São Paulo, Quarta-feira, 16 de Junho de 1999
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Palmeiras busca hoje passaporte para elite do futebol mundial

Evelson de Freitas/Folha Imagem
O atacante do Palmeiras Paulo Nunes relaxa durante treino de ontem para a final da Libertadores, a partida mais importante do clube neste ano


da Reportagem Local

O Palmeiras disputa hoje a partida mais importante de sua história. A partir das 21h40, o time paulista tenta o inédito título da Taça Libertadores da América. O jogo será num Parque Antarctica lotado -os 32 mil ingressos esgotaram-se em oito horas na segunda- e transmitido ao vivo pela TV.
O time precisa vencer, pois o rival, o Deportivo Cali, da Colômbia, ganhou o primeiro jogo, há duas semanas, em Cali, por 1 a 0, e joga pelo empate. Se o Palmeiras vencer pela mesma diferença, o título da 40ª Libertadores será decidido nos pênaltis. Ganhando por uma margem superior, será campeão.
Ontem, após o treino, o lateral-direito paraguaio Arce refletiu sobre o tom da decisão. ""Se a gente ganhar o título, o mundo pode acabar na quinta-feira de manhã."
O título, caso seja conquistado, significará o coroamento da mais antiga e bem-sucedida parceria do futebol brasileiro. Em abril de 1992, o Palmeiras, que estava havia 16 anos sem títulos, fez um contrato de co-gestão com a multinacional italiana de laticínios Parmalat, que se expandia no Brasil.
Os títulos surgiram a partir do ano seguinte: dois Brasileiros (93 e 94), um da Copa do Brasil (98), três Paulistas (93, 94 e 96), um do Rio-São Paulo (93) e um da Copa Mercosul (98), além de finais de Copa do Brasil (96), Brasileiro (97) e Paulista (95 e 99, ainda indefinida).
Nesse período, o Palmeiras teve sete técnicos: Nelsinho Batista, Otacílio Gonçalves, Wanderley Luxemburgo, Valdyr Espinosa, Carlos Alberto Silva, Marcio Araújo e Luiz Felipe Scolari. Mas todos os títulos foram conquistados por Luxemburgo e Scolari.
Desde o primeiro ano, os objetivos da parceria eram a elevação do clube ao primeiro lugar nacional e à elite mundial. A primeira meta já foi atingida. O Palmeiras é o clube com o maior número de títulos nacionais -quatro do Campeonato Brasileiro, em 72, 73, 93 e 94, um da Copa do Brasil, no ano passado, e dois do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a competição predecessora do Brasileiro, em 67 e 69.
Mas, internacionalmente, o time ainda patina. Nas Libertadores de 94 e 95, o time fracassou por falta de experiência no primeiro ano e por atravessar um momento ruim da parceria no segundo.
Depois de perder a Copa do Brasil em 1996, na final com o Cruzeiro, e do segundo período de turbulência, no primeiro semestre de 1997, o Palmeiras decidiu então contratar o técnico mais vitorioso do país em mata-matas, como são as fases finais da Libertadores.
Luiz Felipe Scolari, duas vezes campeão da Copa do Brasil (Criciúma-91 e Grêmio-94) e uma da Libertadores (Grêmio-95) foi tirado do Jubilo Iwata, do Japão.
Scolari montou um time à sua feição: objetivo, aplicado, forte e eficiente no jogo aéreo. Reforçou o time com vários jogadores, entre eles os ex-gremistas Arce e Paulo Nunes (titulares), Rivarola (reserva) e Arílson (dispensado).
As mudanças foram rápidas. Surgiu uma equipe mais forte em decisões. Na sua primeira temporada completa com Scolari, o Palmeiras venceu pela primeira vez a Copa do Brasil e a Copa Mercosul, seu único torneio internacional.
Neste ano, o time se preparou para disputar três competições ao mesmo tempo. Foi à final de duas e às semifinais da Copa do Brasil. A campanha inflamou a torcida como poucas vezes em sua história. Nem a má campanha recente (três derrotas e um empate em cinco jogos) está causando desânimo.
""Tenho certeza absoluta de que vamos ganhar a Libertadores", disse ontem Paulo Nunes.
Esta é a terceira vez que o Palmeiras disputa a final da Libertadores (foi derrotado em 1961 e 1968), mas nunca se preparou tanto para ela. Na época, os clubes brasileiros não davam tanta importância à competição. Por isso, ficaram 13 anos sem títulos, entre o segundo do Santos (campeão em 62 e 63) e o primeiro do Cruzeiro, em 1976.
As conquistas nos anos 80 (Flamengo em 81 e Grêmio em 83) e principalmente o bicampeonato do São Paulo, em 1992 e 1993, levaram os clubes brasileiros a priorizar e dominar a competição, conquistada também em 95 (Grêmio), 97 (Cruzeiro) e 98 (Vasco).
Se Palmeiras vencer hoje, será o 11º título brasileiro no torneio. Mas a vantagem continuará com os argentinos, que possuem 17.
NA TV - Globo, ESPN Brasil e Sportv, ao vivo, às 21h40

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