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Livro diz que trunfo da Espanha é união
Antes separatistas e clubistas, atletas se aproximam em meio a jogos, música, cinema e saída de Raúl da equipe
DO ENVIADO A PORT ELIZABETH
"Durante a Copa, tive sensações muito boas. Eu via
que podíamos fazer algo importante e que funcionávamos, mas passar essas ilusões e ir para casa é difícil."
A frase de Xabi Alonso refere-se a 2006, mas valerá
muitas vezes mais se a Espanha não conquistar o título
mundial na África do Sul.
Pela primeira vez na história, a Fúria chega à Copa como favorita. E assumida, como mostra o livro "Los Secretos de la Roja" (Os Segredos
da Seleção Espanhola).
"Sim, ganhamos o direito
de nos considerarem favoritos com a nossa trajetória. A
equipe está pronta, e nós vamos com a ideia de fazer um
grande papel. Essas coisas
acontecem por ciclos e temos
que aproveitar esta geração,
que deu o melhor do futebol
espanhol", disse o goleiro
Casillas, capitão da seleção.
O livro em questão é sucesso de vendas no país que ostenta o título europeu depois
de 44 anos de espera e que
triunfou colocando de novo
na vitrine um jogo vistoso e
ao mesmo tempo eficiente,
capaz de sofrer apenas uma
derrota em 48 partidas.
A "seleção da moda" estreia na Copa contra a Suíça
em Durban, às 11h de hoje,
mirando o topo com base na
união extrema de um grupo,
o que contraria o separatismo e o clubismo que afetaram a Fúria por décadas.
O segredo da Espanha é a
camaradagem, como uma
ida de 21 atletas ao cinema.
"Acabamos sentados em
uma só fila. Isso me chamou
muito a atenção. Creio que
demos mais importância ao
fato de estarmos juntos do
que ao próprio filme", relata
no livro o brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna, um dos que ficaram de fora da lista final da Copa-2010.
O técnico Vicente del Bosque não conseguiu manter o
grupo todo que ganhou a Eurocopa-2008 com Luis Aragonés porque são inúmeros
os talentos que têm aparecido no país. Um exemplo claro é Pedro, do Barcelona.
Embalados por partidas de
pocha (jogo de cartas típico
da Espanha), pelas músicas
tocadas pelo "DJ" Sergio Ramos, por apostas no pôquer
de até 1.000, por apelidos
carinhosos e descontraídos,
por torneios de videogame
(futebol, F-1 e tênis) e por saídas conjuntas com os familiares para comer, os espanhóis deram as mãos.
No quarto de Capdevilla
na concentração, o chamado
"Cíber 422", praticamente todo o elenco se reunia e ficava
lá até as três da madrugada,
usando internet, fazendo jogos, piadas, dando apelidos
uns para os outros.
Rivais de Barcelona e Real
Madrid, catalães e cidadãos
da capital. O bom futebol
uniu um grupo que fechou as
portas para Raúl e Michel
Salgado, veteranos que discutiram com o ex-técnico
Luis Aragonés e ficaram alijados do sucesso da Fúria.
"Quantas Copas e Eurocopas o Raúl jogou? E quantas
ele conquistou?" Eis uma
pergunta feita por Aragonés
a jornalistas e que é mostrada no livro que aborda o período entre 29 de julho de
2008 (final da Euro) e 11 de
julho de 2010 (final da Copa).
Mais de 50 pessoas ligadas
à seleção espanhola foram
ouvidas no livro do jornalista
Miguel Ángel Díaz Boyarizo,
obra com prefácio de Casillas
e com lançamento pré-Copa.
(RODRIGO BUENO)
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