São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009

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JOSÉ ROBERTO TORERO

De mais a mais, mases demais


O jogo do Brasil contra o Egito foi desses que não dá para lutar contra a conjunção que persegue textos jornalísticos


ADVERSO LEITOR , adversativa leitora, um dos maiores problemas da redação jornalística, principalmente quando se fala de esporte, é o excessivo uso da conjunção adversativa "mas". Quantas vezes você já não leu frases como: "O time teve o domínio, mas não venceu, "O goleiro pulou, mas não pegou", "O centroavante chutou, mas não marcou"? Aposto que muitas. Este é um problema comum, mas o jogo da seleção foi tão cheio de "mases" que eu desisti de lutar contra eles, de modo que vocês lerão 22 vezes esta palavra no texto de hoje.
Mesmo antes de a partida começar já havia um mas: é que eu acreditava na vitória brasileira, mas com desconfiança. Afinal o Brasil não anda se dando bem contra times que jogam retrancados, e era assim que se esperava o Egito. Mas, após o gol de Kaká, que teve até direito a chapéu, deixei a desconfiança de lado. Mas a confiança durou apenas três minutos. Aos 8min, depois de uma bobeada do lado esquerdo do Brasil, a suspeita voltou. Ainda mais que o gol foi marcado por um cara chamado Zidan, e de cabeça, o que me trouxe tristes lembranças.
Mas, três minutos depois, tive certeza de que a vitória era certa. Luis Fabiano, de cabeça, fez dois a um, e o gol de Zidan voltou a ser apenas um acidente, não mais uma sina. Depois disso, comecei a esperar uma goleada. Mas, mais um mas: o time dominava, mas não levava perigo ao gol de Hadary. Rondava, mas não penetrava. E, de vez em quando, o Egito até dava uns chutes. O Abou Terika até teve uma boa chance aos 32min, mas se enrolou.
Parecia que o placar não mais se moveria, mas então Juan faz 3 a 1 depois de escanteio cobrado por Elano. Quando os times foram para o vestiário, voltei a ter certeza de que viria uma goleada. Mas eu estava errado. O segundo tempo começou com um Egito esperto, querendo reduzir a diferença. E, aos 8min, Shawky conseguiu. Ia-se a pretensa goleada, voltava o perigo de empate, que aconteceu um minuto depois, de novo com o Zidan.
Pensei que estávamos à beira do precipício e que o Egito viraria o jogo. Mas a partida ficou equilibrada. Dunga fez três mudanças: tirou Robinho, que estava um tanto firulento e nada produtivo e pôs Pato (eu preferia Nilmar), trocou Elano (que tinha feito duas assistências) por Ramires (que poderia ter entrado no lugar de Gilberto Silva) e promoveu a estreia de André Santos (que seria meu titular, pois há tempo Kléber tornou-se jogador normal), mas ele errou feio logo no seu primeiro lance.
Eu estava me conformando com o resultado, mas aí aconteceu o pênalti. Aliás, o juiz havia apontado escanteio. Provavelmente foi alertado pelo ponto eletrônico (o que acho ótimo), pois voltou atrás, deu o vermelho ao atleta e marcou a penalidade. Kaká cobrou, e o Brasil venceu. Venceu, mas não convenceu.

Adivinho
Vi o jogo pelo Sportv, e o som estava adiantado em relação à imagem, de modo que Milton Leite não foi só narrador nesta partida, mas um nigromante, um haríolo, um futurólogo, um zé cabala que adivinhava como cada lance se desenvolveria. Como diria o lácteo narrador: "Que beleeeza...!".

torero@uol.com.br


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