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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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AUTOMOBILISMO

F-1 ironiza proibição

Mudança na regra não impede marmelada

Leonhard Foeger/Reuters
TVs do centro de imprensa na Áustria exibem entrevista de Michael Schumacher, que foi beneficiado pela marmelada da Ferrari em 2002


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ZELTWEG

O assunto era inevitável em Zeltweg, autódromo que assistiu no ano passado à maior marmelada da história da F-1. O que surpreendeu foi o deboche dos pilotos ao comentar o veto imposto pela FIA às ordens de equipe.
Irônicos, zombadores até, eles expressaram as mesmas opiniões. Não há como a entidade máxima do automobilismo proibir que um time mande em seus pilotos durante um GP e também não existe maneira eficiente para fiscalizar o cumprimento da regra.
"Essa história de que o regulamento mudou só vale para vocês, jornalistas. Vocês não gostam das ordens de equipe e, portanto, ficam apegados a essa proibição", disse Michael Schumacher, no circuito austríaco. "É óbvio que, quando um time tiver uma necessidade, vai passar ordens aos pilotos. Não dá para evitar isso."
Em 2002, o alemão foi personagem da manobra mais polêmica dos últimos anos. Rubens Barrichello, que largou na pole e liderou todo o GP da Áustria, foi obrigado pela Ferrari a abrir mão da vitória a poucos metros da linha de chegada. Schumacher fez a ultrapassagem e venceu a prova.
No pódio, a dupla foi vaiada. A marmelada ainda gerou uma multa de US$ 1 milhão da FIA à Ferrari e a proibição, a partir deste ano, das ordens de equipes.
Para tentar garantir o cumprimento da regra, a entidade passou a controlar a comunicação via rádio dos times. Uma atitude inócua, já que as instruções podem ser passadas por códigos ou até mesmo por sinais nas placas que são exibidas para os pilotos.
"É impossível banir as ordens de equipe. Essas decisões são exclusivas dos times. Eles é que sabem o momento certo de mudar alguma situação na pista", disse Ralf Schumacher, da Williams.
"Concordo com os meus colegas. Não há como a FIA banir nem como controlar", declarou Nick Heidfeld, piloto da Sauber.
O francês Jean Todt, diretor esportivo da Ferrari e responsável pela ordem do ano passado, é outro que compartilha das opiniões. E ameaça repetir o gesto, "se as condições da corrida exigirem".
Talvez por ser um estreante na F-1, Cristiano da Matta foi voz dissonante no paddock: "É claro que as equipes e os patrocinadores têm seus interesses. Mas acredito que o esporte tem que estar acima de tudo isso".
Os treinos para o GP da Áustria, sexta etapa do Mundial, começam hoje. Às 9h (de Brasília) começa a sessão pré-classificatória. O treino que define o grid acontece amanhã, no mesmo horário.
A exemplo do que conseguiu na Espanha, há duas semanas, a Renault espera obter um bom resultado na Áustria e se firmar como uma das forças do campeonato -em Barcelona, ocupou toda a segunda fila do grid.
Para isso, o time franco-inglês trouxe a Zeltweg uma evolução de seu motor RS23, com 30 cavalos a mais de potência.


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