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BASQUETE
Moda e moldes
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
"Não se ergue um vencedor de um dia para outro.
Afinar um time demanda autoconhecimento e muito treino."
Como, então, explicar o sucesso
na NBA de equipes como Cleveland e Denver? Reconstruídos do
zero por audaciosos cartolas, os
lanternas do campeonato passado hoje se encontram na zona de
classificação para os mata-matas.
"A renovação precisa ser feita
gradualmente. Não se pode
apressar a natureza. A experiência dos jogadores é fundamental
para o sucesso de um equipe."
Diga isso aos adversários atropelados pelos cintilantes LeBron
James e Carmelo Anthony, os calouros adolescentes que carregam
nos ombros as esperanças de Cleveland e Denver. Ou aos que comem a poeira dos três times mais
jovens da liga norte-americana,
os três vivos na corrida pelos playoffs: Cleveland (24,3 anos), Utah
(25,1) e Memphis (25,5).
"Os tempos mudaram. Os atletas ganharam mais dinheiro, fama e poder. Não rendem se treinados por um vovô. Preferem um
comandante que fale sua língua,
que tolere seus chiliques."
Enquanto outros técnicos usam
oito jogadores, Hubie Brown adota uma rotação fixa de dez. Somente um, o ala-pivô espanhol
Pau Gasol, participa de dois terços da partida (32 minutos, na
pinta). Assim, ninguém se considera dono da equipe. Em quadra,
há sempre um quinteto fresco,
disposto a provar que merece seguir atuando. Brown, que sem ferir suscetibilidades enterrou a histórica mentalidade perdedora do
Memphis, tem 70 anos.
"Técnico não ganha jogo. O
basquete, com ação explosiva
contínua, detona jogadas ensaiadas e exige dos próprios atletas soluções para armadilhas táticas."
Mas a quem, senão ao novo
treinador Rick Carlisle, deve-se
creditar a ascensão do Indiana,
que lidera a tabela com um elenco menos poderoso do que o que
parou em 10º lugar em 02/03? O
clube perdeu nesta temporada
um all-star (o pivô Brad Miller) e
não trouxe reforço de peso.
"Um grupo que reconheça suas
virtudes e defeitos, bem entrosado, em ambiente tranqüilo, compensa deficiências e desfalques."
O armador Kobe Bryant, julgado por estupro pela Justiça do Colorado, chamou de "preguiçoso" e
"balofo" o pivô Shaquille O'Neal,
que respondeu com acusações de
"egocêntrico" e "esnobe". O armador Gary Payton esculhambou a tática dos triângulos e lamentou ter assinado contrato. E o
ala-pivô Karl Malone acusou os
médicos da equipe de cometer um
erro de diagnóstico que lhe custou
um mês no estaleiro. Ainda assim, o Los Angeles Lakers, com
65,2% de aproveitamento, cumpre uma campanha mais vitoriosa do que a de 02/03 (61%).
"Um craque muda a história do
jogo e do campeonato. Um time
precisa de estrelas para vingar."
De novo, dê uma olhada no
Memphis e no Denver. Ou no Milwaukee, outro time-cinderela de
uma temporada didática, que demole a cada semana uma dessas
estúpidas "verdades verdadeiras"
que assolam o esporte, geralmente desculpas esfarrapadas de
quem não gosta de trabalhar e se
contenta com pouco.
Te vi na NBA 1
Com todo o respeito aos esforçados Marco Túlio Reis e Marcel, é de
Cristina Lyra a única "jogada show" das transmissões da Rede TV!. A
âncora não erra os nomes, soa familiarizada com o esporte e esbanja
simpatia. Quando engata um "catwalk" em direção à câmera, ai.
Te vi na NBA 2
Nos corredores da emissora, fala-se que as partidas da liga norte-americana (noites de sábado) rendem o dobro de audiência das do
Brasileiro masculino (hora do almoço de sábado ou domingo).
Te vi na NBA 3
A Rede TV!, que costuma tropeçar, acertou. O sábado terá Memphis
x Indiana, os melhores times do ano, pouco badalados na TV de cá.
E-mail melk@uol.com.br
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