São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006

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SUPERAMADOR/ CORRIDA

Rush atrapalha corredores de rua em seu habitat

Crescimento da quantidade de praticantes faz com que organizadores busquem solução para comportar demanda

Desde fevereiro, uma lei determina a cobrança de taxa para a CET por serviços prestados em eventos que usem vias em São Paulo

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ruas estreitas, trânsito intenso, taxas abusivas e crescimento da violência. Esta lista de reclamações poderia vir de qualquer morador de cidades grandes. Mas, neste caso, quem protesta é um número cada vez maior de corredores de rua.
Por ser uma das modalidades que mais adeptos vem reunindo, as corridas de rua em São Paulo começam a buscar saídas para atender a essa demanda que cresce a passos largos.
Assim, quem já sofre com o trânsito no horário de rush pena também com o tráfego durante as competições.
Em 2006, a previsão da Federação Paulista de Atletismo é que 500 mil pessoas paguem inscrição para participar de corridas. A entidade calcula que haverá 180 eventos desses em todo o Estado neste ano.
E não entram nessa contabilidade as provas que não possuem o aval da federação.
São necessárias vias cada vez mais largas para comportar essa multidão. "O fato é que as corridas de rua não têm mais para onde crescer em São Paulo", explica Renato José Elias, diretor da JJS Eventos, uma das principais promotoras.
"Em um evento que promovemos como o Troféu Cidade de São Paulo [em 25 de janeiro] pusemos 10 mil pessoas na rua e outras 3.000 correram sem número. Se fossem abertas 15 mil vagas é provável que também lotaríamos", acrescenta.
Boa parte das disputas acontecem na região do Ibirapuera ou na USP, que não têm como comportar um público maior.
"A Maratona de Revezamento do Pão de Açúcar teve de reduzir o número de inscritos de 30 mil para 22 mil porque as ruas já não comportavam tanta gente", comenta Antonio Fernandes, presidente da FPA.
Em outros países, eventos badalados, como as maratonas de Paris, Berlim e Boston, são bem maiores. A Maratona de Nova York, por exemplo, teve 36.856 inscritos em 2005. Para isso, utiliza vias largas e praticamente pára a cidade.
"Para fazer algo parecido seria necessário o comprometimento da cidade inteira, com a interdição das marginais, por exemplo", diz Armando Cunha, diretor-executivo da Corpore, outra promotora de corridas.
Na federação, Fernandes criou uma comissão para examinar o problema na qual fazem parte atletas, técnicos e representantes das promotoras.
A principal preocupação atual é a taxa paga à Companhia de Engenharia e Tráfego. Lei implementada em fevereiro determina a cobrança dos serviços da CET para eventos que bloqueiem ruas por mais de uma hora e isso inclui as provas de rua. Só estão isentos aqueles que comprovarem filantropia.
"Já houve corridas que ficaram inviáveis por causa disso", conta Cristiano Barbosa, coordenador do Departamento de Corridas de Rua da FPA.
Só a Maratona de São Paulo pagou cerca de R$ 180 mil.
"Para trabalhar nas provas de rua, é preciso fazer convocações extraordinárias de funcionários que teriam folga. Esse custo tem que ser pago", diz Eduardo Macabelli, superintendente de operações da CET.
Contrária à medida, a Corpore foi à Justiça. A Yescom, organizadora da Maratona de São Paulo, é mais moderada.
"É preciso reembolsar a prefeitura pelo uso do espaço. Por outro lado, entendo que eventos que trazem visibilidade à cidade deveriam ter critérios diferenciados", diz Thadeus Kassabian, diretor da empresa.


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