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Conselhos médicos para cardíacos alviverdes
JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas
Os palmeirenses terão pela
frente uma noite de muito frio
e ansiedade. É a partida mais
importante dos quase 85 anos
de vida de um clube que, tirante um Ramón Carranza aqui e
uma Mercosul ali, sempre foi
pé-frio nas campanhas internacionais.
Além disso, o jogo de hoje carrega uma interrogação. Depois
das belas viradas contra Flamengo, Lusa e Santos, o alviverde perdeu a chance de ir à final da Copa do Brasil e ficou a
quilômetros do título paulista.
Terá sido apenas acaso ou foi a
queda final? Tropeço ou desmoronamento?
É mais um drama para um time que vai acostumando seu
torcedor à montanha russa de ir
do céu ao inferno e do inferno
ao céu. Sem passagem pelo purgatório.
Como tenho a alegre infelicidade de torcer para o Santos,
verei o jogo com calma, debaixo
de um edredon quadriculado,
vestindo algum pijama ridículo
e tomando um bom chocolate
quente. Talvez até cochile de
vez em quando.
Já o palmeirense não. Para este, não há opção. Ficará com os
olhos grudados na TV, roerá todas as unhas que encontrar pela
frente, seu coração baterá como
se fosse um tambor do Olodum,
sua respiração parecerá a de um
pitbull depois de mastigar uma
criança, e ele socará suas almofadas como se elas fossem os vereadores paulistanos que acabaram com a CPI da máfia dos
fiscais.
Pois bem, pensando em tal estado de nervos e para evitar enfartes nos corações verdes, preparei uma sequência de exercícios e medicamentos que, espero, ajudem a torcida a sobreviver a esta noite. Ei-los:
20h00: Durante meia hora o
palmeirense deve respirar fundo sete vezes e, em cada uma
dessas, soltar o ar vagarosamente em três lentas golfadas.
20h30: Hora do jantar. Aconselho massas, que têm boa reserva de carboidratos e farão com
que o estômago aguente firme
os 90 minutos.
21h00: Tome um copo de suco
de maracujá.
21h15: Tome um chá de camomila.
21h29: Como você bebeu muito líquido, vá ao banheiro para
não ter que sair da frente da TV
no meio do jogo.
21h30: Desligue o telefone
-sua mãe que ligue em outra
hora para falar da parada cardíaca de seu pai- e sente-se na
poltrona na posição do lótus.
22h15: Estamos no meio do jogo. Faça uma caminhada pela
casa, para favorecer a circulação sanguínea e desobstruir as
artérias. Depois, outro copo de
suco de maracujá.
22h30: Deve estar começando
o segundo tempo. São os minutos críticos. Caso o Palmeiras
ainda não tenha feito os gols de
que precisa, o torcedor deve tomar uma cápsula de Cardiotan.
Se chegar aos 40min e o jogo estiver indefinido, cinco Infartex.
Se houver pênaltis, um frasco de
Cardiovitol.
23h00: A partida acabou. Caso
seu time não tenha vencido, tome um Prozac. Caso contrário,
tome uma bela cerveja e vá dormir, sabendo que o pesadelo da
Libertadores acabou, que os vices de 61 e 68 foram vingados e
que, mesmo que o time perca a
final de domingo, você poderá
virar para um corintiano e dizer: ""Esse que vocês ganharam é
o título regional, não é? Que
bom pra vocês".
José Roberto Torero escreve às quartas-feiras
E-mail torero@uol.com.br
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