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NA PRÁTICA
Queda de corintiano no Morumbi poderia resultar em punições a organizadores do jogo
Com estatuto, acidente teria culpados
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O Estatuto do Torcedor sancionado ontem teria uma solução fácil para o acidente sofrido
pelo corintiano Rui Nelson de
Moura Júnior, que anteontem
caiu sobre uma grade com lanças no estádio do Morumbi.
Segundo a lei, "as entidades
responsáveis pela organização
da competição, bem como seus
dirigentes, respondem, independentemente da existência de
culpa, pelos prejuízos causados
ao torcedor que decorram de falhas de segurança nos estádios".
Moura Júnior, 27, taxista, caiu
de costas sobre a grade que divide o setor vermelho e laranja do
estádio antes do início da partida
entre Corinthians e River. Ele sofreu perfurações no baço, no intestino e na perna esquerda.
O presidente da Comissão de
Defesa do Consumidor da OAB-SP defendeu a responsabilização
dos organizadores do evento.
"Se ele [Moura Júnior] de fato
caiu, a responsabilidade civil e a
criminal, sem dúvida, são dos
organizadores do evento. Outra
coisa: se no local há risco de
acontecer problemas como este,
deveria haver uma sinalização
com normas de segurança", disse Nelson Miyahara.
Mas o Contru (Departamento
de Controle do Uso de Imóveis),
ligado à Secretaria de Obras, Habitação e Desenvolvimento Urbano de São Paulo, nega que o
local não esteja adaptado adequadamente. Segundo Clayton
Claro da Costa, diretor do órgão,
as grades com lanças são usadas
para dividir o estádio e para desestimular a movimentação de
torcedores entre os setores.
"A nossa avaliação é que as
grades e as lanças não só poderiam estar lá, como deveriam. O
torcedor tem que se comportar,
comprar o seu ingresso e se sentar no seu lugar. Nós não podemos admitir imprudência. A
responsabilidade pelo acontecido é dele [Moura Júnior]", disse
o diretor do Contru, que, apesar
disso, afirmou que pretende verificar se houve superlotação e se
isso tem a ver com o acidente.
O público pagante foi de
66.666 torcedores -a capacidade do estádio é de 80 mil pessoas.
A diretoria do São Paulo, dono
do estádio, por meio de nota oficial, afirmou que as grades e as
lanças "obedecem os padrões
usuais de segurança".
O 2º Batalhão de Choque da
PM não soube informar detalhes
do acidente nem sobre a possibilidade de ter havido superlotação no estádio. O major Marcos
Marinho, comandante do policiamento no Morumbi, não estava no quartel quando procurado pela Folha, e sua assessoria
informou que não tinha em
mãos o laudo da ocorrência.
Laudo que o deputado Gilmar
Machado (PT-MG), presidente
da subseção de desporto da Câmara dos Deputados, pediu ontem em despacho que disse ter
enviado à PM de SP. "Só assim
poderemos saber o que de fato
aconteceu com o torcedor."
Rui Nelson de Moura Júnior
está internado em estado grave
na UTI do Hospital das Clínicas
de SP. Ele foi submetido a uma
cirurgia que durou três horas e
meia para extração do baço e de
uma parte do intestino e permanece sedado -por isso ainda
não pôde contar como caiu.
Segundo o diretor clínico do
HC, Marcos Boulos, o torcedor,
que passará pelo menos mais
uma semana internado, sofre
risco de infecções porque houve
espalhamento de conteúdo fecal
por causa da perfuração sofrida.
Colaborou João Carlos Assumpção,
da Reportagem Local
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