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Liga Mundial é a melhor invenção até agora
JOSÉ ROBERTO GUIMARÃES
especial para a Folha
A Liga Mundial é um campeonato atípico em relação a
todos os demais que as seleções
disputam, inclusive os Jogos
Olímpicos, em virtude das viagens e fusos horários a que os
jogadores estão sujeitos.
O fato de numa semana você
estar na Bulgária, na outra estar na Argentina e na semana
seguinte ter que ir ao Japão requer muitos cuidados, principalmente na parte física dos
atletas.
Algumas equipes começam
muito bem a Liga Mundial,
mas, quando chegam na metade da competição, não conseguem manter o mesmo nível de
performance, por causa do
desgaste físico acentuado.
Os jogadores não sofrem tanto com 'cabeça' por causa dos
jogos. São as viagens que provocam uma fadiga precoce.
Sou muito a favor da existência da Liga Mundial. Deixando de lado o aspecto econômico, foi a melhor invenção
da federação internacional
nos últimos anos.
Você tem a oportunidade de
jogar com as melhores do
mundo, e valendo. Não são jogos amistosos. Antes, quando
você queria se preparar para
uma Olimpíada, tinha que ficar agendando amistosos.
Nessas primeiras rodadas da
Liga, a tabela não favorece o
Brasil, que faz seis jogos fora
de casa. O importante agora é
vencer algumas partidas fora.
Pois na hora de decidir, aqui
dentro, fica mais fácil.
Fico preocupado com a situação dos jogadores brasileiro. É complicado. Eles têm
uma responsabilidade grande.
A primeira dificuldade é a de
lutar pela classificação. A outra, mais importante, é a manutenção do Brasil ente as melhores equipes do mundo.
Essa é uma equipe que precisa de entrosamento, os meninos precisam viver mais tempo
juntos, jogar partidas de alto
nível para adquirirem maturidade. Uma coisa é jogar aqui
no Brasil, outra bem diferente
é enfrentar um torneio do porte de uma Liga Mundial.
Se me perguntarem de tropeços, vou dizer o seguinte: eles
são previsíveis, muito mais pela forma pela qual o Brasil se
prepara. Na época em que eu
era técnico, sempre começávamos aprimorando a parte física para depois passarmos à
técnica. Isso demanda tempo,
que o Lattari não teve. O acerto será feito na competição.
Creio que a seleção se classifica para as finais. Nossa chave
é a mais tranquila. Se observamos os outros grupos, é só jogo
duro. Claro que tem a Bulgária, um time imprevisível: eles
podem ganhar da melhor seleção do mundo e perderem para o lanterninha do grupo. A
Argentina é um adversário
forte, em qualquer esporte. E
vamos ter que enfrentar os
"caldeirões" que eles sempre
armam quando jogam em casa. E tem o Japão que é um time que não desiste nunca.
Essa Liga também vai ser atípica porque não teremos grandes jogadores em outras seleções, o que deve faz o nível do
torneio cair. Eu acho que para
uma equipe como a Itália, do
Bebeto de Freitas, vai ser difícil em virtude de ele estar com
uma seleção reformulada.
A Holanda também está de
técnico novo.
Se eu tivesse que apontar um
favorito, seria a Rússia, por ter
uma grande grande equipe,
com jogadores como o Fomin.
José Roberto Lages Guimarães, 42, é técnico
da equipe feminina Dayvit e ex-técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, ouro em Barcelona-92
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