São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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Com campanha recorde, São Paulo teme o "mata"

Com o melhor aproveitamento da era profissional do Paulista, equipe pode sair invicta em jogo sem volta

EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dono de uma campanha irrepreensível, marcada por um aproveitamento de pontos espetacular, que supera o de todos os times campeões da era profissional do Paulista. Mesmo assim, o São Paulo está com medo.
O invicto clube do Morumbi, que conquistou até agora 92,5% dos pontos que disputou no torneio ao vencer oito rivais e empatar com um, sente a pressão de voltar a um mata-mata após ostentar uma trajetória invejável durante a fase de classificação.
O time, que pega o São Caetano em um único jogo decisivo no domingo, passou, com a vitória de anteontem por 2 a 1 sobre o Juventus, o aproveitamento do Palmeiras de 1996 (92,2%), time que fez a melhor campanha do profissionalismo no Estadual -a era profissional teve início em 1933.
A melhor campanha do São Paulo em Paulistas já havia sido deixada para trás antes do proclamado "jogo da entrega" contra o Juventus. Em 1946, o São Paulo teve 90% de aproveitamento, e o time de Cuca chegou ao Anacleto Campanella anteontem tendo ganho 91,6% dos pontos jogados.
Mesmo sem falar que seu time podia entrar para a história do Estadual, o técnico Cuca justificava a necessidade de uma vitória contra a equipe da Mooca pela tentativa de uma campanha quase perfeita. "Temos que manter o nosso aproveitamento", afirmou ele.
Porém os números de nada podem adiantar daqui para a frente.
Não à toa, a lembrança do fatídico Campeonato Brasileiro-2002 voltou com força no Morumbi.
Na ocasião, o time comandado pelo técnico Oswaldo de Oliveira se projetou como principal favorito ao título nacional após encerrar a primeira fase com uma larga vantagem sobre os rivais.
Como agora, os são-paulinos também "sobravam" no torneio -em 2002, construíram uma série de dez vitórias na competição, até hoje seu recorde no Brasileiro.
O sonho são-paulino, porém, ruiu nos pés de Diego e Robinho em apenas duas partidas, vencidas pelo Santos, que obtivera a última vaga para os mata-matas.
O fracasso deu ao time o ingrato rótulo de "pipoqueiro" entre seus próprios torcedores, fama que foi reforçada de lá pra cá com os seguidos tropeços da equipe nas horas mais agudas das competições.
A possibilidade de um desastre agora é ainda pior. O clube do Morumbi defenderá sua eficiência no Estadual em apenas um jogo. E pode chegar ao absurdo de ser eliminado sem perder e com um aproveitamento digno de campeão (86,6%). A última vez que o time saiu invicto do Paulista foi em 1972 -na ocasião, foi vice.
Por isso, antes mesmo da definição dos mata-matas, o superintendente de futebol do clube, Marco Aurélio Cunha, conversou com a delegação sobre o assunto.
"Teremos de trabalhar isso durante a semana. Agora tem de ser assim, precisamos nos preparar da melhor forma possível para cada jogo para evitar um tropeço de forma prematura", disse Cunha.
O técnico Cuca voltou a criticar o regulamento do torneio.
"Fizeram isso conosco, agora vamos ter jogar com essa possibilidade [eliminação]", declarou o treinador, ressaltando que não é uma vantagem atuar no Morumbi, local da partida de domingo.
"Não teremos vantagem nenhuma. O Morumbi é um campo quase neutro, a torcida fica muito longe do gramado, que é muito bom", declarou o treinador.
Caso haja empate contra o São Caetano, rival que ostenta um aproveitamento de 63,3% no torneio, o jogo irá para a prorrogação, que não prevê a "morte súbita". Caso o empate persista, a decisão será na disputa de pênaltis.
"O São Caetano está entre as quatro maiores equipes do Brasil hoje. O jogo de domingo é um jogo sem favoritos", disse o goleiro Rogério, que também lamentou a fórmula de disputa do Paulista.
"Fizemos 25 pontos em 27 possíveis. Estamos invictos, e o São Paulo só foi campeão invicto uma vez, em 1946", afirmou ele.
Desde 1972, quando o Palmeiras foi campeão, o Paulista não vê um campeão sem derrotas.


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