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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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FUTEBOL

Dirigentes e atletas criticam estilo do time após fracasso na Libertadores

Geninho torna-se o vilão da eliminação corintiana

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à ressaca causada pela eliminação na Libertadores, o trabalho de Geninho começa a ser contestado por dirigentes e até jogadores do Corinthians.
Ontem, um dia após a derrota por 2 a 1 para o River Plate, sobraram críticas à maneira de jogar do time e saudades dos tempos de Carlos Alberto Parreira no clube.
Entre os pecados de Geninho estariam o fato de enervar mais o time do que acalmá-lo, não coibir a violência, perder a qualidade nos passes e errar ao substituir.
A precisão nas trocas de bola e o "fair play" foram marcas registradas do clube nas conquistas da Copa do Brasil e do Rio-São Paulo, ambas em 2002, com Parreira.
Para Geninho, a "inexperiência" do time, "principalmente na Libertadores", foi uma das principais causas da eliminação nas oitavas-de-final. Mas o argumento não convence a todos no clube.
O capitão Fábio Luciano foi o primeiro a discordar. "Nossos jogadores já fizeram várias finais e não são inexperientes", disse ele, anteontem, ao lado de Geninho.
Para o treinador, a "ansiedade dos atletas tomou rumo negativo, e o time sofreu emocionalmente". Porém, para os dirigentes, o problema foi muito mais com a bola nos pés do que na cabeça.
Tanto que o vice de futebol, Antonio Roque Citadini, descartou contratar um psicólogo -o técnico deixara aberta a hipótese de fazer esse pedido. "Não é um psicólogo que vai corrigir os defeitos da equipe. Não é trabalho de psicólogo fazer o time acertar passes."
Enquanto Geninho acredita que a juventude de alguns atletas fizeram o time sucumbir diante da catimba argentina, o dirigente crê que a equipe deixou o futebol em segundo plano. "Os brasileiros têm mania de encarar os argentinos como se fossem bárbaros que vão nos invadir. Se preparam para catimba, para malandragem, mas têm que se preparar para jogar."
Os corintianos afirmaram que seriam malandros, mas perderam Roger e Fabinho, expulsos.
A cúpula corintiana não gostou de ver Geninho gritando "pega" para Roger, segundos antes de ele acertar D"Alessandro e receber o vermelho, quando o jogo estava 1 a 1. A atitude, que partiu de quem deveria tranquilizar o time, teria deixado a equipe mais nervosa, na opinião de alguns dirigentes.
"Jogador brasileiro não sabe dar porrada. A gente deveria ter entrado só para jogar bola", disse o volante Fabrício. Geninho falou que, ao gritar "pega", pediu apenas que o lateral marcasse o rival.
Para Gil, faltou um líder, que poderia ter sido Vampeta. O volante se recupera de cirurgia e não deve voltar a jogar neste ano. "Com o Vampeta, talvez as coisas fossem diferentes. Ele poderia ter feito o nosso time ter mais a posse de bola", declarou Geninho.
A diretoria crê na reabilitação e não fará mudanças no time. Não houve pressão da torcida ontem.


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