São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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CICLISMO

Métodos escusos integravam rotina de competidores

Sob investigação, atleta escancara maneiras de burlar antidoping

DA REPORTAGEM LOCAL

Atestados falsos, autotransfusão de sangue, uso deliberado de drogas indetectáveis e métodos escusos para burlar os controles.
Essa é a rotina dos ciclistas que disputam as principais provas da Europa segundo Philippe Gaumont, atleta da Cofidis, equipe investigada pela Justiça francesa por tráfico de substâncias dopantes.
"As transfusões são só para os peixes graúdos porque eles precisam pagar um médico para executá-las", contou Gaumont, que rompeu o silêncio em entrevista ao diário francês "Le Monde".
As autotransfusões consistem em o ciclista injetar, durante a competição, seu próprio sangue, colhido dias antes. Isso favorece a oxigenação, o que representa uma boa vantagem em provas desgastantes como a Volta da França.
Um grande revés para os fraudadores ocorreu com a descoberta do método de detecção da EPO, droga que estimula a produção de glóbulos vermelhos, melhorando a oxigenação sangüínea.
"Desde então, não se pode mais consumi-la durante as corridas. Seus efeitos diminuem com o tempo. Por isso, os ciclistas recorrem à autotransfusão", relatou.
Nem todo método proibido é tão oneroso aos atletas e passa por supervisão de especialistas. Há drogas usadas livremente, sem temor de um resultado positivo.
"Os competidores utilizam como bem entendem o hormônio de crescimento, que não é detectado nos controles", afirmou ele.
Gaumont revelou ainda que há maneiras de burlar os controles mesmo para substâncias que já são flagradas no antidoping.
"Para a testosterona, é suficiente colocar uma cápsula de Pantestona sob a língua", relatou o ciclista, referindo-se a uma das versões comerciais do hormônio, eliminada mais rapidamente do que quando a droga é injetada.
Alguns ciclistas também conseguem receitas médicas para tratar de falsas doenças. "Quando vão fazer o exame, eles dizem que são alérgicos e que tomaram um produto por via nasal pela manhã. Com isso, podem injetar uma droga proibida porque o controle não sabe diferenciar como a substância entrou no organismo."


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