São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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FUTEBOL

No clube desde 96, Milton Cruz montou time que ganhou a Libertadores

São Paulo usa garimpeiro para lapidar time campeão

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os holofotes estão focados no técnico Paulo Autuori e nos titulares que conquistaram o tricampeonato da Libertadores, é num pescador de talentos que o São Paulo aposta as suas fichas para voltar a ser um time acostumado aos títulos internacionais.
Esse herói pouco badalado atende pelo nome de Milton Cruz, tem 47 anos, e está no clube desde 1996 ajudando no trabalho de campo, observando e indicando jogadores, e descobrindo talentos para o futebol profissional.
Só para se ter uma idéia, o time que começou o jogo contra o Atlético-PR, na final de anteontem da Libertadores, oito chegaram ao clube pelas mãos de Cruz: Cicinho, Fabão, Júnior, Mineiro, Josué, Danilo, Luizão e Amoroso.
"Eu tenho tudo guardado no computador. Vejo quem está jogando no Brasil e no exterior, gravo jogos para assistir depois, fico sempre atento ao fim do tempo de contrato dos atletas, e converso com todo mundo", disse Cruz.
Até mesmo o treinador Paulo Autuori chegou no Morumbi tendo como homem de ligação o próprio Milton Cruz. "Fomos jogar contra o Alianza de Lima, e conversei muito com o Autuori, que trabalhava no Peru. Gostei muito do jeito dele, vi que tinha o perfil do São Paulo e guardei o nome dele na manga. Quando ficamos sem o Leão [ que deixou o clube para trabalhar no Japão], sugeri o nome dele para a diretoria e o acerto foi feito", comentou.
Nesse trabalho de garimpagem, Cruz já acabou criando alguns problemas com os outros clubes.
"O Rodrigo [zagueiro que foi para a Ucrânia] foi uma aposta minha. O pessoal da Ponte acabou ficando bravo, mas ele veio ao São Paulo e deu muito certo."
Tendo como trunfo o bom trânsito que tem no futebol, a sensibilidade do auxiliar técnico são-paulino acabou sendo decisiva em muitas das contratações do clube. "O Luizão estava acertando com o Fluminense. Fiquei sabendo e o chamei para uma conversa. Falei que ele poderia se tratar aqui e depois jogar", conta ele.
Milton trabalha ainda como um psicólogo, e falou que muitas vezes funciona como um filtro para Autuori. "Quando um jogador está com problema, eu chego e converso. Só passo para o Autuori se o negócio for grave. mas o meu relacionamento é o melhor possível com eles", declarou o auxiliar.
Segundo o diretor de planejamento do São Paulo, João Paulo Jesus Lopes, o trabalho de Cruz rende muitos frutos para o clube.
"Ele tem uma rede de contatos muito grande. Muitos dos nossos jogadores foram levantados pelo trabalho dele", falou o dirigente.
No entanto, o fato de atuar fixamente no departamento de futebol, às vezes gera algum atrito quando chega um técnico novo.
"Cada treinador tem um jeito, um estilo. Eu procuro me adaptar e sempre ajudo. Não tenho vaidade de derrubar ninguém", comentou Milton Cruz, que hoje goza de grande prestígio com Paulo Autuori, mas teve o seu trabalho podado na passagem de Emerson Leão pelo time do Morumbi.
Num clube famoso por revelar valores para o exterior, Cruz também se orgulha por ter seu dedo nessa marca registrada do São Paulo. "Trabalhei com Kaká, Júlio Baptista, Jean, Edmílson e muitos outros. O gostoso é que eles estão sempre me ligando." (EDUARDO ARRUDA E TONI ASSIS)

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