São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Ministério premia atleta dopado

ATLETISMO
Catarinense da marcha atlética pode receber R$ 2.500 mensais do Bolsa Atleta


DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

O primeiro nome da lista de contemplados do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte é o do catarinense José Alessandro Bernardo Bagio, 29, da marcha atlética.
Ele foi suspenso das competições em dezembro de 2010 por ter sido flagrado em exame antidoping no qual acusou a presença do esteroide 19-Norandrosterona.
Com duas Olimpíadas no currículo, enquadra-se na categoria "olímpico" do programa do ministério. Ficou apto a receber R$ 2.500 mensais dos cofres públicos, tal qual os demais 182 competidores incluídos nessa classe.
O marchador mora em Timbó (SC), onde cursa educação física e treina. Até antes de ser flagrado, mantinha-se com R$ 1.400 mensais, de uma malharia e de uma metalúrgica que o patrocinavam. Seu julgamento será neste mês, em Manaus, sede da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Bagio não respondeu aos recados deixados pela reportagem no celular e em sua casa. Ao seu treinador, Carlos Morastoni, ele afirmou ter ingerido a substância em maio.
Os exames foram feitos em setembro, após uma denúncia anônima e em época posterior a Bagio ter submetido ao ministério o pedido para ser agraciado com a verba. "Acho justo que ele perca a bolsa", admitiu Morastoni.
O Bolsa Atleta apresenta uma incongruência grave.
Para receber a ajuda do governo, o atleta deve enviar a Brasília, no primeiro semestre de cada ano, os resultados da temporada anterior, que são analisados para a liberação da bolsa. Só que o dinheiro só sai no ano seguinte ao do envio do pedido.
Ou seja, há uma diferença de mais de um ano entre o desempenho nas competições e os vencimentos a receber.
Bagio já havia pleiteado a bolsa-atleta no ano retrasado, mas a falta de documentação o impediu de ganhá-la.
Ricardo Leyser, secretário nacional de esporte de alto rendimento, responsável pelo programa Bolsa Atleta, disse que o nome do marchador catarinense será cortado da segunda lista de contemplados, sem previsão para ser divulgada. E que o atleta não vai receber o dinheiro.
Leyser diz que a responsabilidade por informar quem são os atletas impossibilitados de receber a bolsa é das confederações desportivas.
"Não podemos impedir um atleta de receber a bolsa baseados em notícias de jornal", disse. "Confiamos nas informações passadas pelas confederações esportivas."
A CBAt, por sua vez, declarou que não poderia antecipar as decisões do ministério. "Só sei quem são os atletas contemplados pela bolsa quando a lista é publicada", defendeu-se Martinho Nobre dos Santos, superintendente técnico da confederação.
Ele lamenta que os nomes não sejam enviados às confederações, o que poderia evitar casos como o de Bagio. "Nós temos que ir ao Diário Oficial para saber quem são os competidores da nossa modalidade no programa."


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