Com ensaios proibidos, até evento promocional virou campo de prova

DE SÃO PAULO

Depois de ao menos duas equipes terem usado uma brecha do regulamento para realizar testes durante a temporada, representantes dos times de F-1 assinaram um documento no último final de semana, em Silverstone, para esclarecer as regras.
Usando como desculpa filmagens promocionais, Ferrari e Mercedes experimentaram partes novas em seus carros antes de levá-las para corridas -no caso da equipe italiana, a novidade testada foi um difusor e, no da Mercedes, uma cobertura de motor.
O problema é que, desde o ano passado, a FIA restringiu a quantidade de treinos para os times e baniu as sessões durante a disputa do Mundial, sempre visando economizar gastos. Apenas os testes aerodinâmicos, que são efetuados em linha reta, e os de pilotos jovens estavam liberados na temporada.
Foi justamente por isso que os representantes das escuderias se reuniram durante o GP da Inglaterra e firmaram uma espécie de pacto de cavalheiros para que estas "filmagens" sejam feitas apenas com componentes previamente usados nos carros.
"Pessoalmente eu não via nenhuma ambiguidade no regulamento, mas alguns achavam que sim", disse Martin Whitmarsh, chefe da McLaren, à revista inglesa "Autosport". "Mas isso é resultado de pressão. Quando as pessoas estão sob pressão, elas tentam encontrar alternativas", completou o dirigente, numa clara alfinetada em Ferrari e Mercedes.
As duas equipes vêm decepcionando até aqui no Mundial de F-1. Depois de dez etapas disputadas, a Ferrari ganhou apenas a corrida de abertura do campeonato e a Mercedes, que tirou Michael Schumacher da aposentadoria, não venceu.
Na classificação, a Ferrari aparece em terceiro, 113 pontos atrás da líder McLaren. A Mercedes vem em quarto, com 39 pontos a menos.
O acordo firmado no fim de semana passa a valer já.
"Agora ficou bem claro que se uma equipe está fazendo uma filmagem ou uma demonstração, precisa usar peças que já tenham sido usadas em corrida e tem de ser este o objetivo", completou Whitmarsh, que afirmou ter proibido que a McLaren usasse o expediente.
"Acredito que, se queremos a Fota [associação das equipes] unida, não devemos tentar levar vantagem."


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