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Bruno, 25, devolve o clã "Senna"
à F-1
Brasileiro estreia na principal categoria do automobilismo na abertura do Mundial, na Austrália, no dia 29 de março
Quinze anos após assistir à morte de Ayrton, sobrinho assina por três anos com a equipe que até dezembro carregava o nome da Honda
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Quinze anos após assistir pela TV à trágica morte do tio
Ayrton, Bruno recolocará o sobrenome Senna no grid da F-1.
O brasileiro, 25, assinou contrato de três anos com a equipe
que até dezembro carregava o
nome da Honda e estreará na
categoria no mês que vem, na
Austrália, abertura do Mundial.
Será companheiro do inglês
Jenson Button. Vai se tornar,
assim, o 29º piloto do país a
participar do principal campeonato do esporte a motor.
Os primeiros -e únicos-
testes pré-temporada ocorrem
entre 9 e 12 de março, em Barcelona. Em seguida, Bruno,
Button e a equipe irão viajar a
Melbourne para iniciar a adaptação ao fuso horário. O Mundial de F-1 começa no dia 29.
Pouco tempo para testar, mas
um luxo para uma escuderia
que sofreu ameaça de extinção.
Por ora, nem Bruno, que embarca hoje para a Inglaterra,
nem a escudeira comentam o
acerto. Tampouco confirmam
que disputarão a temporada.
Mas a Folha apurou que o
anúncio é só questão de tempo.
À imprensa europeia, porém,
ele fala como piloto da F-1.
"Com certeza, será um grande desafio. Nos últimos anos,
nenhum piloto estreou com
tão pouca quilometragem. Vou
andar de 1.000 km a 1.200 km
antes da primeira corrida. Mas
é melhor começar na F-1 assim,
de uma maneira difícil, do que
ficar fora. Como não será por
uma equipe de ponta, a pressão
será menor", afirma Bruno, em
entrevista à edição de hoje da
revista italiana "Autosprint".
A chegada à F-1 é o auge de
uma ascensão meteórica, sem
precedentes entre os brasileiros que correram o Mundial.
Há cinco anos, Bruno nem
sequer era piloto: cursava administração de empresas em
São Paulo. Kartista na infância,
estava fora das pistas desde a
morte do tio, em 1º de maio de
1994 -tinha dez anos.
Só voltou ao esporte incentivado por Gerhard Berger, amigo da família desde os tempos
em que dividia a McLaren com
Senna, entre 90 e 92. Foi o austríaco que conseguiu a participação de Bruno em seis etapas
da F-BMW inglesa, a partir de
agosto de 2004. Deu certo.
Correndo contra pilotos
mais experientes, arrancou
uma sexta posição em Donington Park -onde seu tio fez sua
prova mais espetacular, em 93.
Em 2005, disputou sua primeira temporada completa em
uma categoria, o Inglês de F-3.
Terminou em décimo. No ano
seguinte, foi terceiro, resultado
que o credenciou a tentar, em
2007, a GP2, "escola" da F-1.
Com uma vitória e dois terceiros lugares, fechou o campeonato em oitavo. Em 2008,
disputou o título: venceu duas
provas e foi vice, a 12 pontos do
campeão, Giorgio Pantano.
Seus resultados nas pistas e o
sobrenome chamaram a atenção. Em novembro, ele participou de um "vestibular" na
Honda, contra Lucas di Grassi.
Venceu. E, quando se preparava para um segundo teste,
contra Rubens Barrichello, a
Honda anunciou a saída da F-1.
O motivo da decisão da montadora: a crise mundial. Nick
Fry e Ross Brawn, dirigentes
da equipe, porém, receberam
prazo para buscar alternativas.
Foi o que fizeram. Sem nome
e dinheiro da Honda, a equipe
que irá ao grid de Melbourne
terá auxílio da FOM, holding
comandada por Bernie Ecclestone, e motores e câmbios
Mercedes-Benz. Bruno ajudará
na conta, levando ao menos um
de seus patrocinadores, a Embratel. A ideia é buscar um
comprador ao longo do ano.
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