São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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PÓLO

Primo do presidente são-paulino coleciona troféus da modalidade na Argentina, país que é um trauma para os tricolores

Clã Gouvêa galopa onde o São Paulo pasta

LUÍS FERRARI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Argentina, de longe o pior lugar do mundo para o São Paulo, virou agora um recreio para a família do presidente são-paulino, Marcelo Portugal Gouvêa.
O país que é referência mundial no pólo viu no final do ano passado Ricardo Portugal Gouvêa e sua equipe, Fazenda Cabreúva, faturar o Torneio Campanha do Deserto e a Copa Presidente, duas tradicionais disputas na Argentina, onde o São Paulo perdeu todas as partidas na Libertadores -não fez nenhum gol nelas- e venceu só um de seus 19 confrontos oficiais: 3 a 2 no Boca Juniors pela Supercopa, dez anos atrás.
Ricardo, ou Rick, como é chamado na família, é primo do presidente tricolor e mantém a tradição Gouvêa no pólo. ""Jogo há uns dez anos. Comecei a montar com três anos de idade, na fazenda da família", disse o polista (hoje com 34), que viveu um ano na Argentina para crescer na modalidade.
O pai de Ricardo, que tem o mesmo nome de Rick, mas o apelido de Tai, já tinha se destacado antes no pólo. ""Ele começou no esporte há uns quarenta anos. É da segunda geração do pólo no país", afirma Ricardo, que se prepara para a abertura da temporada no Brasil, no final deste mês.
""Eu acompanhei a carreira do Ricardo pai. Chegava sempre quebrado em casa e contava que era o jogo de pólo. Não sabia que o Ricardo filho estava tão bem no esporte. Fico feliz", disse o presidente do São Paulo, que não poderá viajar à Argentina para ver o duelo contra o Quilmes hoje.
""Gosto da Argentina. Já fui umas dez ou 12 vezes passear lá. Assisti a dois jogos na Argentina, um da seleção. Desta vez, não pude ir", disse Marcelo Portugal Gouvêa, que pertence ao braço da família que não seguiu o pólo.
Tradicionalmente praticado por nobres ingleses, o pólo sempre foi associado à aristocracia por exigir altos investimentos.
"Para disputar um torneio, incluindo a contratação de jogadores, o transporte e cuidados com os cavalos, gasto US$ 100 mil [R$ 270 mil]", diz Rick, cujo clube de coração também tem imagem ligada à elite desde os seus primórdios -ele, aliás, tinha como avô Sebastião Portugal Gouvêa, um dos fundadores do clube.
Ele costuma usar oito cavalos por jogo. "Mas em partidas importantes, como finais, tenho dez à disposição." Deu até nome de ídolos são-paulinos aos animais. ""Raí era um bom cavalo."
Para ajudar no custeio, ele conta com o patrocínio de um escritório de advocacia, a primeira empresa do gênero a estampar seu logotipo em uniformes da modalidade.
"O pólo é ligado à elite. Para o escritório, especializado em direito internacional e imobiliário, incentivá-lo pode render clientes", diz o advogado David Goldshmidt, para quem a vantagem do patrocínio é o acesso a investidores estrangeiros, fãs do "jogo dos príncipes", esporte responsável pelo início de um namoro nobre.
Foi numa partida de pólo, em 1970, que o príncipe Charles, futuro rei inglês, conheceu a sua noiva, Camilla Parker-Bowles.


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