São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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CBJ volta atrás, e judoca punido perde patrocínio

Victor Penalber, flagrado no doping, fora incluído em projeto de governo do RJ Ajuda a atleta fere artigo do código mundial, que veta auxílio financeiro vindo de federações e governos a quem violou lei antidoping

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS DA REPORTAGEM LOCAL

A CBJ (Confederação Brasileira de Judô) não vai mais repassar recursos do governo do Estado do Rio a Victor Penalber, 18, suspenso preventivamente por doping desde 2008.
Penalber teve seu nome incluído em uma lista de 14 judocas a serem beneficiados por convênio assinado anteontem com o governo do Estado do Rio. O anúncio contou com a presença do governador Sérgio Cabral Filho, que vestiu um quimono durante o evento.
O apoio a Penalber, se efetivado, iria ferir o artigo 10º do Código Mundial Antidoping.
Seu subitem 10.3 diz que, "caso cometa qualquer infração às normas do antidoping, o atleta se verá privado da totalidade ou parte do apoio financeiro ou de outras vantagens relacionadas à sua prática esportiva procedentes dos signatários, dos membros das organizações signatárias e dos governos".
O governo brasileiro já assinou o código, o que veta a liberação de verba de qualquer nível da administração pública a um competidor suspenso. E a CBJ está impedida de repassar recursos a Penalber por ser entidade esportiva olímpica, que obrigatoriamente precisa obedecer ao regulamento da Wada (Agência Mundial Antidoping).
O judoca foi flagrado no antidoping para o diurético furosemida, mais conhecido por Lasix, seu nome comercial. A droga é utilizada por atletas para perder peso ou para mascarar outras substâncias dopantes.
Por conta desse resultado, Penalber perdeu a medalha de bronze que havia conquistado no Mundial júnior da Tailândia. Suspenso preventivamente por dois anos -só poderá voltar a competir no final de 2010-, ele recorreu à CAS (Corte de Arbitragem do Esporte), tentando reduzir sua punição.
Tanto CBJ quanto governo fluminense haviam defendido anteriormente o patrocínio.
"Ele já está sendo punido com a suspensão por doping. Mas entendemos que tem potencial. Estamos usando um valor mínimo para ele conseguir se manter e seguir treinando", disse Ney Wilson, coordenador técnico da confederação.
"Se um dia não tivesse recebido apoio, a Maurren Maggi não teria ido à Olimpíada e conquistado um ouro que orgulha os brasileiros", argumentou Márcia Lins, secretária de Estado de Turismo, Esporte e Lazer do Rio, referindo-se à campeã olímpica do salto em distância nos Jogos de Pequim, em 2008, que anteriormente havia cumprido pena por doping.
Márcia ressaltou que a responsabilidade de gerenciar a verba disponibilizada pelo governo estadual (R$ 500 mil por ano) é da confederação.
"Nosso papel é fornecer os recursos ao projeto. A CBJ é quem irá administrá-los."
Ao ser informado de que o patrocínio ao judoca contrariava a lei antidoping, Ney Wilson afirmou que iria consultar seu departamento jurídico para lhe dar um parecer sobre o tema.
"Vamos analisar o caso. Podemos retroagir. Em hipótese alguma vamos violar a regra."
Luciano Hostins, advogado da confederação, momentos depois, anunciou que a entidade havia voltado atrás. "A CBJ não repassará recursos do convênio ao Victor Penalber."
A vaga do atleta no projeto bancado pelo governo do Rio será dirigida a outro judoca.


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