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FUTEBOL
Corinthians, Atlético-MG e São Paulo reclamam pagamento pela cessão de jogadores para a seleção campeã na Ásia
Times cobram da CBF salário de campeões
FÁBIO SOARES
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Clubes brasileiros que cederam
jogadores à seleção pentacampeã
estão reclamando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) o
pagamento dos salários de seus
atletas referentes ao período de
preparação e disputa da Copa.
O Atlético-MG ameaça ir à Justiça para receber cerca de R$ 700
mil. O valor não se refere apenas
ao volante Gilberto Silva, único
atleta da equipe mineira campeão
no Mundial realizado na Ásia,
mas também a antigas convocações. "Estamos fazendo um inventário. A CBF não vem cumprindo essa obrigação há muito
tempo. Agora, se for necessário,
vamos resolver na Justiça", protestou Alexandre Kalil, presidente
do Conselho Deliberativo e homem-forte do Atlético-MG.
O Corinthians também cobra
de maneira ostensiva. Já enviou
um ofício ao departamento financeiro da entidade reivindicando
cerca de R$ 900 mil pelas cessões
do goleiro Dida e dos meio-campistas Ricardinho e Vampeta, todos eles reservas na equipe do
treinador Luiz Felipe Scolari.
O São Paulo, dos convocados
Kaká, Belletti (na época jogador
do clube) e Rogério, pleiteia timidamente. Um dirigente do clube
que preferiu não se identificar teme entrar em atrito com a CBF,
mas admitiu não ser a primeira
vez que a agremiação ficou sem
receber pelos selecionados.
A obrigatoriedade do pagamento pela entidade está prevista no
artigo 41 da Lei Pelé. Ele determina que os clubes sejam indenizados com o ressarcimento de todos
os encargos previstos no contrato
de trabalho dos atletas.
Está previsto também que, se o
convocado voltar ao seu time
contundido, a entidade continua
obrigada a pagar os seus salários,
até que ele esteja apto a jogar.
Esse é o caso do goleiro Marcos,
que ainda não jogou pelo Palmeiras na Copa dos Campeões por ter
voltado contundido do Mundial.
O pagamento dos salários pela
CBF, porém, não vale para os atletas que atuam fora do país. Nesse
caso, uma determinação da Fifa
dispensa o pagamento.
Os clubes podem ainda deixar
de bancar os direitos de imagem
aos atletas enquanto eles estiverem na seleção brasileira, de acordo com o decreto 2.574.
Se isso ocorrer, o jogador deve
cobrar da entidade o pagamento
do direito de imagem, isso desde
que a confederação responsável
pela convocação tenha patrocinador, como é caso da CBF.
"Nós emprestamos à CBF jogadores de alto custo. Até agora não
recebemos resposta. Não são só
os salários, há também direitos de
imagem", reclamou o vice-presidente de finanças do Corinthians,
Carlos Roberto de Mello, que
apontou reincidência da confederação nessa questão.
Mello afirmou que o Corinthians não costuma cobrar os salários quando os selecionados ficam períodos curtos a serviço da
CBF. "Quando ficam por uma semana, tudo bem, mas já recebemos por outras ocasiões em que
ficaram mais tempo."
A convocação final de Scolari
saiu no dia 6 de maio. A Copa do
Mundo acabou no dia 30 de junho. Ricardinho e Vampeta só
voltaram a atuar pelo time do Corinthians anteontem, dia 14.
Os são-paulinos voltaram na segunda partida da Copa dos Campeões, contra o Cruzeiro.
Juntos, Rogério e Kaká ganham
R$ 280 mil mensais. O lateral vendido ao Villarreal, negociado enquanto estava convocado, recebia
aproximadamente R$ 65 mil.
Ninguém da CBF foi encontrado ontem para comentar o assunto. A assessoria de imprensa, informada sobre o teor da reportagem, disse que os responsáveis
pela área financeira não poderiam
ser localizados no momento.
Já o presidente do Atlético-PR,
Mário Petraglia, alegou nunca ter
ouvido falar da obrigatoriedade
de a CBF arcar com tais custos.
"Para mim, a valorização do jogador na seleção já compensa."
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