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Fifa planeja distribuir ingressos
Enquanto estádios são elogiados, preço das entradas distancia público da Copa dos Confederações
Segundo a organização, recessão na África do Sul afastou os torcedores, que não lotaram nem o Ellis Park na estreia da equipe anfitriã
DOS ENVIADOS A BLOEMFONTEIN
A primeira impressão que se
tinha da Copa das Confederações na África é a de que a estrutura deixaria a desejar, mas
a participação popular esconderia eventuais problemas.
Após a primeira rodada do
torneio, os estádios foram elogiados, mas o público local virou as costas para os jogos.
Ontem, em Bloemfontein,
apenas 27.851 torcedores
acompanharam a partida, que
teve 45 mil entradas colocadas
à venda. Até o comportamento
dentro de campo foi frio.
No jogo do Brasil, só um pequeno grupo de torcedores, dos
Celtics de Bloemfontein, cantava e fazia coreografias. A maior
parte dos fãs ficou calada durante toda a partida, em que as
cornetas batizadas de vuvuzelas dominaram o ambiente.
O público também decepcionou no duelo da Espanha. E
nem a anfitriã da competição
conseguiu lotar o Ellis Park, em
Johannesburgo, em sua estreia
anteontem, contra o Iraque.
A baixa presença de público
fez o presidente da Fifa, Joseph
Blatter, afirmar ontem que pretende distribuir ingressos.
"Ficamos satisfeitos com o
público, mas não com o número de torcedores no estádio. Fizemos uma reunião com o Comitê Organizador Local para
resolver isso. Temos que nos
organizar para preencher os espaços vazios e trazer as pessoas
para os estádios, principalmente as que não podem pagar por
ingressos, os jovens e os pobres", afirmou Blatter em
Bloemfontein, poucas horas
antes do duelo brasileiro.
O ingresso mais barato na
Copa das Confederações custa
70 rands (US$ 8,69), mais de
três vezes o preço do ingresso
da liga do país. "Vim, mas é um
custo muito alto. Só que não
poderia perder a oportunidade
de ver o Brasil", disse o engenheiro MJ Mthombetti, 50,
que gastou 280 rands para levar
a família ao jogo ontem.
De fato, um dos motivos para
a baixa presença do público, segundo a organização, é o fato de
a África do Sul, após duas décadas de crescimento, ter entrado
em recessão neste ano.
Segundo a CIA (agência de
inteligência dos EUA), o país
tem taxa de desemprego de
21,7%. O índice sul-africano é
mais do que o dobro do brasileiro. A renda per capita é de US$
10 mil - não está nem entre as
cem maiores do mundo.
"É possível levar o cavalo até
a fonte, mas não necessariamente obrigá-lo a beber a
água", disse o chefe de comunicação do comitê local, Rich
Mkhondo, que descartou reduzir o preço dos ingressos.
Já os estádios foram aprovados por cartolas e público. Em
Bloemfontein, os fãs acessaram
o local sem problemas, em ambiente seguro e organizado.
(EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)
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