagem, só a FPF interpretou que havia obrigação
de extensão de seus mandatos
até 2014. As outras consultadas
foram: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Espírito
Santo e Santa Catarina.
A federação do Rio de Janeiro desconhecia a norma.
"Isso [federações] nunca surgiu em assembléia. Mas houve
uma maioria que fez", afirmou
o presidente da federação do
Rio Grande do Sul, Francisco
Noveletto, que disse não haver
orientação da CBF e que não
recorrerá à prorrogação.
A federação de Santa Catarina alongou o mandato de Delfim Peixoto até 2014 após assembléia geral, como em São
Paulo. Porém a alteração foi
feita antes do novo pleito.
"Fizemos uma consulta à
CBF, que disse que havia a possibilidade de aumentar. Mas
não seria uma obrigação", disse
o assessor jurídico da federação, Rodrigo Capella.
É a opinião de Marcus Antônio Vicente, presidente da federação do Espírito Santo, que
também aumentou seu mandato. "A CBF não pode legislar sobre os estatutos das federações", explicou ele.
Interlocutores de Teixeira
confirmam que ele não vê base
legal para interferir nas federações. E nem deu ordem para
aumentar os mandatos. Oficialmente, após questionada, a
CBF não quis comentar o caso.
Ontem, a assessoria da FPF
disse que Del Nero não se manifestaria e que "a decisão [de
inflar o mandato] é a correta".
Colaborou RODRIGO BUENO , da
Reportagem Local
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