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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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NA PRÁTICA

Queda de corintiano no Morumbi poderia resultar em punições a organizadores do jogo

Com estatuto, acidente teria culpados

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Estatuto do Torcedor sancionado ontem teria uma solução fácil para o acidente sofrido pelo corintiano Rui Nelson de Moura Júnior, que anteontem caiu sobre uma grade com lanças no estádio do Morumbi.
Segundo a lei, "as entidades responsáveis pela organização da competição, bem como seus dirigentes, respondem, independentemente da existência de culpa, pelos prejuízos causados ao torcedor que decorram de falhas de segurança nos estádios".
Moura Júnior, 27, taxista, caiu de costas sobre a grade que divide o setor vermelho e laranja do estádio antes do início da partida entre Corinthians e River. Ele sofreu perfurações no baço, no intestino e na perna esquerda.
O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-SP defendeu a responsabilização dos organizadores do evento. "Se ele [Moura Júnior] de fato caiu, a responsabilidade civil e a criminal, sem dúvida, são dos organizadores do evento. Outra coisa: se no local há risco de acontecer problemas como este, deveria haver uma sinalização com normas de segurança", disse Nelson Miyahara.
Mas o Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis), ligado à Secretaria de Obras, Habitação e Desenvolvimento Urbano de São Paulo, nega que o local não esteja adaptado adequadamente. Segundo Clayton Claro da Costa, diretor do órgão, as grades com lanças são usadas para dividir o estádio e para desestimular a movimentação de torcedores entre os setores.
"A nossa avaliação é que as grades e as lanças não só poderiam estar lá, como deveriam. O torcedor tem que se comportar, comprar o seu ingresso e se sentar no seu lugar. Nós não podemos admitir imprudência. A responsabilidade pelo acontecido é dele [Moura Júnior]", disse o diretor do Contru, que, apesar disso, afirmou que pretende verificar se houve superlotação e se isso tem a ver com o acidente.
O público pagante foi de 66.666 torcedores -a capacidade do estádio é de 80 mil pessoas.
A diretoria do São Paulo, dono do estádio, por meio de nota oficial, afirmou que as grades e as lanças "obedecem os padrões usuais de segurança".
O 2º Batalhão de Choque da PM não soube informar detalhes do acidente nem sobre a possibilidade de ter havido superlotação no estádio. O major Marcos Marinho, comandante do policiamento no Morumbi, não estava no quartel quando procurado pela Folha, e sua assessoria informou que não tinha em mãos o laudo da ocorrência.
Laudo que o deputado Gilmar Machado (PT-MG), presidente da subseção de desporto da Câmara dos Deputados, pediu ontem em despacho que disse ter enviado à PM de SP. "Só assim poderemos saber o que de fato aconteceu com o torcedor."
Rui Nelson de Moura Júnior está internado em estado grave na UTI do Hospital das Clínicas de SP. Ele foi submetido a uma cirurgia que durou três horas e meia para extração do baço e de uma parte do intestino e permanece sedado -por isso ainda não pôde contar como caiu.
Segundo o diretor clínico do HC, Marcos Boulos, o torcedor, que passará pelo menos mais uma semana internado, sofre risco de infecções porque houve espalhamento de conteúdo fecal por causa da perfuração sofrida.


Colaborou João Carlos Assumpção, da Reportagem Local


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