São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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BASQUETE

Moda e moldes

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

"Não se ergue um vencedor de um dia para outro. Afinar um time demanda autoconhecimento e muito treino."
Como, então, explicar o sucesso na NBA de equipes como Cleveland e Denver? Reconstruídos do zero por audaciosos cartolas, os lanternas do campeonato passado hoje se encontram na zona de classificação para os mata-matas.
"A renovação precisa ser feita gradualmente. Não se pode apressar a natureza. A experiência dos jogadores é fundamental para o sucesso de um equipe."
Diga isso aos adversários atropelados pelos cintilantes LeBron James e Carmelo Anthony, os calouros adolescentes que carregam nos ombros as esperanças de Cleveland e Denver. Ou aos que comem a poeira dos três times mais jovens da liga norte-americana, os três vivos na corrida pelos playoffs: Cleveland (24,3 anos), Utah (25,1) e Memphis (25,5).
"Os tempos mudaram. Os atletas ganharam mais dinheiro, fama e poder. Não rendem se treinados por um vovô. Preferem um comandante que fale sua língua, que tolere seus chiliques."
Enquanto outros técnicos usam oito jogadores, Hubie Brown adota uma rotação fixa de dez. Somente um, o ala-pivô espanhol Pau Gasol, participa de dois terços da partida (32 minutos, na pinta). Assim, ninguém se considera dono da equipe. Em quadra, há sempre um quinteto fresco, disposto a provar que merece seguir atuando. Brown, que sem ferir suscetibilidades enterrou a histórica mentalidade perdedora do Memphis, tem 70 anos.
"Técnico não ganha jogo. O basquete, com ação explosiva contínua, detona jogadas ensaiadas e exige dos próprios atletas soluções para armadilhas táticas."
Mas a quem, senão ao novo treinador Rick Carlisle, deve-se creditar a ascensão do Indiana, que lidera a tabela com um elenco menos poderoso do que o que parou em 10º lugar em 02/03? O clube perdeu nesta temporada um all-star (o pivô Brad Miller) e não trouxe reforço de peso.
"Um grupo que reconheça suas virtudes e defeitos, bem entrosado, em ambiente tranqüilo, compensa deficiências e desfalques."
O armador Kobe Bryant, julgado por estupro pela Justiça do Colorado, chamou de "preguiçoso" e "balofo" o pivô Shaquille O'Neal, que respondeu com acusações de "egocêntrico" e "esnobe". O armador Gary Payton esculhambou a tática dos triângulos e lamentou ter assinado contrato. E o ala-pivô Karl Malone acusou os médicos da equipe de cometer um erro de diagnóstico que lhe custou um mês no estaleiro. Ainda assim, o Los Angeles Lakers, com 65,2% de aproveitamento, cumpre uma campanha mais vitoriosa do que a de 02/03 (61%).
"Um craque muda a história do jogo e do campeonato. Um time precisa de estrelas para vingar."
De novo, dê uma olhada no Memphis e no Denver. Ou no Milwaukee, outro time-cinderela de uma temporada didática, que demole a cada semana uma dessas estúpidas "verdades verdadeiras" que assolam o esporte, geralmente desculpas esfarrapadas de quem não gosta de trabalhar e se contenta com pouco.

Te vi na NBA 1
Com todo o respeito aos esforçados Marco Túlio Reis e Marcel, é de Cristina Lyra a única "jogada show" das transmissões da Rede TV!. A âncora não erra os nomes, soa familiarizada com o esporte e esbanja simpatia. Quando engata um "catwalk" em direção à câmera, ai.

Te vi na NBA 2
Nos corredores da emissora, fala-se que as partidas da liga norte-americana (noites de sábado) rendem o dobro de audiência das do Brasileiro masculino (hora do almoço de sábado ou domingo).

Te vi na NBA 3
A Rede TV!, que costuma tropeçar, acertou. O sábado terá Memphis x Indiana, os melhores times do ano, pouco badalados na TV de cá.

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