São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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China se aventura agora no mar

País da Olimpíada-08 estréia barco na seletiva para a principal disputa de vela oceânica do mundo

Empresário chinês investe R$ 87,5 milhões, com ajuda do governo, na Copa Louis Vuitton, em tentativa de erguer esporte na terra natal

ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A China deu mais um lance para ganhar visibilidade num esporte em que nunca brilhou. Após forjar recordista mundial de atletismo, jogador da NBA e tenista de alto nível, o país avança sobre a America's Cup, principal competição da vela.
A primeira aventura chinesa num esporte que pratica pouco será testemunhada por Valencia, balneário espanhol escolhido para abrigar a 32ª edição da prova. De hoje a 11 de junho, 11 barcos disputam (na Copa Louis Vuitton) uma vaga na final -na qual já está o suíço Alinghi, atual campeão. A decisão começa em 23 de junho.
Para dar as caras no iatismo, a China se valeu de know-how francês. A iniciativa foi do banqueiro e investidor Wang Chaoyong, que "alugou" os serviços do Le Defi. O grupo representou a França nas duas últimas edições da America's Cup.
Chaoyong pôs oficialmente 32 milhões (R$ 87,5 milhões) no negócio. Teve a ajuda do governo chinês, interessado na exposição do país visando os Jogos Olímpicos que Pequim organizará no ano que vem. Ainda assim, é o menor orçamento da America's Cup.
O maior desafio do time estreante foi construir um barco competitivo num estaleiro baseado na China. Com pouca tradição naval e uma costa de 11 mil quilômetros com escassos investimentos em instalações náuticas, os orientais precisaram improvisar nos treinos.
A equipe até navegou com um antigo barco usado pelo Le Defi enquanto a embarcação CHN95 não ficava pronta para a Louis Vuitton. O grupo francês forneceu ainda 16 dos 21 tripulantes -só cinco têm origem chinesa, mas já entram para a história como os primeiros do país na prova top da vela.
O sucesso de Chaoyong nos negócios não serviu para alavancar os resultados esportivos do CHN95. A equipe é a última no ranking desde 2005.
Para os planos do empresário, cujo nome significa "maré alta", é suficiente. A simples presença chinesa entre os cardeais da vela já rendeu aproximações, patrocínios extras e prováveis contratos.
Mas a estréia da China não é a mais charmosa desta America's Cup, agora verdadeiramente mundial (os times representam dez países dos cinco continentes). Um barco sul-africano, o Team Shosholoza, centralizou as atenções nas regatas prévias à Louis Vuitton.
Formada basicamente por nativos, vários deles alunos egressos de uma escolinha de vela na Cidade do Cabo, a tripulação se caracterizou pela descontração. Isso inclui entoar, a cada desembarque, a canção que batiza o barco.
Outro novato, o time alemão sofre com baixo orçamento e equipamentos obsoletos enquanto assiste à BMW -uma das maiores montadoras do país- patrocinar a favorita americana. A BMW Oracle, bancada também pelo magnata do software Larry Ellison, empenhou US$ 130 milhões (R$ 262 milhões) no projeto.


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