São Paulo, sexta, 16 de maio de 1997.



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Liga Mundial é a melhor invenção até agora

JOSÉ ROBERTO GUIMARÃES
especial para a Folha

A Liga Mundial é um campeonato atípico em relação a todos os demais que as seleções disputam, inclusive os Jogos Olímpicos, em virtude das viagens e fusos horários a que os jogadores estão sujeitos.
O fato de numa semana você estar na Bulgária, na outra estar na Argentina e na semana seguinte ter que ir ao Japão requer muitos cuidados, principalmente na parte física dos atletas.
Algumas equipes começam muito bem a Liga Mundial, mas, quando chegam na metade da competição, não conseguem manter o mesmo nível de performance, por causa do desgaste físico acentuado.
Os jogadores não sofrem tanto com 'cabeça' por causa dos jogos. São as viagens que provocam uma fadiga precoce.
Sou muito a favor da existência da Liga Mundial. Deixando de lado o aspecto econômico, foi a melhor invenção da federação internacional nos últimos anos.
Você tem a oportunidade de jogar com as melhores do mundo, e valendo. Não são jogos amistosos. Antes, quando você queria se preparar para uma Olimpíada, tinha que ficar agendando amistosos.
Nessas primeiras rodadas da Liga, a tabela não favorece o Brasil, que faz seis jogos fora de casa. O importante agora é vencer algumas partidas fora. Pois na hora de decidir, aqui dentro, fica mais fácil.
Fico preocupado com a situação dos jogadores brasileiro. É complicado. Eles têm uma responsabilidade grande. A primeira dificuldade é a de lutar pela classificação. A outra, mais importante, é a manutenção do Brasil ente as melhores equipes do mundo.
Essa é uma equipe que precisa de entrosamento, os meninos precisam viver mais tempo juntos, jogar partidas de alto nível para adquirirem maturidade. Uma coisa é jogar aqui no Brasil, outra bem diferente é enfrentar um torneio do porte de uma Liga Mundial.
Se me perguntarem de tropeços, vou dizer o seguinte: eles são previsíveis, muito mais pela forma pela qual o Brasil se prepara. Na época em que eu era técnico, sempre começávamos aprimorando a parte física para depois passarmos à técnica. Isso demanda tempo, que o Lattari não teve. O acerto será feito na competição.
Creio que a seleção se classifica para as finais. Nossa chave é a mais tranquila. Se observamos os outros grupos, é só jogo duro. Claro que tem a Bulgária, um time imprevisível: eles podem ganhar da melhor seleção do mundo e perderem para o lanterninha do grupo. A Argentina é um adversário forte, em qualquer esporte. E vamos ter que enfrentar os "caldeirões" que eles sempre armam quando jogam em casa. E tem o Japão que é um time que não desiste nunca.
Essa Liga também vai ser atípica porque não teremos grandes jogadores em outras seleções, o que deve faz o nível do torneio cair. Eu acho que para uma equipe como a Itália, do Bebeto de Freitas, vai ser difícil em virtude de ele estar com uma seleção reformulada.
A Holanda também está de técnico novo.
Se eu tivesse que apontar um favorito, seria a Rússia, por ter uma grande grande equipe, com jogadores como o Fomin.


José Roberto Lages Guimarães, 42, é técnico da equipe feminina Dayvit e ex-técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, ouro em Barcelona-92



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