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SUPERAMADOR/ CORRIDA
Rush atrapalha corredores de rua em seu habitat
Crescimento da quantidade de praticantes faz com que organizadores busquem solução para comportar demanda
Desde fevereiro, uma lei determina a cobrança de taxa para a CET por serviços prestados em eventos que usem vias em São Paulo
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ruas estreitas, trânsito intenso, taxas abusivas e crescimento da violência. Esta lista
de reclamações poderia vir de
qualquer morador de cidades
grandes. Mas, neste caso, quem
protesta é um número cada vez
maior de corredores de rua.
Por ser uma das modalidades
que mais adeptos vem reunindo, as corridas de rua em São
Paulo começam a buscar saídas
para atender a essa demanda
que cresce a passos largos.
Assim, quem já sofre com o
trânsito no horário de rush pena também com o tráfego durante as competições.
Em 2006, a previsão da Federação Paulista de Atletismo é
que 500 mil pessoas paguem
inscrição para participar de
corridas. A entidade calcula
que haverá 180 eventos desses
em todo o Estado neste ano.
E não entram nessa contabilidade as provas que não possuem o aval da federação.
São necessárias vias cada vez
mais largas para comportar essa multidão. "O fato é que as
corridas de rua não têm mais
para onde crescer em São Paulo", explica Renato José Elias,
diretor da JJS Eventos, uma
das principais promotoras.
"Em um evento que promovemos como o Troféu Cidade
de São Paulo [em 25 de janeiro]
pusemos 10 mil pessoas na rua
e outras 3.000 correram sem
número. Se fossem abertas 15
mil vagas é provável que também lotaríamos", acrescenta.
Boa parte das disputas acontecem na região do Ibirapuera
ou na USP, que não têm como
comportar um público maior.
"A Maratona de Revezamento do Pão de Açúcar teve de reduzir o número de inscritos de
30 mil para 22 mil porque as
ruas já não comportavam tanta
gente", comenta Antonio Fernandes, presidente da FPA.
Em outros países, eventos
badalados, como as maratonas
de Paris, Berlim e Boston, são
bem maiores. A Maratona de
Nova York, por exemplo, teve
36.856 inscritos em 2005. Para
isso, utiliza vias largas e praticamente pára a cidade.
"Para fazer algo parecido seria necessário o comprometimento da cidade inteira, com a
interdição das marginais, por
exemplo", diz Armando Cunha,
diretor-executivo da Corpore,
outra promotora de corridas.
Na federação, Fernandes
criou uma comissão para examinar o problema na qual fazem parte atletas, técnicos e representantes das promotoras.
A principal preocupação
atual é a taxa paga à Companhia
de Engenharia e Tráfego. Lei
implementada em fevereiro
determina a cobrança dos serviços da CET para eventos que
bloqueiem ruas por mais de
uma hora e isso inclui as provas
de rua. Só estão isentos aqueles
que comprovarem filantropia.
"Já houve corridas que ficaram inviáveis por causa disso",
conta Cristiano Barbosa, coordenador do Departamento de
Corridas de Rua da FPA.
Só a Maratona de São Paulo
pagou cerca de R$ 180 mil.
"Para trabalhar nas provas de
rua, é preciso fazer convocações extraordinárias de funcionários que teriam folga. Esse
custo tem que ser pago", diz
Eduardo Macabelli, superintendente de operações da CET.
Contrária à medida, a Corpore foi à Justiça. A Yescom, organizadora da Maratona de São
Paulo, é mais moderada.
"É preciso reembolsar a prefeitura pelo uso do espaço. Por
outro lado, entendo que eventos que trazem visibilidade à cidade deveriam ter critérios diferenciados", diz Thadeus Kassabian, diretor da empresa.
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