São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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FUTEBOL
Fábio Koff diz que projeto é 'autoritário' e afirma ter recebido seis propostas melhores do que a do ex-jogador
Líder do Clube dos 13 critica idéia de liga de Pelé

ROBERTO DIAS
MARCELO DAMATO
da Reportagem Local

O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, atacou ontem Pelé e seu projeto de liga profissional de futebol para o Brasil.
""Essa atitude é bem típica dele, autoritária, de cima para baixo. Primeiro fez a lei sem ouvir ninguém, da cabeça dele. Agora quer fazer a liga da cabeça dele também", disse o dirigente, referindo-se à Lei Pelé, que o ex-jogador fez na época em que ocupou o cargo de ministro dos Esportes.
O Clube dos 13 reúne 16 das principais equipes brasileiras. É ele que negocia, por exemplo, os contratos de transmissão do Campeonato Brasileiro.
Conforme a Folha publicou no domingo, as empresas de marketing esportivo Pelé Sports & Marketing e a Media Partners International, que tem sede em Milão, e a GV Consult, braço da Fundação Getúlio Vargas, assinaram uma carta de intenções no início de dezembro para criar uma empresa com o objetivo de fundar uma liga nacional de futebol no século 21.
A crise econômica brasileira, no entanto, esfriou os planos, que só se tornaram possíveis graças às regulamentações na legislação esportiva introduzidas pela Lei Pelé.
Até agora, as negociações só envolveram os três parceiros. Nem a Confederação Brasileira de Futebol nem os clubes haviam sido contatados ainda.
Koff disse estar irritado pelo fato de Pelé estar negociando uma liga sem ter falado com os clubes.
""Com que clube ele falou? Ele falou com algum? Me diga", afirmou à reportagem da Folha, nervoso.
"Quem é ele para apresentar projeto de liga? Ele pensa que, porque foi o rei do futebol, é o rei de tudo. Todo mundo é peão, e ele é o capataz. Isso deve ser bom para ele", acrescentou o presidente do Clube dos 13.
Em seguida, mais calmo, completou. ""Se ele quer fazer uma liga, que discuta no fórum adequado, que são os clubes. Se ele tem uma proposta, que venha apresentá-la, que venha ao Clube dos 13."
"Não é assim. Fecha com quatro, cinco empresários e faz prevalecer a vontade dele com os outros. Faz uma carta de intenções e diz: eu tenho a solução para o futebol brasileiro. Não se discutem os problemas do futebol brasileiro no exterior", disse o dirigente.
Koff afirmou que o Clube dos 13 já recebeu ""seis propostas de liga, todas melhores do que a do Pelé".
Mas, ao ser questionado sobre quais as diferenças e os autores, recuou e disse que não tem ""nada tão formalizado quanto essa, nada por escrito".

Rejeição
Koff não foi o primeiro dirigente ligado aos clubes a rejeitar o projeto de Pelé.
Anteontem, o vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, também criticara a idéia. "O Vasco está fora dessa", declarou.
Por outro lado, Paulo Angioni, coordenador da Parmalat para o Palmeiras, apoiou a idéia. "As equipes poderiam investir melhor", afirmou.
Já Hildo Nejar, delegado da Confederação Sul-Americana de Futebol no Brasil e diretor da Federação de Futebol do Estado do Rio, afirmou que a liga só terá êxito se a CBF apoiá-la.
""Tem de ter a chancela da CBF. Isso segue um organograma: CBF, Conmebol, Fifa", argumentou.
À TV Cultura, Pelé negou a notícia de que ele estaria próximo de uma reconciliação com o presidente da CBF Ricardo Teixeira, de quem é desafeto desde 1983.
Por meio da CBF, a Folha tentou entrar em contato com Ricardo Teixeira, que estava em Brasília, para um encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, mas ele não retornou as ligações.


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