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China se aventura agora no mar
País da Olimpíada-08 estréia barco na seletiva para a principal disputa de vela oceânica do mundo
Empresário chinês investe
R$ 87,5 milhões, com ajuda do governo, na Copa Louis Vuitton, em tentativa de erguer esporte na terra natal
ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A China deu mais um lance
para ganhar visibilidade num
esporte em que nunca brilhou.
Após forjar recordista mundial
de atletismo, jogador da NBA e
tenista de alto nível, o país
avança sobre a America's Cup,
principal competição da vela.
A primeira aventura chinesa
num esporte que pratica pouco
será testemunhada por Valencia, balneário espanhol escolhido para abrigar a 32ª edição da
prova. De hoje a 11 de junho, 11
barcos disputam (na Copa
Louis Vuitton) uma vaga na final -na qual já está o suíço
Alinghi, atual campeão. A decisão começa em 23 de junho.
Para dar as caras no iatismo,
a China se valeu de know-how
francês. A iniciativa foi do banqueiro e investidor Wang
Chaoyong, que "alugou" os serviços do Le Defi. O grupo representou a França nas duas últimas edições da America's Cup.
Chaoyong pôs oficialmente
32 milhões (R$ 87,5 milhões)
no negócio. Teve a ajuda do governo chinês, interessado na
exposição do país visando os
Jogos Olímpicos que Pequim
organizará no ano que vem.
Ainda assim, é o menor orçamento da America's Cup.
O maior desafio do time estreante foi construir um barco
competitivo num estaleiro baseado na China. Com pouca tradição naval e uma costa de 11
mil quilômetros com escassos
investimentos em instalações
náuticas, os orientais precisaram improvisar nos treinos.
A equipe até navegou com um
antigo barco usado pelo Le Defi
enquanto a embarcação
CHN95 não ficava pronta para
a Louis Vuitton. O grupo francês forneceu ainda 16 dos 21 tripulantes -só cinco têm origem
chinesa, mas já entram para a
história como os primeiros do
país na prova top da vela.
O sucesso de Chaoyong nos
negócios não serviu para alavancar os resultados esportivos
do CHN95. A equipe é a última
no ranking desde 2005.
Para os planos do empresário, cujo nome significa "maré
alta", é suficiente. A simples
presença chinesa entre os cardeais da vela já rendeu aproximações, patrocínios extras e
prováveis contratos.
Mas a estréia da China não é a
mais charmosa desta America's
Cup, agora verdadeiramente
mundial (os times representam
dez países dos cinco continentes). Um barco sul-africano, o
Team Shosholoza, centralizou
as atenções nas regatas prévias
à Louis Vuitton.
Formada basicamente por
nativos, vários deles alunos
egressos de uma escolinha de
vela na Cidade do Cabo, a tripulação se caracterizou pela descontração. Isso inclui entoar, a
cada desembarque, a canção
que batiza o barco.
Outro novato, o time alemão
sofre com baixo orçamento e
equipamentos obsoletos enquanto assiste à BMW -uma
das maiores montadoras do
país- patrocinar a favorita
americana. A BMW Oracle,
bancada também pelo magnata
do software Larry Ellison, empenhou US$ 130 milhões (R$
262 milhões) no projeto.
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