São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2010

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Livro diz que trunfo da Espanha é união

Antes separatistas e clubistas, atletas se aproximam em meio a jogos, música, cinema e saída de Raúl da equipe

DO ENVIADO A PORT ELIZABETH

"Durante a Copa, tive sensações muito boas. Eu via que podíamos fazer algo importante e que funcionávamos, mas passar essas ilusões e ir para casa é difícil."
A frase de Xabi Alonso refere-se a 2006, mas valerá muitas vezes mais se a Espanha não conquistar o título mundial na África do Sul.
Pela primeira vez na história, a Fúria chega à Copa como favorita. E assumida, como mostra o livro "Los Secretos de la Roja" (Os Segredos da Seleção Espanhola).
"Sim, ganhamos o direito de nos considerarem favoritos com a nossa trajetória. A equipe está pronta, e nós vamos com a ideia de fazer um grande papel. Essas coisas acontecem por ciclos e temos que aproveitar esta geração, que deu o melhor do futebol espanhol", disse o goleiro Casillas, capitão da seleção.
O livro em questão é sucesso de vendas no país que ostenta o título europeu depois de 44 anos de espera e que triunfou colocando de novo na vitrine um jogo vistoso e ao mesmo tempo eficiente, capaz de sofrer apenas uma derrota em 48 partidas.
A "seleção da moda" estreia na Copa contra a Suíça em Durban, às 11h de hoje, mirando o topo com base na união extrema de um grupo, o que contraria o separatismo e o clubismo que afetaram a Fúria por décadas.
O segredo da Espanha é a camaradagem, como uma ida de 21 atletas ao cinema.
"Acabamos sentados em uma só fila. Isso me chamou muito a atenção. Creio que demos mais importância ao fato de estarmos juntos do que ao próprio filme", relata no livro o brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna, um dos que ficaram de fora da lista final da Copa-2010.
O técnico Vicente del Bosque não conseguiu manter o grupo todo que ganhou a Eurocopa-2008 com Luis Aragonés porque são inúmeros os talentos que têm aparecido no país. Um exemplo claro é Pedro, do Barcelona.
Embalados por partidas de pocha (jogo de cartas típico da Espanha), pelas músicas tocadas pelo "DJ" Sergio Ramos, por apostas no pôquer de até 1.000, por apelidos carinhosos e descontraídos, por torneios de videogame (futebol, F-1 e tênis) e por saídas conjuntas com os familiares para comer, os espanhóis deram as mãos.
No quarto de Capdevilla na concentração, o chamado "Cíber 422", praticamente todo o elenco se reunia e ficava lá até as três da madrugada, usando internet, fazendo jogos, piadas, dando apelidos uns para os outros.
Rivais de Barcelona e Real Madrid, catalães e cidadãos da capital. O bom futebol uniu um grupo que fechou as portas para Raúl e Michel Salgado, veteranos que discutiram com o ex-técnico Luis Aragonés e ficaram alijados do sucesso da Fúria.
"Quantas Copas e Eurocopas o Raúl jogou? E quantas ele conquistou?" Eis uma pergunta feita por Aragonés a jornalistas e que é mostrada no livro que aborda o período entre 29 de julho de 2008 (final da Euro) e 11 de julho de 2010 (final da Copa).
Mais de 50 pessoas ligadas à seleção espanhola foram ouvidas no livro do jornalista Miguel Ángel Díaz Boyarizo, obra com prefácio de Casillas e com lançamento pré-Copa.
(RODRIGO BUENO)


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