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FUTEBOL
No clube desde 96, Milton Cruz montou time que ganhou a Libertadores
São Paulo usa garimpeiro para lapidar time campeão
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto os holofotes estão focados no técnico Paulo Autuori e
nos titulares que conquistaram o
tricampeonato da Libertadores, é
num pescador de talentos que o
São Paulo aposta as suas fichas
para voltar a ser um time acostumado aos títulos internacionais.
Esse herói pouco badalado
atende pelo nome de Milton Cruz,
tem 47 anos, e está no clube desde
1996 ajudando no trabalho de
campo, observando e indicando
jogadores, e descobrindo talentos
para o futebol profissional.
Só para se ter uma idéia, o time
que começou o jogo contra o
Atlético-PR, na final de anteontem da Libertadores, oito chegaram ao clube pelas mãos de Cruz:
Cicinho, Fabão, Júnior, Mineiro,
Josué, Danilo, Luizão e Amoroso.
"Eu tenho tudo guardado no
computador. Vejo quem está jogando no Brasil e no exterior, gravo jogos para assistir depois, fico
sempre atento ao fim do tempo de
contrato dos atletas, e converso
com todo mundo", disse Cruz.
Até mesmo o treinador Paulo
Autuori chegou no Morumbi tendo como homem de ligação o
próprio Milton Cruz. "Fomos jogar contra o Alianza de Lima, e
conversei muito com o Autuori,
que trabalhava no Peru. Gostei
muito do jeito dele, vi que tinha o
perfil do São Paulo e guardei o nome dele na manga. Quando ficamos sem o Leão [ que deixou o
clube para trabalhar no Japão],
sugeri o nome dele para a diretoria e o acerto foi feito", comentou.
Nesse trabalho de garimpagem,
Cruz já acabou criando alguns
problemas com os outros clubes.
"O Rodrigo [zagueiro que foi
para a Ucrânia] foi uma aposta
minha. O pessoal da Ponte acabou ficando bravo, mas ele veio
ao São Paulo e deu muito certo."
Tendo como trunfo o bom trânsito que tem no futebol, a sensibilidade do auxiliar técnico são-paulino acabou sendo decisiva
em muitas das contratações do
clube. "O Luizão estava acertando
com o Fluminense. Fiquei sabendo e o chamei para uma conversa.
Falei que ele poderia se tratar aqui
e depois jogar", conta ele.
Milton trabalha ainda como um
psicólogo, e falou que muitas vezes funciona como um filtro para
Autuori. "Quando um jogador está com problema, eu chego e converso. Só passo para o Autuori se
o negócio for grave. mas o meu relacionamento é o melhor possível
com eles", declarou o auxiliar.
Segundo o diretor de planejamento do São Paulo, João Paulo
Jesus Lopes, o trabalho de Cruz
rende muitos frutos para o clube.
"Ele tem uma rede de contatos
muito grande. Muitos dos nossos
jogadores foram levantados pelo
trabalho dele", falou o dirigente.
No entanto, o fato de atuar fixamente no departamento de futebol, às vezes gera algum atrito
quando chega um técnico novo.
"Cada treinador tem um jeito,
um estilo. Eu procuro me adaptar
e sempre ajudo. Não tenho vaidade de derrubar ninguém", comentou Milton Cruz, que hoje goza de grande prestígio com Paulo
Autuori, mas teve o seu trabalho
podado na passagem de Emerson
Leão pelo time do Morumbi.
Num clube famoso por revelar
valores para o exterior, Cruz também se orgulha por ter seu dedo
nessa marca registrada do São
Paulo. "Trabalhei com Kaká, Júlio
Baptista, Jean, Edmílson e muitos
outros. O gostoso é que eles estão
sempre me ligando."
(EDUARDO ARRUDA E TONI ASSIS)
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