São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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Desmotivado, Scherer deixa as piscinas aos 32

Dono de dois bronzes olímpicos diz que não agüentava mais rotina de treinos

Ex-nadador calcula que teria que reduzir seu melhor tempo, de 1998, para vencer os 50 m livre no Pan pela quarta vez consecutiva

Caio Guatelli/Folha Imagem
Fernando Scherer participa de promoção de banheiras e piscinas em uma feira de São Paulo, horas após anunciar a aposentadoria


FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Scherer tinha tudo planejado. E até marcado na pele. No punho esquerdo, três estrelas tatuadas e o espaço reservado para mais uma.
Mas a desmotivação foi maior, e um dos mais importantes nadadores da história do Brasil decidiu encerrar sua carreira aos 32 anos.
Com isso, o catarinense Fernando de Queiroz Scherer, o Xuxa, vai precisar arrumar outro significado para sua tatuagem se quiser completá-la.
A quarta estrela representaria a Olimpíada de Pequim-08 e faria companhia a Atlanta-96, Sydney-2000 e Atenas-04, Jogos de que ele participou.
Em dois deles, ele não só competiu como brilhou: conquistou o bronze nos 50 m livre em 96 e integrou a equipe brasileira que ficou em terceiro nos 4 x 100 m livre em 2000.
"Sei o quanto precisaria me dedicar, e eu não tenho mais a motivação necessária para agüentar a rotina de treinos", afirmou ele, que nos últimos tempos era presença mais constante em programas de TV do que em campeonatos.
Nem mesmo a proximidade do Pan do Rio, que acontece em julho, foi capaz de dar fôlego para prolongar a carreira.
A competição é emblemática para Scherer, que é o atleta mais eficiente da história da natação brasileira em Pans. Disputou nove provas em três edições e só não chegou ao ouro em duas -foi prata e bronze.
Ele tinha planos familiares para competir não apenas no Rio mas também em Guadalajara, daqui a quatro anos.
Queria compor a equipe ao lado da filha, Isabella, 11, que treina em São Paulo.
"Já não me recupero mais do jeito que recuperava. Não vou me desafiar sabendo que não estou preparado", disse ele, que prevê que teria que nadar os 50 m abaixo dos 22 segundos para vencer a prova pela quarta vez seguida. Seu melhor tempo e recorde sul-americano (22s18) foi obtido no distante 1998.
Scherer encerrou a carreira, mas não pretende ficar longe das piscinas. Disse ter recebido e aceitado prontamente um convite do presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, para fazer clínicas como seu ex-rival Gustavo Borges, aposentado em 2004.
Sócio de uma marca de artigos esportivos, Scherer também vai trabalhar em um projeto social, em que 5.000 crianças, entre 10 e 16 anos, receberão material de natação.


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