São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2010

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Bia, 13, tenta provar que tamanho, não idade, pode fazer diferença no tênis

Marcelo Ruschel/Poa Press
Atenista Bia Maia, em Porto Alegre, onde hoje
estreia em torneio da categoria 18 anos


FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A BLUMENAU

No circuito profissional, a presença da tenista Beatriz Haddad Maia, 1,83 m, já mereceria destaque. Entre as top 10, só não seria mais alta que a número cinco, a americana Venus Williams, 1,85 m.
O cartaz, por ora, vem na categoria 18 anos, em eventos infantojuvenis. Por conta de sua estatura. Mas não só.
A paulista tem 13 anos.
"Isso é normal na Europa, onde a estrutura física das jogadoras permite essa mudança brusca", afirma o diretor infantojuvenil da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), Patrício Arnold.
Na América do Sul, porém, é fato raro. "Nossos parâmetros geralmente permitem pular apenas uma categoria", completa Arnold.
Beatriz, ou Bia Maia para o circuito, avançou duas.
O técnico do Pinheiros e do Instituto Tênis, Luis Fabiano Ferreira, diz que Bia vive uma "transição antecipada". "Ela está evoluindo, vai ficar mais competitiva."
Ferreira acredita que a tenista não vai parar por aí. Deve crescer mais "três ou quatro centímetros", estima.
Por enfrentar adversárias até quatro anos mais velhas, a brasileira experimenta vida mais difícil do que se estivesse em sua categoria.
Em torneios no Chile e na Argentina, não passou do qualificatório. E nos mais importantes torneios brasileiros, Banana Bowl e Copa Gerdau, só entrou na chave principal como convidada.
No Banana Bowl, na semana passada, em Blumenau, Bia caiu na estreia ante a eslovaca Anna Schimdlova, 107ª do ranking mundial.
"Além de serem mais fortes e rápidas, minhas rivais são muito mais experientes", declara ela, atleta do Pinheiros e do Instituto Tênis.
Responsável pela definição dos convites no Banana Bowl e na Copa Gerdau, Arnold conta que a CBT está monitorando as performances de Bia. "É preciso avaliar com cuidado. Ela não pode se acostumar a perder", diz ele, ex-tenista profissional.
"No começo, vai ser difícil. Afinal, muda a perspectiva. Ela vai perder muito mais do que ganhar. É preciso lidar com a frustração", diz a mãe de Bia, Lais Haddad, 1,66 m.
Segundo ela, que é professora de tênis (também disputou torneios infantojuvenis) e comandou o trabalho de base da filha, Bia puxou o lado paterno. O pai, Airton, mede 1,88 m. E o avô, também Airton, 1,92 m.
Lais afirma que a diferença entre sua época e a da filha é muito grande ("não havia muito isso de subir de categoria"), mas a questão escolar continua a mesma. "Ela vai voltar de duas semanas fora e vai ter professor que vai dizer: "Vire-se".", lamenta a professora de tênis.
Mas Bia, que no ano passado ganhou 62 das 70 partidas que disputou na categoria 16 anos, não vai se dedicar exclusivamente à categoria 18 anos -no mês que vem, ela disputa o Sul-Americano na categoria 14 anos, no Brasil.
Hoje, Bia estreia na Copa Gerdau, em Porto Alegre, contra a equatoriana Marie Elise Casares, que veio do qualificatório. Tentará a primeira vitória na chave principal de um torneio na categoria que é seu novo desafio.


O jornalista viajou a convite da CBT


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