São Paulo, domingo, 16 de março de 2008 |
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JUCA KFOURI É ferro no trio
O QUE vale o clássico de hoje, além da tradição? Vale pouco. E vale muito, pode valer, aliás, muitíssimo. Palmeiras e São Paulo se enfrentam em Ribeirão Preto num jogo em que o simbólico vale mais do que o próprio campeonato em disputa, campeonato que ambos já se fartaram de vencer, embora faça um tempo incômodo que o Palmeiras não o conquiste. E o que está em questão neste domingo é um pouco por aí. Por tudo o que já gastou e pela expectativa que criou, o Palmeiras precisa provar para si mesmo que é tão ou mais forte que os rivais. O São Paulo precisa demonstrar de que é capaz, enfim, de se firmar em 2008. Se depois o título virá ou não, é secundário, ao menos para o tricolor. Um empate mantém as chances de ambos seguirem firmes em direção às semifinais e nem a vitória de um lado garante a classificação nem a derrota do outro significa a eliminação. É muito mais do que isso o que está em jogo, portanto, por ser uma questão de honra. Peguemos o Corinthians, por exemplo, o outro integrante do Trio de Ferro que chegou ao G4 com ares de quem permanecerá, embora não tenha time para ganhar o título, a não ser por dessas coisas típicas do lotérico mata-mata. O Corinthians tem plena consciência quando se vê diante do Palmeiras ou do São Paulo de que é inferior aos dois. Como não pode se achar mais do que é, como fez diante do Juventus e se deu mal. Já o Palmeiras não pode olhar com complexo para o São Paulo, e o São Paulo precisa fingir que continua melhor que o rival. Por isso, quando Rogério Ceni afirma que o favoritismo é do adversário, por mais que queira transferir responsabilidades, ele diz a verdade nua e crua. O Palmeiras está melhor que o São Paulo, tem mais jogadores decisivos que o São Paulo, terá a volta de três titulares e anda com mais gana que o São Paulo, basta olhar para as recentes viradas que conseguiu. E, como nestas alturas do campeonato o estágio físico dos grandes já se igualou aos dos pequenos, tudo leva a crer que pelo menos os três gigantes da capital farão a decisão, já que a reação do gigante do litoral parece tardia, praticamente sem tempo do milagre que seria a possibilidade de ainda lutar pelo tricampeonato estadual. Ainda mais quando a tabela prevê quatro jogos duros pela frente, dois fora de casa (São Caetano e Guaratinguetá) e dois na Vila (Corinthians e Ponte Preta). Só mesmo o Rio Claro, também fora, parece favas contadas, sem se dizer que tudo isso entre duas partidas pela Taça Libertadores, com uma viagem para a Bolívia. Situação muito mais confortável tem o Trio de Ferro, praticamente inatingível perante os pequenos que terão de enfrentar. E é por tudo isso que Palmeiras e São Paulo farão um clássico com características especiais, de rivalidade em estado puro. Porque, se é legítimo supor que ambos venham a decidir o campeonato mais adiante, não será loucura imaginar o São Paulo se poupando na decisão por causa da Libertadores, muito mais importante. Mas hoje não, hoje nada é mais relevante que este clássico. blogdojuca@uol.com.br Texto Anterior: "Prato feito" é recordação bizarra de Kiev Próximo Texto: "Mal-amado", Tupi tenta arrebatar seus conterrâneos Índice |
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