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CICLISMO
Métodos escusos integravam rotina de competidores
Sob investigação, atleta escancara maneiras de burlar antidoping
DA REPORTAGEM LOCAL
Atestados falsos, autotransfusão de sangue, uso deliberado de
drogas indetectáveis e métodos
escusos para burlar os controles.
Essa é a rotina dos ciclistas que
disputam as principais provas da
Europa segundo Philippe Gaumont, atleta da Cofidis, equipe investigada pela Justiça francesa por
tráfico de substâncias dopantes.
"As transfusões são só para os
peixes graúdos porque eles precisam pagar um médico para executá-las", contou Gaumont, que
rompeu o silêncio em entrevista
ao diário francês "Le Monde".
As autotransfusões consistem
em o ciclista injetar, durante a
competição, seu próprio sangue,
colhido dias antes. Isso favorece a
oxigenação, o que representa uma
boa vantagem em provas desgastantes como a Volta da França.
Um grande revés para os fraudadores ocorreu com a descoberta do método de detecção da EPO,
droga que estimula a produção de
glóbulos vermelhos, melhorando
a oxigenação sangüínea.
"Desde então, não se pode mais
consumi-la durante as corridas.
Seus efeitos diminuem com o
tempo. Por isso, os ciclistas recorrem à autotransfusão", relatou.
Nem todo método proibido é
tão oneroso aos atletas e passa por
supervisão de especialistas. Há
drogas usadas livremente, sem temor de um resultado positivo.
"Os competidores utilizam como bem entendem o hormônio
de crescimento, que não é detectado nos controles", afirmou ele.
Gaumont revelou ainda que há
maneiras de burlar os controles
mesmo para substâncias que já
são flagradas no antidoping.
"Para a testosterona, é suficiente
colocar uma cápsula de Pantestona sob a língua", relatou o ciclista,
referindo-se a uma das versões
comerciais do hormônio, eliminada mais rapidamente do que
quando a droga é injetada.
Alguns ciclistas também conseguem receitas médicas para tratar
de falsas doenças. "Quando vão
fazer o exame, eles dizem que são
alérgicos e que tomaram um produto por via nasal pela manhã.
Com isso, podem injetar uma
droga proibida porque o controle
não sabe diferenciar como a substância entrou no organismo."
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